A história do povo de Deus é marcada pela perseverança. Homens e mulheres de fé que persistiram e foram até às últimas consequências para fazer a vontade de Deus. Longe de serem pessoas perfeitas, elas lutaram e, por Ele, não foram decepcionados. “Bem-aventurado o homem que suporta a provação; porque, depois de ser provado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam” (Tg 1,12).
Vivemos hoje em uma cultura do imediatismo, das promessas de facilidades, da velocidade das informações. E quando nos deparamos com uma dificuldade e não conseguimos resolvê-la “ao estalar dos dedos”, ficamos esmorecidos. Sem perceber, vamos perdendo a nossa capacidade de reagir e de resistir frente aos problemas da vida.
Na nossa busca de santidade, não é diferente. Quantas vezes desistimos de lutar contra o pecado, quantas vezes recusamos aquele irmão que nos é difícil, quantas vezes deixamos de lado os nossos compromissos de oração, quantas vezes não queremos dar um passo necessário para nosso crescimento pessoal e espiritual, pois tal atitude requer um esforço, um desinstalar-se.
Santo Ambrósio vai nos ensinar que é necessário o esforço para alcançar o Céu. “Onde há combate há coroa. Lutas no mundo, mas és coroado por Cristo. E é pelos combates neste mundo que és coroado. Embora a recompensa se dê no céu, é aqui no entanto que se estabelece, se mereces ou não o prêmio”.
Aumentar a resistência
Podemos fazer uma comparação com os músculos do nosso corpo, que precisam ser fortalecidos, por meio de exercícios contínuos. Aos poucos, eles vão ganhando força e resistência. Além de melhorar o condicionamento, a ação também protege os ossos e as articulações. Já ao contrário, se não tem esforço, logo surgem doenças, atrofia, tem a perda da força muscular, o acúmulo de gordura e pode levar à morte.
Como o exemplo dos músculos, quanto mais perseverantes formos, mais fortes seremos. A cada nova luta, um ensinamento adquirido, uma etapa avançada. Se caiu, recomece. “A alma se enche de iniciativas: sempre pensa em agir com mais capricho, em melhorar em mais um detalhe, em procurar mais uma conquista, e nunca diz “basta”. Não há o perigo de se embalsamar numa virtude mumificada. Como dizia São José Maria para ele, tudo se converte em cume por alcançar: cada dia descobre novas metas, porque não sabe nem quer pôr limites ao amor de Deus.¹
Perseverança de São Paulo
Uma pessoa que não colocou limites ao amor de Deus foi São Paulo. Ele é um exemplo de perseverança. Ao lermos as suas cartas, testemunhamos a sua persistência em fazer a vontade de Deus, mesmo em meio às dificuldades.
“Muitas vezes, vi a morte de perto. Cinco vezes recebi dos judeus os quarenta açoites menos um. Três vezes fui flagelado com varas. Uma vez apedrejado. Três vezes naufraguei, uma noite e um dia passei no abismo. Viagens sem conta, exposto a perigos nos rios, perigos de salteadores, perigos da parte de meus concidadãos, perigos da parte dos pagãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos entre falsos irmãos!” (II Cor. 11, 23-26).
Manifestação da Magnanimidade
Paulo permitiu que Deus manifestasse toda a Sua magnanimidade. Ele compreendeu que quando era fraco, era ali que Deus Se utilizava para manifestar a Sua potência de amor, bastava se abandonar à Graça. O Espírito Santo o conduzia, fortalecia, encorajava.
É o Espírito Santo que nos ensina a paciência nas provações, que nos tira do comodismo. Ele abre os nossos olhos para enxergar além das aparências, fortalece os nossos passos, alarga nossa alma e a mantém ativa. Não tenhamos medo de recorrer a Ele.
É pela vida de oração, pela busca dos sacramentos e das virtudes que crescemos na intimidade com o Espírito. Não tenhamos medo de persistir até o fim. Deus nos escolheu e nos capacita! Coragem!
Andressa Aparecida da Silva
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator