“Mais uma vez vos digo: o Brasil precisa de santos, de muitos santos! A santidade é a prova mais clara, mais convincente da vitalidade da Igreja em todos os tempos e em todos os lugares.” 1
Foram essas as palavras de São João Paulo II em sua vinda ao Brasil por ocasião da beatificação de Madre Paulina, em 1991. Essas palavras, mais do que nunca, estão a ressoar sobre esta nação, pois foi uma palavra de ordem de um santo, um profeta.
Afinal, o que é a santidade? Santidade é a união íntima com Deus, é opor-se ao pecado que é tudo o que nos separa de Deus e nos afasta da amizade com Ele.
Ser santo é participar dessa vida divina recebendo uma centelha dessa vida em nós e inflamando outros a viverem também essa profunda amizade com o Senhor.
Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Ts 4, 3)
São Paulo, na carta aos Tessalonicenses, vai ensinar aquela comunidade a viver da maneira que agrada a Deus, ou seja, não basta aderir somente pela razão e ter fé, é necessário que essa fé ganhe “carne” e toque a maneira de viver de cada um dos fiéis, daqueles que receberam o batismo e foram introduzidos no corpo de Cristo que é a Igreja. Para isso, São Paulo vai admoestando, ensinando como viver cada uma das realidades, porém ele fala também que “ tendo ouvido de nós como deveis viver para agradar a Deus, e assim já viveis: todavia, deveis ainda progredir.”2
Progredir aqui significa ir avançando, crescendo na vida com Deus, amadurecendo a amizade com Ele até ser transformado nEle e essa transformação é o que todo cristão deve buscar nesta terra, porque isso é a vontade de Deus a nosso respeito, isso é santidade.
O Brasil precisa de santos!
Sim, nossa terra precisa de santos! E entre nós já temos descoberto tantos que no silêncio dos anos viveram uma vida inteira de entrega e fidelidade a Deus em tantas realidades de vida diferentes. Não podemos apenas admirar, mas querer imitar as virtudes, pois seus corações foram abrasados de amor por Deus. Como precisamos ser abrasados também! A santidade não se conquista num passe de mágica, conquista-se com muita oração e cruz.
“Esta santidade, faz que cada cristão deva ser Cristo presente entre os homens, lembra-nos que existe “um povo que nasce apenas de Deus e se orienta para Ele; … os cidadãos desse povo devem caminhar na terra, mas como cidadãos do céu, com o coração enraizado em Deus, através da oração e da contemplação. Esta atitude não significa fuga do terreno, e sim condição para uma entrega fecunda aos homens. Porque quem não aprendeu a adorar a vontade do Pai, no silêncio da oração, dificilmente conseguirá fazê-lo quando sua condição de irmão lhe pedir renúncia, dor ou humilhação”.3
Deus sempre suscita homens e mulheres nesta terra que sejam testemunhas de Seu amor e de Seu Poder, nenhuma geração foi desamparada, porém é necessário anunciar a Palavra de Deus para que cada vez mais homens e mulheres, jovens e crianças sejam alcançados pela vida de Deus, para que sejam alcançados pela salvação que recebemos em Jesus. É necessário que saiamos de nossas preguiças, de nossos comodismos, é necessário voltar a olhar para aqueles que estão à nossa volta e que perderam o sentido de viver, que estão se entregando ao dinheiro, ao prazer e a tantos deuses que lhes são oferecidos como meio de encontrarem a felicidade.
A Santidade é a prova mais clara da vitalidade da Igreja
Os santos e as santas sempre foram fonte e origem de renovação nas circunstâncias mais difíceis da história da Igreja.” 4
Podemos ver na vida de tantos homens e mulheres que diante de situações de guerra, fome, perseguições e tragédias das mais variadas, souberam dar uma resposta de amor e fidelidade a Deus, desse modo, aumentavam o número daqueles que eram tocados pelo testemunho desses irmãos. Olhemos para o próprio Karol Woytila que ainda menino perdeu a mãe e aos vinte já tinha perdido todos de sua família: mãe, pai e irmãos. Diante dessa realidade, a resposta dele poderia ter sido tantas, entretanto, mesmo ante os sofrimentos e as condições sociais que seu país atravessava em meio à guerra, Karol buscou descobrir a vontade de Deus, buscou progredir em seu amor a Deus, e na fidelidade, foi sendo construída aquela santidade de vida que para os olhares humanos poderiam até passar despercebidos. Através dessa vida, a Igreja pôde receber um sacerdote fiel e mais tarde, um Santo Padre, São João Paulo II! E quantos até hoje sentem o perfume dessa santidade de vida e de tantos outros que se entregaram a Deus.
Mais do que nunca, hoje nosso país precisa muito de santos, esse apelo vem do próprio Deus. Uma santidade que toque a vida cotidiana, os sofrimentos mais escondidos da mãe e do pai de família, aquela santidade de vida vivida por jovens que têm a coragem de continuar sendo fiéis a Deus mesmo quando perdem as honras e amizades deste mundo, mesmo quando lhes custa a imagem e ainda assim buscam se unir ao seu amado, Jesus, homens e mulheres, jovens e crianças santas, eis o que precisamos hoje!
Peça ao Espírito Santo que sopre sobre em seu coração esse sopro de vida que santifica tudo o que toca, que vivifica a alma, que fez com que tantos homens dessem a vida por amor ao evangelho, que souberam viver o louvor em meio às provas, que adoraram somente a Deus e se recusaram a se prostrar diante deste mundo. Homens e mulheres que tenham o coração enraizados no céu e saibam conduzir outros para lá também.
Que assim seja!
São João Paulo II, rogai por nós.
- Homilia Papa S. João Paulo II por ocasião da beatificação de Madre Paulina, 1991;
- I Tes, 4,2
- Homilia S. João Paulo II
- Catecismo da Igreja Católica 828
Que o exemplo de Madre Paulina possa inspirar a todos uma resposta decidida, generosa, ao chamado de Cristo à santidade! Confio à proteção materna da Virgem Maria, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora do Desterro como A venerais aqui em Florianópolis, o presente e o futuro da Igreja no Brasil. Ela precisa, hoje, mais do que nunca, de santos!
Aparecida Oliveira
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator