Nas escrituras é recorrente relacionarmos a figura de Deus com um Pai, seja por sua ternura de quem deseja cuidar ou pelo poder que deseja salvar da situação de pecado. Deus se revela para nós, através de Jesus, como um Pai que nos ama, a ponto de dar seu filho único para não sermos mais escravos, mas sim amigos (e, pelo Espirito de Cristo, filhos adotivos). Nessa mesma passagem, em Romanos 8, a escritura nos revela que este mesmo espirito clama em nós “ABBA PAI”! Não é coincidência, é o próprio Deus quem se abaixa até nós e nos eleva para Ele, isso é a atitude de um Pai.
Muitos de nós somos marcados pela história com o nosso Pai terreno, ou de histórias que chegaram até nós, e terrivelmente relacionamos um com o outro. Porém, o que sustenta a nossa fé, esperança e caridade é um relacionamento que criamos com a pessoa de Deus. Isso nos ensina São Josemaria Escrivá em sua homilia proferida em 1964, onde ele nos diz que Jesus revela aos seus discípulos “o grande segredo da misericórdia divina: que somos filhos de Deus e que podemos entreter-nos confiadamente com Ele, como um filho conversa com seu pai”, pois o verdadeiro desejo Dele não é nos cobrar ou nos punir; Ele somente deseja nos amar sem medidas para sermos livres em escolher a Sua presença.
Deus é a nossa origem, somos Nele desde toda a eternidade e somos gerados por Ele até o resto da eternidade. Nunca passamos despercebidos por seus olhos, como nos diz o salmo 138: “conhecias até o fundo da minha alma, e meus ossos não te eram escondidos. Quando eu era formado, em segredo, tecido na terra mais profunda teus olhos viam as minhas ações”. Não importa quem você se tornou, ou as atitudes que já teve, pois Ele conhece seu interior e te espera para um recomeço, como um pai que deixa a luz da sala acesa quando o filho está fora de casa. E se não sabe como voltar, diga isso a Deus e deixe-o Ele mesmo te buscar.
Somos imagem e semelhança
“A piedade que nasce da filiação divina é uma atitude profunda da alma, que acaba por informar a existência inteira: está presente em todos os pensamentos, em todos os desejos, em todos os afetos…. Mesmo sem perceberem, imitam seus pais, repetem os seus gestos, os seus costumes, adotam tantas vezes idêntico modo de comportar-se. O mesmo se passa na conduta do bom filho de Deus”. Deus não nos abandonou à própria sorte neste mundo, mas Ele se fez exemplo, assim como um bom pai faz com seus filhos.
O Espirito que habita em nós clama pelo Pai e ele nos conduz para o encontro dessa eternidade que tanto desejamos. Sejamos dóceis e humildes. Que, ao reconhecermos isso, posamos nos abandonar para em tudo estar na presença deste Bem tão precioso, que desce até as nossas misérias para nos elevar à sua Glória. Isso também nos ensina Santa Terezinha, que percebeu que a criança recebe toda a atenção do pai exatamente por sua fragilidade; ao se fazer pequena e criança diante de Deus, ela atrairia Seu olhar para si. E foi exatamente isso que aconteceu não somente com ela, mas com todas as criaturas que em atitude de humildade se fizeram pequenas e viveram essa filiação divina. A própria Virgem Maria exclama: “minha alma exulta no Meu Deus… Pois Ele viu a pequenez de sua serva”.
Fazendo-nos pequenos e alimentando nossa relação de filhos com esse pai tão misericordioso que se ocupa de nós, podemos aspirar à santidade, pois Ele mesmo nos capacitará. Deus ama os pequeninos, então sejamos sempre como criancinhas diante Dele, que tudo esperam do Bom Deus. Que Santa Terezinha e São Josemaria intercedam por nós e que a Virgem Santíssima seja nossa mestra e estrela que nos guia.
Juntos até o céu.