Castidade… é difícil demais!

Será? 

Antes de mais nada, é preciso saber o que é castidade. No dicionário, o significado da palavra traz referência somente a um “voto que impõe abstinência total de contatos amorosos”. No entanto, castidade não é o mesmo que celibato, em que a pessoa livremente escolhe viver a continência sexual em prol do Reino de Deus. A castidade é uma virtude que deve ser buscada em qualquer estado de vida: solteiros, casados, celibatários ou consagrados.

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que “a virtude da castidade engloba a integridade da pessoa e a integralidade da doação”. Ou seja, ser casto não é só uma questão de fazer sexo ou não. A castidade envolve todo o ser humano, desde as suas relações com os outros até as relações consigo mesmo. Devemos ser castos no vestir, no falar, no olhar, no comer, nas amizades, isto é, somos chamados a ser castos em tudo o que somos e fazemos.

O que é castidade?

A virtude da castidade nos auxilia no autoconhecimento e na busca do domínio de si. A pessoa casta aprende a controlar seus instintos, a conhecer suas fraquezas e ter um olhar seguro de si mesma. O resultado disso é a liberdade. Quando a pessoa reconhece que é fraca diante de alguma situação e é capaz de renunciar a isso, aí sim ela é verdadeiramente livre. E a castidade é uma das vias que conduz à liberdade. 

Além disso, a pessoa casta aprende a lidar com o outro. “O domínio de si ordena-se para o dom de si” (CIC 2346). Livre dos seus egoísmos, de sua afetividade ferida, da escravidão do olhar do outro e da necessidade de sentir-se amada, pois já conheceu Aquele que verdadeiramente a Ama, a pessoa que vive uma castidade ordenada é impulsionada a sair de si e a doar-se ao outro, livre e gratuitamente. 

A castidade é como uma armadura que nos protege no campo de batalha. Protege-nos do egoísmo, livra-nos da luxúria e nos ensina a viver com santidade e fidelidade o primeiro e maior mandamento: o de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.  “A castidade torna o homem semelhante ao próprio Deus!” (São Basílio). 

Mas eu não consigo!

Imaginemos que você ganhe uma Ferrari. Você a deixaria estacionada na rua? Você dirigiria na velocidade máxima em uma rua esburacada? Ou transportaria qualquer material nela? Deixaria um estranho sentar-se no banco do motorista e sair dirigindo para onde quisesse? Seu corpo é dom precioso, assim como sua alma é uma joia rara, muito mais valiosa que qualquer bem material que o dinheiro possa comprar. Se somos capazes de ter zelo com algo que é passageiro ainda mais deveríamos ter com aquilo que é para a eternidade. 

Quando passamos a nos enxergar como morada do Espírito Santo, amados pelo Deus Todo Poderoso que nos desejou, tudo passa a ter um propósito muito superior àquilo que encontramos agora. Passamos a viver a castidade por amor a Deus, por amor ao outro e a nós mesmos e isso deixa tudo mais leve. 

Não é fácil ser casto, ainda mais nos dias de hoje em que é preciso nadar contra a maré. Mas não estamos sós! “A castidade é uma graça, um fruto do trabalho espiritual. O Espírito Santo concede a graça de imitar a pureza de Cristo” (CIC 2345). Deus jamais nos pediria algo que nos fosse impossível de viver. Só será impossível se tentarmos sozinhos. Ele nos concede a graça e nos capacita, basta que O busquemos. 

Os frutos da castidade

Além da graça de viver segundo os desígnios de Deus. A busca da vivência da castidade gera frutos em nossas vidas. Como vimos, o casto torna-se uma pessoa livre e equilibrada em tudo que o cerca. A castidade expande aquele que a vive. Este sai de si e é capaz de acolher o outro. Um dos frutos da castidade é a amizade. 

Para os esposos, a castidade vivida antes do matrimônio os ensina o que é o respeito mútuo, prepara-os para a vivência da fidelidade e os anima com a esperança de se receberem um ao outro. 

Ser casto não é fácil! Mas muito mais difícil é ser escravo das paixões e se ver subjugado a uma medida baixa. Fomos feitos para o alto e a castidade nos eleva, capacita-nos ao Bem maior: o Amor!

 

Vanessa Cícera dos S. Ramos
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator

 

 

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