Hoje em dia se fala muito em doação, assim como em amor e gratidão. São palavras que estão em alta e “na moda”. Se fizermos uma pesquisa no Google, certamente, encontraremos centenas de resultados para o termo doação, mas será que já descobrimos o verdadeiro significado e sentido da vivência da DOAÇÃO?
Só é possível doar aquilo que se tem
Antes de tudo, é preciso possuir. Se estivermos vazios, nada conseguiremos doar. É necessário estarmos plenos e saciados para que a verdadeira doação aconteça. A única fonte capaz de nos saciar é o próprio Deus e a ela temos acesso através de Jesus, que disse à Samaritana no Evangelho de São João: “mas o que beber da água que eu lhe der jamais terá sede” (Jo 4,14). Somente o Amor Infinito e Incondicional de Deus preenche e plenifica nossos corações sedentos.
É a partir da saciedade dos nossos corações em Deus que a doação surge e encontra sentido. É o mover do Amor de Deus em nós que transborda em doação. Assim aconteceu com Maria após a Anunciação, plena do Espírito Santo e do Amor Divino, não se conteve em si e foi às pressas ao encontro de sua prima Isabel. Quando estamos saciados em Deus, esse movimento de amar e doar-se brota naturalmente em nossos corações. É o Amor Divino que enche nossos corações e transborda. Dessa forma, nossos gestos de doação não se limitam a assistencialismo ou filantropia, mas tornam-se, em Deus, Salvação e Amor Divino que saciam e preenchem o nosso próximo em sua totalidade.
A verdadeira doação também é livre e não espera recompensas. Saciados em Deus, somos livres do amor e do reconhecimento das pessoas. Se estivermos plenos do Amor Divino, não há porque nos sentirmos lesados se alguém demostrar ingratidão diante de um gesto de caridade realizado. Se estivermos conscientes de que o movimento de dar-se é uma resposta ao Amor de Deus, através do nosso próximo, somos capazes de amar livremente, sem cobranças.
O dom de si
Deus nos convida ao dom de si, a doar-nos a nós mesmos livremente como Cristo fez e faz a cada um de nós. A doação aqui já não se limita a gestos, mas é uma decisão de abertura total e disposição a todos. É entrega de vida para amar e deixar-se ser amado. Nessa vivência doada, descobriremos o real sentido da vida e a alegria plena, pois “há maior felicidade em dar do que em receber”. (At 20,35)
Adriane Luz
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator