O mundo em que hoje vivemos nos pede uma postura tantas vezes acelerada.
Somos expostos a tantas exigências, possibilidades, opções, prazos e cobranças que tornam o nosso coração inquieto.
Para onde ir? O que escolher? Como saber o que é melhor para mim? Tenho que produzir, tenho que ser alguém, tenho que sustentar minha família… São tantos questionamentos válidos que nos fazem viver ligado no famoso “piloto automático”, e com isso, somos levados a viver conforme o mundo nos conduz.
Confusos e sem perceber, começamos a absorver esses valores efêmeros e transitórios, com os olhos voltados apenas para os bens e alegrias passageiras desta terra. Desse modo, nosso coração fica cada vez mais inquieto e infeliz porque somos filhos de Deus e não fomos criados para viver como o mundo prega. Nada nos preenche como Deus!
Somos feitos para altos voos, para a felicidade plena e duradoura, para a magnanimidade que só Deus nos pode dar. Tudo isso está escondido em Deus e somente encontraremos e poderemos tomar posse deles quando estivermos unidos a Ele. E pode ser já, aqui nesta terra. Somente em Deus o nosso coração deixará de ser inquieto e encontrará a paz duradoura do Amor. Somente com o coração ancorado em Deus a vida da graça nos é concedida, para isso, é preciso tirar os olhos deste mundo para viver com os olhos voltados para o céu. Radicalmente e imediatamente para que não sejamos mais confundidos.
Cristo foi claro quando disse: “Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Que servirá a um homem ganhar o mundo inteiro se vem a prejudicar a sua vida?” (Mateus 16, 24.26)
Essa palavra é antiga e nova e continua a ecoar nos dias de hoje em nossa vida em pleno século XXI. É uma palavra de urgência! Onde está a vida plena? Acaso não está em Deus? Se desejar a vida plena, é apenas em Deus que a encontraremos e não em meio às seduções do mundo. Como é dura essa palavra, porém, libertadora! É nela que o coração inquieto do homem se cura!
Essa mudança radical de vida nos aproxima da santidade, impulsiona-nos na busca pelo Senhor e a fazê-lO amado como o mais importante, pois todas as outras coisas nos serão dadas em acréscimo (cf. Mateus 6, 33).
Podemos ver claramente essa obra de conversão na vida de Santo Agostinho descrita por ele mesmo no poema, “Tarde te amei”:
“Eu era inquieto, alguém que buscava a felicidade, buscava algo que não achava… Durante os anos de minha juventude, pus meu coração em coisas exteriores que só faziam me afastar cada vez mais d’Aquele a Quem meu coração, sem saber, desejava… Eis que estavas dentro e eu fora!
Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. Chamaste, clamaste por mim e rompeste a minha surdez. Tarde te amei, beleza antiga e tão nova!”
Santo Agostinho nos ensina a necessidade de silenciar para ouvir a voz de Deus gritando dentro de nós, tantas vezes abafada pelos barulhos do mundo. Ensina que a nossa verdadeira felicidade mora em Deus e que precisamos urgentemente deixar com que Sua voz rompa a nossa surdez.
Ele nos chama!
Deus abençoe você!
Luciana dos Santos Ronqui
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator