Inseridos num mundo cada vez mais “barulhento”, em termos de informações, novidades e atualizações de diversos setores, e contando com a presença de uma infinidade de redes sociais, nos distanciamos cada vez mais da vivência do silêncio interior. Isso faz com que estejamos conectados com o mundo inteiro, mas cada vez mais desconexos de nós mesmos!
Estamos na era do “marketing”, que é positivo e necessário em muitos casos. Mas ele tem tomado tal proporção em nossas vidas, que “fazemos marketing de nós mesmos”, podendo chegar a excessos, e muitas vezes nos conduzindo a um vazio muito grande, além de outros prejuízos, pelo excesso de exposição, por exemplo.
É certo que há grande competitividade, e somos o tempo todo avaliados, especialmente no campo profissional. Mas… Você já experimentou buscar “SER mais do que os outros VEEM”?
A experiência do silêncio
É no “silêncio” (não necessariamente físico, mas interior) que nos encontramos com nossas verdades, e com o próprio Deus. Quando permanecemos nesse estado, surgem as maiores inspirações, as melhores decisões frente aos fatos da vida, é aqui que resgatamos a dignidade do nosso “Eu” diante do olhar de Deus!
Quando estamos “reconciliados” com esse olhar, que nos ama tal como somos, sentimos uma menor necessidade de “fazer alardes”, de querer chamar a atenção alheia, de nos justificarmos diante de incompreensões, muitas vezes tão simples, de querer provar, por exemplo, que partiu de nós uma ideia bem-sucedida num determinado ambiente de convívio.
Vejam: o nosso “proceder silencioso” parte de uma busca de interiorização e intimidade com Deus.
A Santíssima Virgem e o silêncio
Contemplemos o exemplo de Maria: esta sim soube cultivar o “SER mais do que os outros VEEM”. Tendo Deus como o centro de sua vida, viveu PARA Ele.
Essa mulher atraiu o olhar de Deus, dentre todas as outras mulheres, de todos os séculos e nações! Ela concebeu Jesus fisicamente, mas com isso também nos ensina a cultivá-Lo em nossos corações.
No silêncio, deixou que o Salvador do Mundo fosse tecido em seu ventre. E não se utilizou disso para ostentar a todos que era “Mãe do Rei”. Pelo contrário: aceitou ser fecundada pela ação do Espírito Santo, antes do Casamento, ciente de que poderia decepcionar José, a quem tanto amava! Ela sabia que, ao assumir o Plano de Deus, poderia ser incompreendida pelos seus conterrâneos. E mais ainda: que essa incompreensão poderia lhe custar a própria vida! Mas o que importava era agradar ao seu Senhor, em quem confiou com total abandono.
Sem alardes, correu para auxiliar Isabel, de idade e gravidez avançadas. Primeira Missionária a levar o Cristo, encontrava alegria em servir com Amor, só por Amor.
Pela sua característica discreta, conhecemos pouco sobre seus feitos e atuação, mas ao que tudo indica, viveu incansavelmente promovendo o bem, sempre atenta às necessidades alheias (como vemos nas Bodas de Caná). “Rainha dos Apóstolos”, foi Ela quem sustentou a Igreja nascente, quando todos pensavam em se dispersar, pelo medo e insegurança, quando tudo parecia ter se acabado com a morte de Jesus. Sempre foi e sempre será guardiã de nossa fé! Maria, “Porta do Céu”, que nos conduz à esperança de ressuscitar também!
Chamados a levar Cristo ao mundo
Assim como Ela, somos convidados a contagiar o mundo com a presença de Cristo.
No silêncio fecundo, grandes transformações podem ser promovidas. Refiro-me ao silêncio no sentido oposto ao “alarde” (quando o apego à nossa autoimagem entra em cena).
No nosso dia a dia, temos diversas oportunidades de semear o reino dos céus, através do amor a Deus e aos demais, em meio aos nossos afazeres quotidianos.
Experimente cultivar bons segredos entre você e Deus! Coisas belas, que outros não percebem. Isso nos ajuda a viver mais PARA Ele, a exemplo de nossa Mãe e Mestra.
Luiza Torres
Discípula da Comunidade Católica Pantokrator
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