A responsabilidade dos padrinhos de batismo

Ser convidado para assumir a missão de padrinho ou madrinha de batismo é uma honra, mas também uma grande missão, encargo que deve ser assumido com grande responsabilidade.

Ser padrinho não é apenas estar presente na celebração do rito do batismo, mas é se fazer presente durante toda a vida daquele que, pela graça, torna-se naquele momento filho de Deus.

Contexto Histórico

A figura dos padrinhos nos remonta ao século IV, época das perseguições romanas e das heresias pagãs. Aos padrinhos cabia a missão de instruir os catecúmenos na fé católica, preservando-os das heresias que rodeavam as comunidades cristãs naquela época. Tratando-se de crianças, os padrinhos tinham a responsabilidade de professarem a fé em nome delas, além de educá-las conforme a doutrina.

Uma relação espiritual

O padrinho não é apenas um amigo, um parente com um título especial ou uma visita importante, “pelo batismo, cria-se uma relação espiritual entre o afilhado e o padrinho, relação que é muito real”[1]. Essa relação espiritual deve ser manifestada no cotidiano, em todos os momentos, os padrinhos devem rezar pelos afilhados, dar-lhes um exemplo de vida cristã autêntica, ser para os afilhados sinal profético de Cristo, a fim de que, pelo exemplo e por sua oração, eles possam alcançar as virtudes necessárias para serem também bons cristãos.

O padrinho é um segundo pai, uma segunda mãe. Trata-se de um laço que deve ser construído naturalmente durante toda a vida, “quem apadrinha obriga-se a manter um afetuoso interesse pelo afilhado durante toda a vida”[2]. São aqueles que auxiliarão os pais na formação cristã do afilhado, estando atentos a fazerem de tudo para que ele cresça na fé católica, principalmente se os pais venham a faltar ou se afastem da fé católica, “esse é o papel do padrinho ou da madrinha, que devem ser cristãos firmes, capazes e prontos a ajudar o novo batizado, criança ou adulto, em sua caminhada na vida cristã. A tarefa deles é uma verdadeira função eclesial”[3]

CONAFECSite

Quem pode ser padrinho?

O Código de Direito Canônico[4] revela quais são os requisitos para que alguém seja padrinho de batismo. Deve ser alguém designado pelo batizando, seus pais ou quem lhes faça as vezes, ou, na falta deles, pelo próprio pároco. E o mais importante: que tenha a intenção de cumprir com essa responsabilidade. Deve possuir ao menos 16 anos de idade. Deve ser católico, confirmado e ter recebido a primeira eucaristia, além de levar uma vida de acordo com a fé. Além disso, não podem ser padrinhos os pais do batizando ou o esposo(a).

Além desses requisitos, que são formais, os pais precisam estar conscientes de quem estão chamando para ser padrinhos de seus filhos. Aquela tia ou tio excêntrico ou que possua uma situação financeira muito boa pode até ser um amigo legal e brincalhão, ou alguém que possa ajudar financeiramente nos estudos do afilhado, mas dinheiro algum pode comprar um bilhete para o céu. Assim, não se deve levar em consideração a situação financeira ou o quanto aquela pessoa seja um “amigão” da família, o padrinho deve ser alguém que tenha uma autêntica, traduzida na vida, que dará ao afilhado um testemunho coerente da vivência dos bons costumes, da moral e das virtudes e que auxiliará o afilhado nesse crescimento.

Padrinhos: chamado à santidade

O Papa Pio XII nos lembra que os padrinhos “ocupam um posto honorífico, embora muitas vezes humilde, na sociedade cristã, e podem muito bem sob a inspiração e com o favor de Deus subir aos vértices da santidade”[5], ou seja, os padrinhos são chamados a uma vida de santidade e a ser sinal desta santidade aos seus afilhados.

Não é uma responsabilidade fácil, como dito acima. Não se trata apenas de dar presentes, mas de instruir o afilhado à luz da fé católica, principalmente nesses tempos de tantas ideologias pulverizadas nas escolas, nos livros, na mídia, etc.

Assim, ser padrinho não é ter um status social, os padrinhos são “pais segundo Deus, pois no batismo morre o homem velho e nasce o homem novo e, como verdadeiros pais, eles têm o grave dever de transformar seus filhos em soldados de Cristo, educando-os na escola da santidade”[6].

Roguemos a Deus para que nos auxilie nessa tão bela missão, a fim de que possamos ser sinais da presença de Cristo, pelo nosso testemunho de vida, aos nossos afilhados!

Allan Oliveira
Discípulo da Comunidade Católica Pantokrator

 
[1] “A fé explicada”, Leo. J. Trese, 14ª edição, Ed. Quadrante, 2015, pg. 279
[2] Ibidem
[3] Catecismo da Igreja Católica, §1255
[4] Código de Direito Canônico, Cânon 874
[5] Carta Encíclica Mystici Corporis, Papa Pio XII
[6] Padre Paulo Ricardo, publicado em Christo Nihil Praeponere no dia 22 de outubro de 2013

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