A Beleza da espera em Deus

O que você está esperando em Deus?
O seu marido ou esposa? Um filho? A cura de uma doença? Um emprego? Qual o milagre que você precisa urgente da intervenção do céu? 

É certo que Deus cumprirá o que Ele prometeu, mas para isso é necessário se movimentar e perseverar: “Bem conheço os desígnios que mantenho para convosco – oráculo do Senhor –, desígnios de prosperidade e não de calamidade, de vos garantir um futuro e uma esperança.” (Jer. 29,11)

A beleza da espera em Deus está na confiança e na paciência que cultivamos enquanto aguardamos a Sua intervenção em nossas vidas. É durante esse tempo de espera que crescemos na fé e aprendemos a confiar plenamente em Seus planos. 

Esperar em Deus é acreditar que Ele está no controle e que Sua vontade é plena, mesmo quando não entendemos os Seus propósitos e, principalmente, quando enfrentamos os desafios. É ter a fé de que Ele está trabalhando a nosso favor, mesmo que não vejamos imediatamente o Seu agir. Esse tempo nos ensina a entregar nossos sonhos em Sua misericórdia e a amadurecer na vida de oração; nesses momentos aprendemos que somos fortes para suportar as provações que este tempo nos traz, mesmo que o sentimento seja de fraqueza e incapacidade. 

Como viver esse tempo

A espera em Deus nos ensina a virtude da paciência e da humildade. Às vezes, queremos que as coisas aconteçam imediatamente e conforme nossas vontades, mas nestes momentos Deus nos ensina que Seu tempo é justo e Seus planos são perfeitos. Ele nos direciona nas decisões certas e nos dá a oportunidade para crescimento espiritual, e é nesse tempo que podemos buscar mais intimidade e nos aprofundar na Sua palavra, na confissão e na Eucaristia. 

Nossa atitude de espera pode ser um testemunho importante para a conversão de outras pessoas. Quando enfrentamos os desafios com esperança, fé e paciência, inspiramos e encorajamos aqueles que estão ao nosso redor ou aqueles que, em algum momento, ouvirão nosso testemunho.     

Como esperar segundo a vontade de Deus:

Na Bíblia encontramos exemplos de pessoas perseverantes, provados na espera e que persistiram até ver o agir de Deus. 

A perseverança de Jó

Jó era um homem segundo o coração de Deus; sua vida era abençoada e próspera, mas um dia ele foi provado e tudo lhe foi tirado — seus bens, seus filhos e sua saúde. Mas ele permaneceu temente, fiel, esperando a vontade do Senhor e Deus honrou sua persistência, sua fé, e tudo na vida de Jó foi restaurado em abundância. 

José do Egito

José era um dos 12 filhos de Jacó, foi vendido pelos irmãos como escravo, foi preso, sofreu na pele a injustiça do seu tempo. Mas ele não perdeu a fé e Deus o abençoou, dando a ele o dom de interpretar sonhos. 

Um dia foi chamado para interpretar o sonho do Faraó e foi promovido a governador. Neste tempo sua família foi para o Egito atrás de alimentos e lá estava José sendo autoridade na vida dos seus irmãos; ele podia ter usado sua posição para se vingar, mas foi movido pela compaixão e os perdoou. Dessa forma, José viu as promessas de Deus se cumprirem na sua vida e da sua família.     

Paulo de Tarso

O apóstolo Paulo, de perseguidor se tornou um evangelizador exemplar. Foi perseguido, preso, e mesmo diante de tantos sofrimentos e desafios permaneceu firme proclamando o Evangelho. 

Paulo viveu em tempos difíceis, e mesmo assim, anunciou a palavra de Deus com fervor e se dedicou a viver intensamente conforme as inspirações do Espírito Santo, anunciando o Evangelho e escrevendo cartas para as comunidades, aconselhando e falando do Reino do Céu. Até hoje, Paulo é considerado um grande homem de Deus que nos ensina através da palavra.  

A mulher com fluxo de sangue

A mulher com fluxo de sangue é um exemplo lindo de persistência e fé. Por doze anos, ela sofreu, gastou todos os seus bens em busca da cura, era considerada impura, e por isso, vivia excluída da sociedade.

Ela sabia quem era Jesus e dos milagres que Ele realizava, portanto, tinha a convicção de que se ao menos tocasse a orla do Seu manto, seria curada. E assim aconteceu sua cura.

Testemunho

Em dezembro de 2019 engravidei da minha filha. Foi uma gestação muito esperada. No primeiro trimestre em um ultrassom de rotina, ela foi diagnosticada com Hidronefrose (aumento do volume do rim esquerdo). Nesta época, o isolamento por causa da pandemia estava mais flexível, mas meu obstetra me pediu cautela e isolamento. Com 34 semanas de gestação, ela foi diagnosticada com sopro no coração e, desta vez, fui orientada pelo obstetra a me isolar completamente, já que havia duas anormalidades no desenvolvimento da nossa bebê.  

Este foi um tempo muito angustiante, mas eu e meu esposo fizemos o propósito de entregar inteiramente a vida dela nas mãos do Senhor, porque sabíamos que d´Ele viria o melhor. Por isso, rezamos diariamente, esperando em Deus o nascimento dela.  

E assim seguimos até dia 30 de agosto (esse foi o dia marcado para a cesárea). Ela nasceu às 13:01h. Saiu da barriga fazendo xixi; uma bebê saudável! Logo após o nascimento dela, nos primeiros exames realizados, o seu rim estava do tamanho normal e o coração batendo sem nenhuma anormalidade. Nossa primeira espera havia acabado, Deus manifestou sua bondade e misericórdia na vida da minha filha. 

Após sete dias da alta do hospital, comecei a ter febre e sintomas leves de gripe. Neste mesmo dia, eu, meu filho mais velho e meu esposo, testamos positivo para Covid. Os dois tiveram sintomas leves e se cuidaram com medicações em casa, mas a minha condição se agravou e em dois dias fui internada com pneumonia e 30% dos pulmões comprometidos.

Inicialmente, fui para um quarto isolado e usando oxigênio em tempo integral, porém, no terceiro dia, meu estado de saúde estava sendo considerado gravíssimo, por isso fui transferida para a UTI e sem muita expectativa do que aconteceria comigo. Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo e lembro-me que a única pergunta que fiz ao médico foi se seria entubada e de imediato ele me respondeu que naquele dia não, mas poderia ser a qualquer momento. 

Quando cheguei na UTI, antes de me colocarem nos equipamentos, um enfermeiro muito jovem, chegou do meu lado e carinhosamente me disse: “Agora você tem que trabalhar seu psicológico, não deixa a doença abalar seu emocional e não aceite tomar calmantes, fica consciente o máximo que conseguir e lute para voltar para a sua família!”. Esse foi o agir de Deus naquele momento, porque algumas vezes acordei com esse mesmo enfermeiro me observando dormir, como se tivesse velando por mim. De um modo geral via que a equipe médica cuidava de maneira especial de mim. As enfermeiras me ordenhavam, para que eu pudesse amamentar quando chegasse em casa e me lembravam da minha família e que eu precisava voltar para casa e cuidar da minha filha.

Foi neste tempo que vivi a beleza da espera em Deus; mas não posso dizer que foram dias fáceis ou tranquilos. Durante todo o período em que estive internada passei por procedimentos dolorosíssimos, me senti vulnerável, com medo, com sentimentos de abandono e solidão. No início, eu não tinha consciência ou noção de tempo e não lembrava da minha família, mas, conforme os dias passavam, fui melhorando e minha consciência foi retornando; eu sabia o que estava acontecendo e como precisava da intervenção do céu, precisava de um milagre!

Comecei a rezar, pedindo a intercessão de Nossa Senhora. Todos os dias eu rezava o Terço da Misericórdia e, aos poucos, fui vendo o agir de Deus se manifestando em mim.  

Esse mesmo enfermeiro me deu a notícia da alta e fez questão de me levar de cadeiras de rodas até o carro. Quando a médica foi no meu leito me dar a alta, ela me disse: “Você foi uma paciente exemplar, quanta serenidade e tranquilidade vimos em você durante todo esse tempo”.  Ao chegar em casa, soube que a comunidade que participo esteve em constante oração por mim. Algumas pessoas se levantando nas madrugadas para rezar o rosário, outras rezando diariamente o Terço da Misericórdia às 15h, eram muitas pessoas pedindo para Deus cuidar dos detalhes da minha cura.     

Quando recebi alta do hospital, a espera de rever minha família havia acabado, porém vieram outras. Por orientação médica tive o distanciamento da minha filha nos oito primeiros dias, as limitações causadas pelo longo período de internação, a dependência para usar o banheiro, levantar da cama, o sentimento de incapacidade em não ter forças físicas para carregar minha filha no colo. O longo período de fisioterapia para reabilitação, todo o esforço para reaprender a andar, ter os movimentos motores coordenados, enfim; em tudo eu pude provar da misericórdia de Deus e dos seus milagres, na minha vida e na vida da minha família. Este tempo de espera acabou, e eu e minha família pudemos provar a beleza do céu aqui na terra. 

Permita-se ser gerado nos sonhos que Deus tem para você, e em tudo dai graças!

Tatiane Sales Ruyz
Postulante  da Comunidade Católica Pantokrator

Tags:

  ●    ●  

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Faça a sua doação e ajude a manter a nossa comunidade ativa e próspera

Conteúdos Relacionados

Na oficina de José

São José, esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus, é um exemplo incomparável de paternidade espiritual. Sua missão foi marcada por silêncio, trabalho

Leia mais »
Ao continuar a navegar ou clicar em "Aceitar todos os cookies", você concorda com o armazenamento de cookies próprios e de terceiros em seu dispositivo para aprimorar a navegação no site, analisar o uso do site e auxiliar em nossos esforços de marketing.
Políticas de Cookies
Configurações de Cookies
Aceitar todos Cookies
Ao continuar a navegar ou clicar em "Aceitar todos os cookies", você concorda com o armazenamento de cookies próprios e de terceiros em seu dispositivo para aprimorar a navegação no site, analisar o uso do site e auxiliar em nossos esforços de marketing.
Políticas de Cookies
Configurações de Cookies
Aceitar todos Cookies