Liberdade, um substantivo tão exaltado e perseguido nos dias de hoje. O que torna uma pessoa livre? Será que uma vida sem regras e ditada pelos instintos garante a tal satisfação trazida pela liberdade? Que a obediência, uma virtude ensinada pelo próprio Cristo, vem na contramão da liberdade? Ou que é possível, ser obediente e ser livre?
A falsa liberdade
Quando se pensa em “ser livre” pode ser que a primeira ideia que venha à mente seja a de “fazer o que eu quero”. A ideia de poder falar, agir sem se preocupar com as regras, as consequências. E até mesmo sem se preocupar com o outro, de alguma forma dá a sensação de que se poderá ser mais feliz.
Essa ideia é fortalecida sob o olhar de uma geração que cada vez mais supervaloriza o direito individual e, nesse sentido, acaba vislumbrando a desobediência como ato de liberdade. Ainda existe um senso comum , que vê a obediência como um simples ato de se aceitar as ordens dadas pelo outro. Esta ideia pode gerar uma noção de que ser obediente , é ser inferior, humilhado ou reprimido. Como se aquele que é obediente estivesse deixando de lado suas próprias vontades para aceitar algo que lhe é imposto. Esse consenso, além de falso, pode ser muito danoso.
A obediência que leva a felicidade
O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que “Obedecer (ob-audire) na fé é submeter-se livremente à palavra escutada ((§144), é a resposta do homem a Deus revelador (§143). Ou seja, a liberdade que nos foi dada por Deus, através do livre arbítrio, permite que, amparados na razão e na vontade, possamos escolher por nós mesmo por Aquele que é fonte inesgotável de Verdade e alegria plena.
Obedecer nada mais é do que “ouvir bem”. Sendo assim, quando nos dispomos a ouvir a Deus ou aqueles a quem Ele nos envia como intercessores de Sua Palavra e a colocar em prática aquilo que ouvimos, somos elevados a um nível de maturidade e satisfação que nos coloca em um estado de autêntica alegria e felicidade.
“Quem obedece não erra”, isso porque a “obediência é uma graça libertadora de nós mesmos, de nossas vontades e seus afins, capaz de fazer de nós homens livres para o amor que Deus deseja para nós. Muito longe de ser uma demonstração de fraqueza, a obediência é resultado de uma tal liberdade que garante àquele que é obediente algo que o torna superior. Somente aquele que domina suas próprias paixões e que quer verdadeiramente fazer a Vontade de Deus, é capaz de ser submisso à obediência.
Que possamos, a exemplo de Jesus, com coragem, sabedoria e fé, livremente nos entregarmos a Deus pela obediência e assim colher os frutos designados àqueles que o souberam “ouvir bem”.
Vanessa Cícera dos Santos Ramos
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator
NOTA
1. Regra de Vida da Comunidade Católica Pantokrator