Em Mateus 9, vemos o relato do paralítico que foi levado a Jesus. E por reconhecer a fé daqueles homens, Jesus diz: “Coragem, filho, teus pecados estão perdoados.” Neste episódio, o Senhor claramente sobrepõe o perdão do pecado à cura física daquele homem. E por quê?
Em primeiro lugar, é preciso ter uma consciência clara do que o pecado causa em nós. O pecado é certamente uma doença da alma. É pelo pecado que o demônio escraviza o homem. Isto porque o pecado nos priva de Deus, nos afasta, rompe a amizade e a graça que recebemos do nosso Senhor. E assim, cegos, caminhamos sozinhos e à mercê das próprias fraquezas.
É importante também nos lembrarmos de que todo o mal na história da humanidade é consequência do pecado, partindo de Adão: “… como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo o gênero humano, porque todos pecaram…” (Romanos 5, 12).
E agora? Seremos subjugados pelo pecado?
Não! Precisamos nos lembrar de que, se ”pelo pecado de um só a condenação se estendeu a todos os homens, assim por um único ato de justiça recebem todos os homens a justificação que dá a vida.” (Rom 5, 18). Desta forma, “toda a razão de ser da encarnação do Verbo foi para destruir, na sua carne, a escravidão do pecado”¹. Já fomos justificados por Cristo na cruz.
No entanto, não podemos nos enganar pensando que, já que Cristo morreu por nossos pecados, não precisamos mais nos confessar. A confissão dos pecados não é uma necessidade de Deus. O Senhor Onipotente não precisa do nosso arrependimento. Esse movimento é necessidade nossa.
O reconhecimento, a busca pelo sacramento, a humilhação em saber-se fraco e dependente, nos leva à conversão, nos aproxima de Deus, reata a nossa amizade. E isso é essencial ao homem. Sendo assim, o sacramento da confissão é um presente deixado por Jesus. Ao podermos nos reconciliar com o Senhor, nossa alma é curada e banhada de uma graça nova.
Por que buscar um sacerdote?
Muitos questionam a necessidade de confessar os pecados a um padre. Mais uma vez, a Palavra vem nos auxiliar neste sentido. Em João 20, 23, após a ressurreição, Jesus aparece aos discípulos para dizer-lhes: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, lhes serão perdoados; a quem os retiverdes, lhes serão retidos”. A partir desta palavra, Nosso Senhor confia aos seus Apóstolos a continuidade da sua missão. Missão esta que até hoje é exercida pela Igreja, através de seus sacerdotes, os quais, tendo sido ungidos por Deus para este fim, agem como instrumentos de Cristo no plano da salvação das almas.
O sacramento da confissão deve ser para nós como um bálsamo de graça e esperança. Recordemo-nos sempre que “onde abundou o pecado, superabundou a graça.” (Rom 5, 20). A busca pela confissão deve ser constante, assim como nossa busca por Deus. Tal qual a eucaristia, a confissão nos alimenta, nos sustenta, nos impulsiona.
Deus os abençoe!
¹ Aquino, Felipe – Pecado, A doença da alma – em www.cleofas.com.br
Vanessa Cícera
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator