Não sinto vontade de orar, e agora?

A oração é um meio muito eficaz de encontrar a Deus e fazer-se amigo Dele. Deve ser um pilar que sustenta a fé de todo cristão que quer viver com radicalidade seu chamado de ser filho de Deus. Não há como crescer espiritualmente sem essa conversa com Aquele que é o sentido de tudo, um diálogo onde nos aprofundamos no conhecimento de Deus e ouvimos Sua vontade em nossas vidas. Devemos almejar uma vida de oração consistente que não está baseada na vontade mas na decisão de ser íntimo e apaixonado por Cristo. 

Por que não tenho vontade de rezar? 

Os afazeres e exterioridades do mundo tentam a todo momento nos tirar da presença de Deus. Talvez você já tenha se colocado para rezar e sua mente começou a pensar naquilo que deveria fazer ou em outras tantas coisas, menos naquilo que estava rezando. Nós somos assim, muitos santos experimentaram essa dispersão enquanto rezavam, o exercício de se calar, de tranquilizar a mente e o coração é extremamente difícil quando se tem tantas situações que nos tiram a calma. Por isso é necessário o exercício da oração mesmo sem a concentração necessária. Há de se considerar também que há uma batalha espiritual que é travada a todo momento quando nos colocamos na presença de Deus. O inimigo tenta com todas as forças tirar as graças que alcançamos através da oração feita com o coração. 

Sabendo de tudo isso, nos resta tomar uma firme decisão de rezar mesmo quando não se tem vontade, de falar ao Todo Poderoso, que tem a capacidade de realizar aquilo que achamos impossível. Santa Teresa D’Ávila nos ensina com a história abaixo que devemos sempre rezar.

“Santa Teresa, sabendo da sua pouca vontade de adorar a Jesus naquele dia, pediu às suas irmãs que trancassem a porta da capela pelo lado de fora e que só abrissem quando tivesse passado uma hora. Assim o fizeram. A Santa sem nenhuma vontade de rezar, começou a contar os tijolos da capela, um por um.

Terminada então a sua hora de adoração, as irmãs abriram a porta da capela e ela saiu. Alguns dias depois, Santa Teresa percebeu que sua aridez espiritual havia cessado e uma enorme paixão pelo seu Divino Esposo havia tomado conta do seu coração. Ela naquele dia foi adorar a Jesus com um amor que nunca havia sentido antes. Em um determinado momento de sua adoração, a Santa apaixonada interrogou Jesus dizendo: “Meu doce Jesus, qual foi o dia que Tu mais me amaste?”. Ela ouviu imediatamente a resposta de Jesus: “Teresa, o dia que eu mais te amei, foi aquele dia em que tu não querias me adorar, mas só para permanecer na minha presença, ficastes contando os tijolos da capela.” (1)

O Senhor nos conhece, muito mais que nós mesmos, e cada esforço, cada sacrifício para estar com Deus alegra seu coração. Se inspire na história de Teresa! Mesmo sem forças, mesmo sem vontade, mesmo que você ache que não está rezando bem ou não está sentindo nada, simplesmente reze. Confiar sempre nos nossos sentidos não é a melhor forma de nos relacionarmos com Deus, os sentidos por vezes nos enganam. Quem já não escutou a história da garota que está perdidamente apaixonada que depois de algum tempo descobre que seu príncipe encantado não é a pessoa que sonhou pois a paixão não permitiu ver a verdade. É muito bom quando, ao orar, sentimos algo diferente, um prazer, uma satisfação que pode até se manifestar no corpo (arrepios, coração batendo mais forte,…) mas isto nem sempre é o normal. 

Vida de Oração

Vida de oração é um conceito muito mais abrangente do que a maioria dos católicos pensam, não é apenas rezar o santo terço, apesar de ser uma linda e necessária devoção para nós católicos. Vida de oração vai além: é em todos os momentos do seu dia estar em contato com Deus. Podemos rezar em casa, no transporte, no trabalho, a oração pode ser silenciosa ou em voz alta, pode ter um roteiro ou pode ser uma oração espontânea, podemos também rezar com a palavra, com uma pregação ou com qualquer outro livro de devoção. Não podemos nos esquecer que a escuta é uma parte importante da oração. Deus fala e nós, seus servos, precisamos estar atentos à Sua vontade.

Outro aspecto que ajuda a frutificar a oração é planejar suas atividades e reservar um local e um horário para a oração. Frei Jorge da Paz, um grande frade, sempre dizia: “Quanto tempo estamos dedicando a encontrar com Deus durante nosso dia? Irmãos, é necessário doar a Deus o dízimo do seu tempo!” Quando somos íntimos de alguém queremos passar um bom tempo do nosso dia com essa pessoa.

Quanto mais conhecemos alguém mais a amamos e por isso queremos estar perto dessa pessoa, aproveitar sua presença, conversar com ela, abraçá-la, ter laços de intimidade. É justamente isso que a oração provoca em nós: a intimidade com Deus. Que nos esforcemos para conseguir alcançar essa união com Deus.

Santa Teresa D’Ávila,

Rogai por nós.

Raul Cézar Aparecido dos Santos Cid
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator

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