Quem nunca ouviu ou aconselhou a alguém com a seguinte frase: “Não perca a esperança”? Diante das realidades que vivemos, ter esperança ou incentiva-lá é uma graça, um sustento e um consolo. Mas, afinal, o que é a esperança? Será que estamos no caminho certo?
O dicionário a define como a “confiança de que algo bom acontecerá, crença de que um desejo se torne realidade”(1). Ou seja, ela seria simplesmente uma atitude utópica, de desejar algo material, concreto e finito. No entanto, não se restringe a isso. Vai muito além do que as nossas capacidades humanas podem supor.
Como nos ensina o Catecismo da Igreja Católica, “A esperança é a virtude teologal pela qual desejamos o Reino dos céus e a vida eterna como nossa felicidade, pondo toda a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos, não nas nossas forças, mas no socorro da graça do Espírito Santo” (CIC §1817). Sendo assim, a esperança é um dom de Deus, derramado sobre nós pelo Espirito Santo.
Esperança X Expectativa
Se a esperança é algo que Deus quis nos dar, por que tantas vezes nos frustramos? Isso acontece porque a confundimos com expectativa. Qualquer um de nós tem planos e sonhos que gostaria de conquistar. Um bom emprego, família, estabilidade ou até mesmo uma cura. São desejos lícitos e necessários para nos incentivar. Mas esses impulsos são, na verdade, expectativas. Quando colocamos nossas expectativas em coisas, pessoas ou até em nós mesmos, podemos nos decepcionar; isso porque os bens materiais, assim como o ser humano, são limitados e passíveis de erro.
“A virtude da esperança corresponde ao desejo de felicidade que Deus colocou no coração de todo o homem” (CIC §1818). Ou seja, Deus semeou em nós o desejo da felicidade, da verdadeira felicidade, que só encontraremos no Reino de Deus. Portanto, a esperança que deve estar e se manifestar em nós, é aquela de quem espera confiante, um dia, estar face a face com o Pai. É isso que precisamos cultivar.
Não se trata, porém, de uma espera parada. Não quer dizer que não devemos mais sonhar ou nos esforçar em conquistar algo. Significa somente que tudo isso deve estar submetido a Deus. Pois Ele nos diz: “Bem conheço os desígnios que mantenho para convosco – oráculo do Senhor –, desígnios de prosperidade e não de calamidade, de vos garantir um futuro e uma esperança.” (Jr 29, 11). Sendo assim, a esperança nos coloca em movimento, nos impulsiona, anima e fortalece. Este é o termômetro para identificarmos se a nossa esperança é autêntica, ou se são lapsos de uma expectativa humana.
Como conquistá-la
Sabendo agora o que realmente devemos esperar e tendo-a como uma virtude, como então conquistá-la? Como dito anteriormente, é pela graça do Espírito Santo que recebemos os dons de Deus. Cabe a nós alimentá-los para que cresçam e frutifiquem.
“A esperança é ‘a âncora da alma, inabalável e segura’ (Hb 6, 19). É também uma arma que nos protege no combate da salvação: ‘Revistamo-nos com a couraça da fé e da caridade, com o capacete da esperança da salvação’ (1Ts 5, 8). Proporciona-nos alegria, mesmo no meio da provação: ‘alegres na esperança, pacientes na tribulação’ (Rm 12, 12). Exprime-se e nutre-se na oração”(CIC §1820).
A vida de oração é nossa grande aliada; é através dela que nos aproximamos de Deus, repousamos no Seu amor e somos reabastecidos da Sua graça. Faça atos de fé, fale para Deus que você crê na verdadeira felicidade e peça a Ele que alimente sua esperança. Clame pela verdadeira esperança. Renuncie as expectativas que te frustram e te afastam de Deus. Procure os Sacramentos, jejue e persevere.
Aquele que põe sua esperança em Deus, certamente antecipa as alegrias do céu. Independente das circunstâncias, torna-se capaz de transcender as realidades humanas e se lançar na confiança em Deus.
(1) Dicionário Online de Português.
Vanessa Cícera
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator
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