O sacramento da Confissão, também denominado Reconciliação ou Penitência, é o sacramento instituído por Jesus Cristo para apagar os pecados cometidos depois do Batismo. O ato de confessar-se é a ocasião oportuna para alcançarmos nossa cura espiritual, que realiza sacramentalmente nosso retorno aos braços do Pai, de Quem nos afastamos com o pecado. Toda a força do sacramento da Confissão está no fato de nos reconstituir na graça de Deus e de nos unir a Ele com a máxima amizade. Assim, a finalidade e o efeito desse sacramento é a reconciliação com Deus. De fato, a Confissão traz consigo uma verdadeira “ressurreição espiritual”, uma restituição da dignidade dos filhos de Deus (cf. Catecismo da Igreja Católica, § 1468).
Para a validade da Confissão é suficiente arrepender-se de todos os pecados mortais, mas para o progresso espiritual é necessário arrepender-se também dos pecados veniais.
Confessar é dizer a verdade, relatar algo que foi feito; confessar significa assumir tal ato. No caso da Confissão sacramental, significa dizer ao sacerdote os pecados, os erros cometidos contra os Mandamentos de Deus. Mas, para alcançar todos os frutos da Confissão, não basta confessar várias vezes; é preciso confessar-se bem.
Pelo sacramento da Ordem em seu segundo grau (o presbiterado), o padre recebeu a graça de acolher, ouvir, dar uma direção ao penitente. Pela imposição das mãos dos apóstolos, pela graça da sucessão apostólica, os sacerdotes são colaboradores dos bispos, dos primeiros apóstolos que deram este poder para os outros apóstolos até chegar aos de hoje.
Por que confessamos? Porque acreditamos no perdão e na autoridade de perdoar pecados concedida por Jesus Cristo aos apóstolos (cf. Jo 20,22-23). O padre é pecador, mas é um escolhido; e independente de sua santidade, quando ele ministra e perdoa os pecados, a pessoa está perdoada.
Como fazer uma boa confissão?
Para fazer uma boa confissão é necessário: fazer um cuidadoso exame de consciência, arrepender-se dos pecados cometidos e ter o firme propósito de não cometê-los mais (contrição), dizer os pecados ao sacerdote (confissão) e cumprir a penitência (satisfação).
Podemos dizer que são necessários quatro passos. Primeiramente, você deve rezar, pedindo a Deus a graça de uma sincera contrição; em segundo lugar, faça um bom exame de consciência, procurando lembrar-se como foi sua caminhada dede a última Confissão até o momento presente; depois, busque o sacerdote e confesse. Por fim, após a Confissão, cumpra a penitência.
Para uma boa Confissão, é necessária uma atitude do coração: dor pelos pecados cometidos, fazendo o firme propósito de não voltar a cometê-los. A dor dos pecados é o sincero pesar e a repulsa dos pecados cometidos. A dor é de dois tipos: dor perfeita (ou contrição) e dor imperfeita (ou atrição). Tem-se a dor perfeita ou contrição quando se arrepende dos próprios pecados porque se ofendeu a Deus, imensamente bom e digno de ser amado; quando a dor nasce do amor desinteressado a Deus, quer dizer, da caridade. Tem-se a dor imperfeita ou atrição quando o arrependimento, assim que inspirado pela fé, tem motivações menos nobres: por exemplo, quando nasce da consideração da desordem causada pelo pecado, ou pelo temor da condenação eterna (Inferno) e das penas que o pecador pode receber.
- Então, comecemos pela oração. Rezar pedindo a Deus um coração arrependido do mal realizado; muitas vezes, a consciência está laxa, ou seja, até sabe que errou, mas não veio o arrependimento. A oração será esse pedido a Deus para que se convença do mal e se arrependa. O arrependimento certamente olha para o passado, mas implica necessariamente um empenho para o futuro com a firme vontade de não cometer jamais o pecado.
- É importante fazer um bom exame de consciência, ou seja, fazer um balanço desde a última Confissão sobre os males cometidos. Nesse momento, vale dizer que pecado confessado é pecado perdoado. Se um pecado foi confessado e não mais cometido, não se confessa novamente. Outra dica interessante: se você tem dificuldades, medo ou vergonha de se confessar, faça o seguinte: anote seus pecados. Isso o ajudará muito e também ao sacerdote. O exame de consciência é a diligente busca dos pecados cometidos depois da última Confissão bem feita. Dos pecados graves ou mortais é preciso acusar também o número, porque cada pecado mortal deve ser dito na Confissão.
- Buscar um sacerdote católico, um padre ligado à Igreja Católica Apostólica Romana, pois ele recebeu o múnus, a incumbência de celebrar este sacramento pela autoridade do bispo que o ordenou e do bispo local. É em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Igreja que o padre perdoa os pecados. A confissão é a manifestação humilde e sincera dos próprios pecados ao sacerdote confessor. Devemos confessar todos e cada um dos pecados graves, ou mortais, cometidos depois da última Confissão. A confissão dos pecados veniais não é necessária, mas é muito útil para o progresso da vida cristã.
- Depois de confessar, o padre dá alguma orientação. Pode ser que ele peça para o fiel rezar o ato de contrição; depois, dá a penitência. Sobre o ato de contrição, existem fórmulas longas, outras curtas, mas ele pode ser rezado espontaneamente, devendo conter o sincero arrependimento e o compromisso de não mais voltar a cometer os pecados confessados. O padre, normalmente, dá alguma penitência para que o fiel repare o mal. Pode ser uma oração, pode ser um gesto para que se retome a santidade perdida pelo pecado.
E se o padre não deu penitência? Acalme-se! A confissão é válida. Faça uma oração e tenha atitudes de um cristão, ou seja, retome a vivência dos Mandamentos de modo mais efetivo, viva a vida perguntando-se como Jesus faria se estivesse no seu lugar.
O penitente depois da absolvição deve cumprir a penitência que lhe foi imposta e reparar os danos que seus pecados eventualmente tiverem causado ao próximo (por exemplo, deve restituir o roubado).
Confissão, uma benção para nossa vida espiritual
Devemos considerar que o sacramento da Confissão é um dom maravilhoso que o Senhor nos deu! Neste “tribunal”, o culpado jamais é condenado, mas sempre absolvido. Pois quem se confessa não se encontra com um simples homem, mas com Jesus, o qual, presente em seu ministro, como fez um tempo com o leproso do Evangelho (Mc 1, 40ss), também hoje nos toca e nos cura. Como fez com a menina que jazia morta, Jesus nos toma pela mão, repetindo aquelas palavras: “Talita kumi, menina, eu te digo, levante-te!” (Mc 5, 41).
Os efeitos da confissão são a reconciliação com Deus e com a Igreja, a recuperação da graça santificante, o aumento das forças espirituais para caminhar para a perfeição, a paz e a serenidade da consciência com uma viva consolação do espírito.
A Confissão é um meio extraordinariamente eficaz para progredir no caminho da perfeição. Com efeito, além de nos dar a graça “medicinal” própria do sacramento, faz-nos exercitar as virtudes fundamentais de nossa vida cristã: a humildade acima de tudo, que é a base de todo o edifício espiritual; a fé em Jesus Salvador e em Seus méritos infinitos; a esperança do perdão e da vida eterna; o amor a Deus e ao próximo; a abertura de nosso coração à reconciliação com quem nos ofendeu. Enfim, a sinceridade, a separação do pecado e o desejo sincero de progredir espiritualmente.
Confessar-se é uma bênção, por isso não a banalize, não a trate de qualquer forma. Examine a sua consciência, confesse-se e proponha-se a não mais pecar. Seja firme com você mesmo e tenha atenção às brechas que você deixa para o inimigo. Quando se deixa de rezar e vigiar, ninguém está a salvo, qualquer um se torna presa fácil.
Todos temos áreas nas quais somos mais fracos e que requerem atenção especial. Para tanto, é importante buscar o autoconhecimento, descobrir quais são suas fraquezas, pois é justamente nessas áreas que a tentação virá.
Faça sua oração pessoal diariamente, buscando intimidade com Deus. Procure ir à Missa com mais frequência, também durante a semana. Cultive leituras espirituais, como a vida dos santos. Reze o Santo Terço. Vigie. Esse ambiente é legal? Esse programa convém? Por fim, lembre-se de que não basta se confessar várias vezes, é preciso confessar-se e romper com o pecado. Com a graça de Deus, siga em frente e tenha a santidade como meta.
Kátia Maria Bouez Azzi
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator, Teóloga e Filósofa
Respostas de 2