Se alguém perguntasse a você agora: “Quais são as suas virtudes?”, o que você responderia? Conheço algumas pessoas que teriam uma lista animada, mas a maioria diria algo como “não posso começar pelos defeitos, não?”. É… não é fácil desenvolver virtudes… reconhecer que as temos, então…
Existem as virtudes teologais – fé, esperança e caridade – que nós recebemos de Deus no nosso batismo, e também as virtudes humanas, as principais, chamadas de “virtudes cardeais”: prudência, justiça, temperança e fortaleza.
“A virtude é uma disposição habitual e firme para fazer o bem.” (CIC, 1803), portanto não adianta fazer uma coisa boa umas poucas vezes, é preciso fazer isso sempre para que se torne uma virtude, assim se tornará um hábito. Já os vícios, ao contrário, são uma disposição para o mal e eles “podem ser classificados segundo as virtudes que contrariam, ou ainda ligados aos pecados capitais que a experiência cristã distinguiu, seguindo São João Cassiano e São Gregório Magno. São chamados capitais porque geram outros pecados, outros vícios. São o orgulho, a avareza, a inveja, a ira, a impureza (luxúria), a gula, a preguiça ou acídia” (Catecismo da Igreja Católica § 1866).
É preciso que se diga que, da mesma forma que as virtudes, para que se instalem, os vícios requerem uma constância, conforme nos ensina também o Catecismo: “A repetição dos pecados, mesmo veniais, produz os vícios, entre os quais avultam os pecados capitais” (§ 1876).
Isso significa que temos uma longa batalha pela frente! É preciso que nossa inteligência e nossa vontade estejam dispostas e determinadas a seguir buscando transformar os vícios em virtudes. Para isso é preciso esforço, suor, lágrima, sorrisos, tentativas, erros, acertos, crescimento, superação, transformação!
Vícios e virtudes são como os lados de uma gangorra. De um lado, inclinações para o mal; de outro, inclinações para o bem. Comanda a brincadeira aquele que é mais forte. Mas aqui a “brincadeira” é coisa séria, é batalha! E nela não podemos chegar desarmados! Qual um cavaleiro medieval, vamos a campo com espada e escudo. Nossa espada, a penitência, por meio da qual “atacamos” o pecado que já cometemos, reconhecendo-o, arrependemo-nos de tê-lo cometido, confessando para nos reconciliar com Deus e reparando o mal que causamos a outros, sempre que possível. Já o nosso escudo é a mortificação, que nos ajuda a prevenir quedas futuras, educando nosso corpo e nosso espírito para o bom, o belo e o verdadeiro, desenvolvendo, assim, as virtudes.
Para o pecado que já cometemos, penitência. Para evitar que pequemos novamente, mortificação.
É importante que falemos de nossas lutas para transformar nossos vícios em virtudes, sobretudo para aqueles que convivem conosco. E que peçamos ajuda. Ninguém se torna virtuoso sozinho. Ninguém chega ao céu sozinho. Talvez depois de uma, duas, dez, cem quedas, não sejamos tão admirados pelas pessoas conhecidas e desconhecidas, mas certamente depois de duas, dez, cem novas tentativas, pedidos de ajuda e um coração sincero e disposto a crescer, estaremos mais abertos para amar e sermos amados, sobretudo pelas pessoas mais próximas.
O vício – o pecado – não nos torna irracionais, ainda que muitas vezes nos percamos do caminho de Deus, afastando-nos da graça. Isso significa que podemos dar um basta! Podemos dizer “não”, rompendo com o pecado e nos dispondo a transformar os nossos vícios em virtudes. E aqui nos socorre uma virtude, a fortaleza, que nos leva à determinação para seguir em frente nesse bom propósito. No entanto, para dar essa guinada, é preciso de uma motivação. Qual seria (ou será) a sua?
Jesus mesmo nos fala sobre o desenvolvimento do potencial que recebemos do Pai através da Parábola dos Talentos (cf. Mt 25, 14 – 30), em que os funcionários, motivados pela confiança depositada neles pelo patrão, se lançam nas iniciativas para fazer render os talentos recebidos, exceto um, que fica com medo… medo ou preguiça? Faltou-lhe a prudência. Tendo o patrão confiado a ele uma tarefa, deveria ter feito o seu melhor, para que, sendo fiel à sua responsabilidade, ao menos não fosse repreendido.
Quanto você tem desenvolvido os seus talentos, transformando os vícios que habitam o seu coração em virtudes que te aproximam de Deus e do próximo? Quanto você tem tentado fazer isso?
É fundamental que nós e os outros vejamos na nossa vida nossos vícios, a gula e a avareza, por exemplo, transformados em virtudes – no caso, temperança e generosidade (que deriva da justiça) – mas não podemos desprezar nenhum passo, ainda que pequeno. É preciso caminhar. E o primeiro passo pode estar muito longe do destino final; porém, já não é o ponto de onde se partiu. Esse processo todo requer muitas renúncias e cada renúncia feita a um vício que temos é um “sim” à virtude que queremos ter. E cá estou eu com mais um paradoxo, como não podia deixar de ser. A renúncia que, aparentemente, é um “não fazer” algo, na verdade é um “SIM” à vida plena que Jesus veio para nos dar: “Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância” (Jo 10, 10). Nós somos essas ovelhas, buscadas e sustentadas pelo Bom Pastor, mas dotados de liberdade, temos nossos passos a trilhar. É preciso pôr-se a caminho!
É… Este foi um texto de muitas perguntas; porém, apenas duas são perguntas fundamentalmente necessárias: Estamos dispostos a amar a Jesus? Estamos dispostos a nos deixar amar por Jesus?
Sem isso, nada faz sentido! Sem o Amor, nenhuma batalha faz sentido! Sem O Amado, nenhuma virtude tem sentido!
“Ó almas remidas pelo sangue de Jesus Cristo! Compreendei vosso estado e tende compaixão de vós mesmas! Persuadidas dessa verdade, será possível que não procureis tirar de vós mesmas esse piche – o pecado – que obscurece o cristal? Pensai bem: se a vida se vos acaba nesse estado, jamais tornareis a desfrutar dessa luz!” (Santa Teresa de Jesus, Castelo Interior, 4).
Se alguém perguntasse a você agora: “Quais são as suas virtudes?”, o que você responderia? Conheço algumas pessoas que teriam uma lista animada, mas a maioria diria algo como “não posso começar pelos defeitos, não?”. É… não é fácil desenvolver virtudes… reconhecer que as temos, então…
Existem as virtudes teologais – fé, esperança e caridade – que nós recebemos de Deus no nosso batismo, e também as virtudes humanas, as principais, chamadas de “virtudes cardeais”: prudência, justiça, temperança e fortaleza.
“A virtude é uma disposição habitual e firme para fazer o bem.” (CIC, 1803), portanto não adianta fazer uma coisa boa umas poucas vezes, é preciso fazer isso sempre para que se torne uma virtude, assim se tornará um hábito. Já os vícios, ao contrário, são uma disposição para o mal e eles “podem ser classificados segundo as virtudes que contrariam, ou ainda ligados aos pecados capitais que a experiência cristã distinguiu, seguindo São João Cassiano e São Gregório Magno. São chamados capitais porque geram outros pecados, outros vícios. São o orgulho, a avareza, a inveja, a ira, a impureza (luxúria), a gula, a preguiça ou acídia” (Catecismo da Igreja Católica § 1866).
É preciso que se diga que, da mesma forma que as virtudes, para que se instalem, os vícios requerem uma constância, conforme nos ensina também o Catecismo: “A repetição dos pecados, mesmo veniais, produz os vícios, entre os quais avultam os pecados capitais” (§ 1876).
Isso significa que temos uma longa batalha pela frente! É preciso que nossa inteligência e nossa vontade estejam dispostas e determinadas a seguir buscando transformar os vícios em virtudes. Para isso é preciso esforço, suor, lágrima, sorrisos, tentativas, erros, acertos, crescimento, superação, transformação!
Vícios e virtudes são como os lados de uma gangorra. De um lado, inclinações para o mal; de outro, inclinações para o bem. Comanda a brincadeira aquele que é mais forte. Mas aqui a “brincadeira” é coisa séria, é batalha! E nela não podemos chegar desarmados! Qual um cavaleiro medieval, vamos a campo com espada e escudo. Nossa espada, a penitência, por meio da qual “atacamos” o pecado que já cometemos, reconhecendo-o, arrependemo-nos de tê-lo cometido, confessando para nos reconciliar com Deus e reparando o mal que causamos a outros, sempre que possível. Já o nosso escudo é a mortificação, que nos ajuda a prevenir quedas futuras, educando nosso corpo e nosso espírito para o bom, o belo e o verdadeiro, desenvolvendo, assim, as virtudes.
Para o pecado que já cometemos, penitência. Para evitar que pequemos novamente, mortificação.
É importante que falemos de nossas lutas para transformar nossos vícios em virtudes, sobretudo para aqueles que convivem conosco. E que peçamos ajuda. Ninguém se torna virtuoso sozinho. Ninguém chega ao céu sozinho. Talvez depois de uma, duas, dez, cem quedas, não sejamos tão admirados pelas pessoas conhecidas e desconhecidas, mas certamente depois de duas, dez, cem novas tentativas, pedidos de ajuda e um coração sincero e disposto a crescer, estaremos mais abertos para amar e sermos amados, sobretudo pelas pessoas mais próximas.
O vício – o pecado – não nos torna irracionais, ainda que muitas vezes nos percamos do caminho de Deus, afastando-nos da graça. Isso significa que podemos dar um basta! Podemos dizer “não”, rompendo com o pecado e nos dispondo a transformar os nossos vícios em virtudes. E aqui nos socorre uma virtude, a fortaleza, que nos leva à determinação para seguir em frente nesse bom propósito. No entanto, para dar essa guinada, é preciso de uma motivação. Qual seria (ou será) a sua?
Jesus mesmo nos fala sobre o desenvolvimento do potencial que recebemos do Pai através da Parábola dos Talentos (cf. Mt 25, 14 – 30), em que os funcionários, motivados pela confiança depositada neles pelo patrão, se lançam nas iniciativas para fazer render os talentos recebidos, exceto um, que fica com medo… medo ou preguiça? Faltou-lhe a prudência. Tendo o patrão confiado a ele uma tarefa, deveria ter feito o seu melhor, para que, sendo fiel à sua responsabilidade, ao menos não fosse repreendido.
Quanto você tem desenvolvido os seus talentos, transformando os vícios que habitam o seu coração em virtudes que te aproximam de Deus e do próximo? Quanto você tem tentado fazer isso?
É fundamental que nós e os outros vejamos na nossa vida nossos vícios, a gula e a avareza, por exemplo, transformados em virtudes – no caso, temperança e generosidade (que deriva da justiça) – mas não podemos desprezar nenhum passo, ainda que pequeno. É preciso caminhar. E o primeiro passo pode estar muito longe do destino final; porém, já não é o ponto de onde se partiu. Esse processo todo requer muitas renúncias e cada renúncia feita a um vício que temos é um “sim” à virtude que queremos ter. E cá estou eu com mais um paradoxo, como não podia deixar de ser. A renúncia que, aparentemente, é um “não fazer” algo, na verdade é um “SIM” à vida plena que Jesus veio para nos dar: “Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância” (Jo 10, 10). Nós somos essas ovelhas, buscadas e sustentadas pelo Bom Pastor, mas dotados de liberdade, temos nossos passos a trilhar. É preciso pôr-se a caminho!
É… Este foi um texto de muitas perguntas; porém, apenas duas são perguntas fundamentalmente necessárias: Estamos dispostos a amar a Jesus? Estamos dispostos a nos deixar amar por Jesus?
Sem isso, nada faz sentido! Sem o Amor, nenhuma batalha faz sentido! Sem O Amado, nenhuma virtude tem sentido!
“Ó almas remidas pelo sangue de Jesus Cristo! Compreendei vosso estado e tende compaixão de vós mesmas! Persuadidas dessa verdade, será possível que não procureis tirar de vós mesmas esse piche – o pecado – que obscurece o cristal? Pensai bem: se a vida se vos acaba nesse estado, jamais tornareis a desfrutar dessa luz!” (Santa Teresa de Jesus, Castelo Interior, 4).
Carolina Vieira da Cunha
Discípula da Comunidade Católica Pantokrator