Hoje te convido a uma viagem especial, descalce os sapatos e deixe-se levar na estrada das palavras desta breve reflexão. Imagine que seus pés caminham de forma suave pelas páginas de um grande livro aberto e que, ao observar o título que se repete no topo de todas as páginas, encontre seu nome ao lado do nome de Deus: “História de amor entre ‘você’ e Deus”.
De imediato, você pode achar estranho e um pouco piegas, mas conforme vai dando passos, letras vão sendo escritas como pegadas logo abaixo de seus pés e você percebe a responsabilidade que isso traz.
Nesse livro só há dois protagonistas: você e Deus, porém você é o personagem principal, pois são seus passos que estão marcados nas páginas.
É sua responsabilidade escrever essa história.
É a história de um Amor infinito que te criou, te fez existir para ser feliz ao Seu lado e te semeou na terra para te dar a liberdade de amá-LO de volta, planejou seu encontro, sonhou com seu sorriso e coração entregue a Ele e, para isso, fez o impensável: Se entregou primeiro!
Sim, você é um livro ilustrado. Nele há figuras fixas e outras que você vai pintando ao longo das páginas. Têm uma Aliança, uma Cruz, seu nome escrito num coração transpassado.
Há ali também a figura da Arca da Aliança, um ícone da Ressurreição e uma porta estreita, aberta e cheia de luz.
Há a liberdade de páginas e espaços em branco.
Escrever essa história sempre foi sua responsabilidade e você possui graça suficiente para isso. Nunca foi dado a outros escreverem por você, mas talvez haja palavras que outros te tenham ditado. Isso também é escolha sua, o livro é seu, o livro é você.
O livro é você.
Não somos vítimas da vida, não nos enganemos, somos protagonistas da nossa história e ela será fruto das nossas escolhas conscientes ou não.
Será que nossos passos estão coerentes ao título do livro? O que andamos escrevendo nele? Não há borracha para apagar más escolhas, mas há a graça que conserta o curso das letras. Deus pode transformar qualquer situação.
Sim, há realidades que não podemos mudar, mas podemos mudar nossas palavras a respeito delas, podemos escrever palavras melhores sobre elas. Deixar pegadas que imprimam em nossas páginas aquilo que desejamos: paz, amor, liberdade, verdade…
Cuidemos das palavras, pois elas regem. Regem nossos pensamentos, sentimentos, percepções, intenções, comportamentos… regem nossa vida. Quanto mais as reforçamos, mais elas marcam nossas páginas. O que temos lido em nós?
Deus já nos deu páginas escritas nas quais podemos pisar em segurança e chegar às próximas sem medo de nos perder na confusão das letras que nos querem confundir, que mentem para nós. Em quais palavras temos acreditado? Elas são verdadeiras?
“Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6).
Temos escrito palavras de derrota, quando “em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude Daquele que nos amou.”? (Rm 8,37)
Escrevemos palavras de doença, enquanto: “ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou nossos sofrimentos, fomos curados graças às suas chagas.”? (Conf. Is 53,4-5)
E tantas outras palavras… qual a situação que você precisa mudar em sua vida? Certamente há uma palavra de Deus para ela e cabe a você escrevê-la ou não. Cabe refletirmos em qual espírito temos escrito nossa história e como queremos continua-la escrevendo.
O importante é que tomemos as rédeas de nossas vidas na confiança de que Deus está conosco. Ele está conosco, mas não faz o que só nós devemos fazer, não dá as repostas que só nós precisamos dar, não resolve o que nos confiou para resolver.
Precisamos parar de culpar os outros pelas nossas más escolhas, assumi-las com responsabilidade, não para permanecermos na culpa, mas para sairmos dela e termos a vida em abundância que Jesus veio nos trazer e colocou ao nosso alcance!
A felicidade é uma escolha.
Sim, a felicidade é uma escolha, porém enquanto a infelicidade tiver alguma “utilidade” para nós, nos acomodaremos nela.
Muitas vezes, ficamos acomodados em situações difíceis porque aprendemos a lidar com elas e elas nos dão certas seguranças, ficamos apegados às velhas palavras que repetimos para nos justificar e não tomamos ânimo de muda-las, pois preferimos colher seus “benefícios”.
Precisamos romper com esse ciclo que nos mantém cativos e tomarmos a coragem e a decisão de sermos felizes para efetivamente darmos os passos necessários para que a felicidade seja escrita em nosso livro.
Deixo para finalizar esta reflexão um poema de Madre Tereza de Calcutá, que encerra por hora nossa viagem, mas pode deixar rastros em nossas páginas, caso escolhamos escrevê-las em nós:
“Muitas vezes as pessoas são: egocêntricas, ilógicas e insensatas,
Perdoe-as assim mesmo.
Se você é gentil, as pessoas podem acusá-la de egoísta e interesseira,
Seja gentil assim mesmo.
Se você é uma vencedora, terá alguns falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros,
Vença assim mesmo.
Se você é honesta e franca, as pessoas podem enganá-la,
Seja honesta e franca assim mesmo.
O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora para outra,
Construa assim mesmo.
Se você tem paz e é feliz, as pessoas podem sentir inveja,
Seja feliz assim mesmo.
O bem que você faz hoje pode ser esquecido amanhã,
Faça o bem assim mesmo.
Dê ao mundo o melhor de você, mas isto pode nunca ser o bastante,
Dê o melhor de si assim mesmo.
Veja você que o encontro no final das contas foi sempre entre você e Deus,
E nunca entre você e as outras pessoas”.
Rosana Vitachi
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator