Aborto: Quem tem o direito de decidir quem vive e quem morre?

aborto

Qual é o valor da vida humana? Esta é uma pergunta bastante ignorada nos dias atuais. Com efeito, em tempos de consumismo, quase tudo parece ter um preço. Mas, será mesmo que chegamos ao ponto de podermos indicar quais vidas valem mais do que as outras? Será que o direito de viver passou a ser um privilégio de alguns afortunados? A grande verdade é que o ser humano tem ultrapassado limites perigosos e que beiram o irracional. A discussão sobre a “legalização do aborto” é apenas mais um triste exemplo.
Algum tempo atrás eu ouvi uma reflexão interessante na internet, feita por um sujeito famoso. Ele dizia que estava rodeado de admiradores, pois era jovem e possuía muitos talentos, de modo que todos gostavam de estar ao seu redor. Então, este mesmo rapaz disse algo surpreendente: que a velhice era uma das maiores dádivas na vida de uma pessoa. Explicou que, com a velhice, a beleza vai embora, assim como a disposição física, muitos talentos e até a fama. A velhice “purifica” o homem, deixando-o com pouca ou quase nenhuma “utilidade”. Então aí o homem pode identificar qual é o valor que as pessoas lhe dão, se elas valorizavam os seus atributos ou a sua própria vida.
Pense um pouco sobre isso: são as “utilidades” que fazem a pessoa ser valiosa? Ou será que não é a própria vida humana, mesmo desprovida de força ou beleza, que é inestimável? Esta é uma questão crucial para o homem moderno! Pode parecer bobagem, mas muitas pessoas condicionam o valor da vida a fatores externos ou secundários, ignorando o essencial – que é a própria vida!
Um exemplo claro: Adolf Hitler – nazista considerado (com razão) por todos os povos como sendo um vilão da raça humana. Para ele, o valor não estava na pessoa em si, mas sim na sua raça (ou etnia). Era o fato de o sangue ser ariano ou ser judeu que determinava quem poderia viver ou morrer. O direito à vida foi colocado abaixo da política e de planos dominadores. Creio que eu não precise demonstrar como isso é absurdo!
Porém, não precisamos ir longe. A própria discussão sobre o aborto é algo parecido – apesar de muitas pessoas não conseguirem enxergar. Nesta semana, ouvi um jovem argumentando na internet que era a favor do aborto porque o nascituro ainda não tinha memórias ou relacionamentos, e que era isto que tornava uma pessoa humana. Novamente, o valor da vida colocado abaixo das “utilidades”. Outras pessoas (pró-aborto) sustentavam que a mãe, quando pobre, precisaria ter o “direito ao aborto”, por não possuir condições materiais para receber a criança. E outros, ainda, argumentavam que uma gestação iria trazer danos estéticos aos corpos das mulheres, razão pela qual elas teriam o direito de optar pelo aborto. De novo: o direito à vida é tornado menos importante do que a condição social ou a beleza estética.

MAS QUEM DISSE QUE A VIDA HUMANA TEM VALOR?

Cada país possui suas próprias leis. Temos normas no Brasil que não existem em nenhum outro lugar do mundo, assim como os chineses, os italianos ou os nigerianos possuem legislações específicas. Contudo, você já parou para pensar que, mesmo havendo inúmeros tipos de legislações, existem coisas proibidas em todos os países do mundo? O homicídio e o roubo, por exemplo, são considerados coisas graves e puníveis em qualquer lugar, mesmo nas tribos mais afastadas da Amazônia ou nas regiões mais pobres da África.
Isto acontece, justamente, porque todos os seres humanos (excetuando-se os psicopatas em geral) possuem uma consciência de que certas coisas são importantes e inegociáveis. O conjunto destas coisas essenciais, percebidas intuitivamente pelos homens, é chamado pelos juristas de “direito natural”, e não pode ser negado a ninguém. Portanto, o direito à vida é algo percebido na consciência de qualquer um. Vejamos, provavelmente você não matou ninguém até hoje, então eu te pergunto: você não matou, porque matar é errado ou porque você estaria infringindo um artigo do Código Penal (que, no Brasil, foi promulgado em 1940)? Aliás, faço uma provocação: se, por acaso, o legislador revogasse hoje o Código Penal (tornando o homicídio ou o roubo coisas lícitas), você acharia justo que alguém entrasse na sua casa e atirasse contra a sua família para levar os bens
O que eu quero dizer o é seguinte: há certas coisas que não precisam de leis para nos convencer de que são erradas. A vida, por exemplo, é valiosa por si só, e não porque isto está escrito em algum artigo da Constituição Federal. E quem disse que a minha ou a sua vida valem mais do que a vida daquela pessoa que ainda está se formando no ventre materno? Lembre-se: a vida é valiosa e não há legislação ou teoria política que pode alterar este fato.

O CUIDADO COM OS EUFEMISMOS…

Segundo o dicionário, o “eufemismo” é uma figura de linguagem utilizada para tornar uma palavra mais agradável, suavizando ou minimizando o peso de uma outra expressão. Por exemplo, costuma-se dizer que uma pessoa “se foi”, ao invés de anunciar claramente que ela “morreu”. Ou ainda: para evitar dizer que alguém está sendo “expulso”, é mais agravável dizer que foi “convidado a se retirar”. Os eufemismos não são ruins em si. Porém, há ocasiões em que o eufemismo é utilizado para fins de enganar, de modo a esconder uma realidade da pessoa.
Você dificilmente encontrará algum intelectual ou integrante da grande mídia dizendo que é a favor do assassinato de bebês – porque, sim, o aborto provocado nada mais é do que um homicídio covarde e cruel contra alguém que não consegue se defender. Ao invés disso, preferirão se utilizar de eufemismos: dirão que são a favor dos “direitos reprodutivos da mulher”; ou do “direito de decidir”; ou, ainda, da “interrupção voluntária da gravidez”.
Outras maneiras de escapar da repugnância do termo “aborto” é dizer que isto é uma “questão de saúde pública” e se utilizar do argumento de autoridade, alegando que “tal ou tal país desenvolvido já possui esta prática”. A grande verdade – e essas pessoas jamais admitirão isto abertamente – é que nenhum cientista no mundo conseguiu comprovar que o feto (ou embrião, ou seja lá qual nome utilizem) não é um ser humano. Outra coisa, que você não saberá nos meios de informação tradicional, é que existe uma indústria milionária do aborto – ou seja, há pessoas enchendo o próprio bolso enquanto alegam estar preocupadas com os “direitos da mulher”.
Não se permita deixar enganar por discursos fáceis e com ares de modernidade. Virão falar a você que, sem legalização, as mulheres irão abortar do mesmo jeito e de maneira insegura. Porém, não terão a coragem de admitir que, legalizado ou não, o aborto não deixa de ser imoral e de atentar contra a dignidade própria do ser humano. Aliás, não existe “aborto seguro”, na medida em que sempre haverá ao menos uma vida perdida: a vida do bebê.

É UMA QUESTÃO DE HUMANIDADE.

Note que, apesar de este ser um texto escrito para um site declaradamente católico, em nenhum momento usei como argumentos passagens bíblicas, nem mesmo mencionei o nome de Deus ou de alguma declaração papal. Fiz isto propositalmente. A mais frequente alegação feita pelos militantes pró-aborto é a de que somente os cristãos seriam contrários, e que fazem isto pautados em sua religião. É evidente que isto não é verdade, apesar de o aborto realmente ser um dos pecados mais graves e hediondos.
Não se trata de ser errado somente porque “está na bíblia”, mas sim porque afronta diretamente a racionalidade humana. A partir do momento em que um indivíduo passa a considerar que tais vidas valem menos do que outras, ele automaticamente se coloca acima do bem e do mal. Não é preciso ser um religioso para perceber isto.
Quanto a nós, cristãos, nosso papel é fazer a defesa daqueles que não podem, utilizando das nossas armas racionais (como o estudo, a ciência e a lógica) e também das espirituais (principalmente a oração). Nossa luta é contra todos os tipos de morte: seja a morte física do nascituro, a morte espiritual dos abortistas, ou mesmo a morte do sentimento de humanidade.

Que Deus nos abençoe sempre!

Rafael Aguilar Libório
Discípulo da Comunidade Católica Pantokrator

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