Anjo da Guarda, Santo Amigo!

A figura dos anjos aparece frequentemente nas Escrituras, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. São os anjos que impedem Abraão de sacrificar Isaac. São os anjos que conduzem Moisés e o povo para fora do Egito. São eles que auxiliam e se comunicam com os profetas. É um anjo que anuncia a vinda do Senhor à Maria. São eles que socorrem os apóstolos em suas missões, resgatando Pedro da prisão, tranquilizando Paulo em sonho… No entanto, hoje em dia não falamos deles com a mesma frequência ou sequer os damos a devida importância. Grande desperdício! Os anjos, especialmente nossos anjos da guarda, são um tesouro de Deus em nossas vidas e são designados a cada um de nós como auxílio oportuno.

A palavra anjo significa “mensageiro”.

Anjo não é uma denominação que diz respeito à sua natureza, e sim à sua função. É por isso que tantas vezes, no Antigo Testamento, sua figura é descrita como “Anjo do Senhor”, ou seja, Mensageiro de Deus. No que diz respeito à sua natureza, anjos são espíritos, não possuem corpo nem forma, embora consigam interferir no mundo físico por permissão Divina.

Os anjos guardiões fazem parte do nono e último coro da hierarquia angélica. Os nove coros formam três hierarquias diferentes: serafins, querubins e tronos compõem a primeira, dominações, virtudes e potestades a segunda, principados, arcanjos e anjos da guarda a terceira. Cada coro tem sua respectiva função, sendo apenas a terceira aquela que atua mais precisamente no mundo físico. Os anjos são criaturas criadas por Deus assim como nós, e, portanto, não são todos iguais: “Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as criaturas visíveis e as invisíveis. Tronos, dominações, principados, potestades. Tudo foi criado por Ele e para Ele.” (Cl 1, 16).

O próprio Catecismo da Igreja, nos parágrafos 330 e 335, no ensina que, assim como nós, os anjos possuem inteligência e vontade, personalidade e nomes próprios – alguns são nos dados a conhecer nas Escrituras. Mas por não possuírem um corpo, não morrem, e também não precisam de uma conversão diária como seres humanos. O Sim que deram a Deus no princípio é perfeito e constante. Tiveram uma única chance de escolher ou não servir ao Senhor. Lúcifer foi um daqueles que pecou, e seu “não” foi definitivo.

No parágrafo 336, o Catecismo nos ensina que os anjos da guarda nos acompanham desde o momento da concepção até a morte.

Não é preciso nem ser batizado! Em sua infinita Bondade, o Senhor dá esse presente para todos. Cada pessoa tem um anjo que é exclusivamente seu, e não será de outra pessoa quando você morrer. Não se preocupe, seu anjo não ficará “desocupado”. Existem muitas outras atividades no plano espiritual que ele poderá executar. O mundo espiritual é extremamente vasto, e Deus tem muitos afazeres com os quais ele conta com seu exército.

Há muito mais no plano espiritual que muitas vezes não temos dimensão. Por exemplo, existem anjos guardiões designados a outras realidades, em vez de pertencer a uma pessoa específica. Um ano antes da aparição de Nossa Senhora de Fátima em Portugal, um anjo apareceu algumas vezes aos pastorzinhos, preparando os corações das crianças para o que havia de vir. Na segunda aparição, ele disse: “Que fazeis? Orai, orai muito. Os corações santíssimos de Jesus e de Maria tem sobre vós desígnios de misericórdia. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal.” Os países têm anjos guardiões, as cidades têm anjos guardiões, a natureza tem anjos guardiões, até mesmo quando uma nova família é constituída diante o sacramento do Matrimônio ela recebe um anjo guardião.

Para uma alma que deseja uma vida espiritual mais profunda, desenvolver intimidade com os anjos é de profunda importância. Os anjos não são designados somente a guardar nosso corpo, mas também nossa alma. Têm papel relevante na história de salvação humana, nos inspiram o amor pela Eucaristia, ensinam as virtudes, promovem ocasiões de conversão, lutam nossos combates espirituais, nos assistem no purgatório e são eles que nos conduzirão ao Céu.

Muitos santos da Igreja tinham relação de profunda amizade com seus anjos. Padre Pio é um exemplo para nós. Tinha liberdade até para reclamar quando seu Anjo não o defendia dos ataques do demônio, e certa vez seu Anjo lhe respondeu: “Jesus permite esses assaltos do diabo para que Sua compaixão te faça querido dele e queria que te assemelhasses com isso ao deserto, o jardim e a cruz” (Carta I, 113).

Acima de tudo, aprendemos que os anjos são profundamente obedientes a Deus.

Padre Pio sempre contava com seu anjo para traduzir cartas, o despertar para rezar, e até para receber recado de anjos dos seus filhos espirituais até do outro lado do mundo, se fosse necessário. Você já pensou que é possível pedir para seu anjo se comunicar com o anjo de alguma outra pessoa, antes de ir ter uma conversa difícil com ela ou quando precisa de ajuda?

Nossos anjos guardiões são um auxílio oportuno em todas as coisas que podemos precisar, principalmente nas responsabilidades que Deus confere a nós nesta Terra. Seja como ministério, como vocação, como profissão, na maternidade, paternidade, e muito mais. Ele é um amigo que não se afasta nem mesmo quando pecamos. Mas, se não rezarmos pedindo por sua intercessão, ele agirá somente no necessário, e não iremos usufruir de tudo aquilo que ele pode nos ajudar. É necessário pedir.

Para finalizar, são essas as palavras de São Padre Pio, escritas em cartas, nos convidando a nunca esquecer de contar com nossos anjos em todos os momentos:

“Por caridade, não te esqueças desse companheiro invisível, sempre presente, sempre pronto a nos escutar e mais ainda a nos consolar. Ó deliciosa intimidade! Ó feliz companhia! Se soubéssemos pelo menos compreendê-la…! 

Mantém sempre diante dos olhos da alma, recorda-te com frequência da presença desse anjo. Agradece, ora, nutre sempre para com ele uma boa companhia. Abre-te e confia a ele teus sofrimentos. Toma sempre cuidado para não ofenderes a pureza do seu olhar: toma conhecimento e fixa bem esta verdade em tua alma. Ele é muito delicado, muito sensível. Dirige-te a ele em momentos de suprema angústia e experimentarás os seus benéficos efeitos.

Nunca digas que estás sozinha na batalha contra os teus inimigos. Nunca digas que não tens ninguém com quem te possas abrir e confiar. Isso seria uma grande ofensa que se faria a este mensageiro celestial.”

 

Giovana Cardoso
Discípula da Comunidade Católica Pantokrator

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