Como uma onda no mar

COMO UMA ONDA NO MAR

Quantas vezes você começou a fazer uma dieta e parou sem completar um mês na alimentação saudável? Começou a fazer uma atividade física e desistiu? Projetou planos ao longo de um período, mas sem sucesso? Quantas vezes já parou um projeto ou propósito no meio do caminho? Eu já! Muitas vezes.

Assim como as ondas do mar, somos inconstantes. Vivemos em um ciclo de altos e baixos. Avançamos, retrocedemos ou recuamos conforme as circunstâncias acontecem. A verdade é que estamos sempre buscando por aquilo que é mais agradável a nós. Confortavelmente, invertemos nossa busca e inventamos outros propósitos. Quando surgem as necessidades, os obstáculos, as provações, quando a “maré está alta”, o primeiro movimento mais natural é fugirmos, recuarmos ou desistirmos. 

A inconstância é uma armadilha que nos impede de evoluirmos, crescermos, de colher os frutos da persistência. A persistência é um dos segredos das pessoas que estão em contínuo crescimento em suas vidas, que não se abalam com as adversidades, mas enxergam como oportunidades para a sua evolução. 

Em nossa trajetória com Deus não é incomum esses altos e baixos, ou seja, muitas vezes as circunstâncias que acontecem em nossas vidas é que irá determinar a nossa fé. Algumas vezes vamos nos pegar em situações que parece que Deus não está mais conosco e isso enfraquece a nossa fé. Assim, também teremos situações em que coisas que nem sequer esperávamos acontecem sem qualquer explicação possível e daí parece que Deus está agindo novamente.

Deus nos chamou para a constância 

Um dos maiores indícios de que você é inconstante está no seu relacionamento com Deus. Quer ser constante? Dedique tempo para estar na presença do Senhor, busque conhecê-lO e amá-lO, independente daquilo que Ele lhe chama a viver. Nos momentos de tribulações, acolha como oportunidades de conversão e de algo muito maior que Ele tem e deseja para a sua vida. Se formos constantes na oração, na intimidade com Jesus, seremos constantes em tudo. 

A palavra do Senhor nos exorta: “Mas peça-a com fé, sem nenhuma vacilação, porque o homem que vacila assemelha-se à onda do mar, levantada pelo vento e agitada de um lado para o outro. Não pense, portanto, tal homem que alcançará alguma coisa do Senhor, pois é um homem irresoluto, inconstante em todo o seu proceder”. Tiago 1, 6-8

A pessoa inconstante não agrada o coração de Deus. Tiago destaca nessa passagem que os inconstantes, assim como as ondas do mar, são levados de um lado para o outro, por isso têm a conduta reprovada. A inconstância mata o crescimento. E na fé suas consequências são ainda maiores, pois age como veneno no corpo que pode permear todas as áreas da vida da pessoa e a impede de viver as medidas sonhadas por Deus para a sua história. 

Chaves da constância

O Salmo 119 é uma preciosidade e traz inúmeros ensinamentos sobre a constância e temas relacionados. A palavra nos diz: “Dispus o meu coração para cumprir os teus decretos até o fim. Tu és o meu abrigo e o meu escudo; e na tua palavra depositei a minha esperança.” Salmos 119, 112-114

Baseados nos versículos 112 a 114, trago quatro chaves para lhe ajudar a ser mais constante: 

    1. Decisão: o texto revela que o salmista dispôs o coração. O verbo “dispor” nesse contexto indica uma decisão. É preciso uma firme decisão, como nos ensina Santa Teresa D’Ávila. Ela compreendeu a importância da determinação em sua vida espiritual. Santa Teresa escreveu: “Importa muito, e acima de tudo, uma grande e muito determinada determinação (…) venha o que vier, suceda o que suceder, custe o que custar, murmure quem murmurar, ainda que se morra pelo caminho e ainda que o mundo venha abaixo” (Caminho de Perfeição, 21).  
    2. Consistência: a consistência fala de firmeza, de resistência e de coerência. O salmista retrata no versículo 112 a expressão “cumprir teus decretos até o fim”. Isso indica consistência na decisão.
    3. Abrigo: as ondas da vida ficaram agitadas, turbulentas? Quando sabemos que temos um abrigo seguro nosso coração não é afligido. Se bem entendermos o que o salmista está dizendo bem aqui: “Tu és o meu abrigo e o meu escudo”. Se você quer caminhar com mais firmeza e coerência com sua fé, em momentos de tempestades não busque refúgio em abrigos perigosos e incorretos, refugia-se no Senhor. 4
    4. Esperança: a esperança aquece o nosso coração, nos traz paz e conforto para a alma. O salmista sabe em quem confia a sua esperança. É impossível não ser constante quando se confia plenamente em Deus. A minha e a sua esperança deve estar alicerçada na palavra, nas promessas de Deus e não nas circunstâncias.

Que possamos ser constantes em nosso relacionamento com o Senhor dedicando a nossa vida a Ele. Nossas emoções e sentimentos podem até ser flutuantes como as ondas do mar, mas a busca pela intimidade e relacionamento com o nosso Senhor não. 

Que Deus abençoe você. 

Érika Tartari
Discípula na Comunidade Católica Pantokrator 

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