Já deu uma paradinha para perguntar o que Deus espera de você hoje? Sei que Ele te confiou Missões, por menores e mais discretas que sejam. Mas o que Ele realmente espera que é que você se relacione com Ele de maneira filial. Talvez tenha se esquecido, mas você é filho e filha de Deus, amado e amada com amor eterno!
A vida é mais leve e feliz quando tomamos posse desta verdade, e a colocamos em prática a cada momento. Em meio aos afazeres ou no descanso, em meio aos divertimentos ou nos momentos difíceis, em nosso silêncio ou na confusão. Todos os dias!
Sim, somos filhos de Deus!!!
Quando Jesus ensinou seus discípulos a orar, Ele nos mostrou o caminho para estabelecermos uma relação filial com Deus, como vemos em Mt 6,9-13:
- “Pai Nosso (…)”: Ele ensinou que, por mais indignos que sejamos, podemos chamar Deus de Pai, entregues sem reservas em Seus Braços.
O Deus Pai é incomparável e inexplicável, mas podemos experimentar um pouquinho de Sua Essência na figura do pai do “filho pródigo” – narrado em Lc 15,11-32. Entre outras características, observamos Sua generosidade, misericórdia, o resgate da dignidade tantas vezes perdida e o respeito pela liberdade dos seus filhos. Ele não “força” a correspondência ao seu imenso Amor.
Reconhecendo que somos filhos, nosso papel é o de deixarmos ser corrigidos e amados. Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face nos ensina a importância de nós nos fazermos pequenos, como crianças. Para isto, não basta somente reconhecermos nossas fragilidades, mas também regozijarmos com a dependência que temos de Deus (querer permanecer “pequeno”).
“Encontra-se aí (numa criança) um coração que transmite fragilidade e dependência e um olhar que se sente misteriosamente atraído pelo dom da infância, não porque o Pai ame mais os pequeninos, mas porque os pequeninos se deixam ser amados por Ele”. (Regra de Vida do Carisma El Shaddai Pantokrator, número 21).
- “(…) que estais no céu (…)”: O Pai habita o Céu, e Ele quer garantir um lugar para nós, em meio a tantas moradas (conforme Jo 14,2). Do Céu, o Pai se inclina para ver todos os seus filhos, “Ele, que formou o coração de cada um, está atento a cada uma de suas ações” (Sl 32,15).
- “(…) santificado seja o vosso nome (…)”: Nada mais justo que rendermos Glória a quem realmente a possui: o Criador do universo, que rege todas as coisas, que tem poder sobre tudo. Ademais, sendo detentor deste Poder, não o utiliza para escravizar e oprimir, mas para libertar e dar vida plena!
- “(…) venha a nós o vosso Reino (…)”: Temos a necessidade de encontrar “pedacinhos de Céu” no dia a dia, isto é: o Reino de Deus no meio de nós. Por isso, clamamos ao Pai.
Mas não devemos somente clamá-lo, é preciso promovê-lo. Para isto, basta seguirmos os ensinamentos de Cristo. Tudo se dará como consequência da busca de vivermos verdadeiramente o Amor.
- “(…) seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu (…)”: O próprio Cristo, sendo Deus, se submeteu à Vontade do Pai, por saber que ela é perfeita, que é a melhor via que se pode escolher: “(…) para que o mundo reconheça que eu amo o Pai, eu procedo conforme o Pai me ordenou” (Jo 14,31a).
É prova de amor filial guardar os mandamentos de Deus, buscar Sua Vontade em cada momento, ser-Lhe fiel mesmo nas situações humanamente mais “inconvenientes”. A revelação de um amor maduro para com Deus é quando a pessoa se “abandona” em Sua Vontade, ousando aceitar Seus convites muitas vezes audaciosos, revelados na nossa intimidade com Ele. Isto é consequência de uma elevada confiança, pois sabemos que o Pai nunca nos abandonará.
- “(…) O pão nosso de cada dia nos dai hoje (…)”: Por mais que nos empenhemos nas conquistas diárias (como por exemplo, o próprio sustento), devemos gratidão a Deus, que nos abençoa com a saúde e a providência para o sucesso de nossas lutas. Reconhecer que dependemos do Pai, para mantermos a vida desde as necessidades mais básicas, e confiar a Ele este pedido de ajuda, atrai Sua Bondade de maneira especial.
- “(…) perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam (…)”: A pior coisa é quando ofendemos ao Pai, que tanto nos ama. Por isto, devemos estar sempre atentos em como estamos vivendo, buscando reconciliação e conversão. O mesmo vale na relação com os irmãos, pois todo pai se entristece quando há algum problema entre os filhos.
- “(…) e não nos deixeis cair em tentação (…)”: até para não cair dependemos do Pai. Ele, que nos dá a liberdade para darmos passos sozinhos ou em Sua Companhia, vem logo em nosso auxílio, quando recorremos.
- “(…) mas livrai-nos do mal”: Não depositemos nossa total segurança nos artifícios humanos que nos defendem de tantos males terrenos. Somente em Deus podemos apostar a confiança plena. E como Jesus também nos ensinou: “Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma; temei antes aquele que pode precipitar a alma e o corpo na geena.” (Mt 10, 28)
A relação filial é realmente a base para tudo, é um auxílio para tudo o que vivemos. Somos apenas criaturas, dependentes até mesmo no existir. E ainda há quem ache que a “irrealidade” é Deus. Deus é “Aquele que É”, por si mesmo. Se Ele não quisesse, nós é que não seríamos “realidade”.
Não podemos nos esquecer que Jesus ensinou a relação filial com o Pai Celeste, mas também nos deu uma Mãe do Céu, para nos permitirmos ser filhos também.
Luiza Torres
Discípula da Comunidade Católica Pantokrator