Você já deve ter ouvido a expressão: crescer dói. É a chamada agonia do amadurecimento, processo que exige de nós o autoconhecimento, responsabilidade, comprometimento, aceitação das nossas limitações e também dos nossos dons. Passos que nos provocam a sair da zona de conforto.
Em Cristo, somos chamados a crescer “em estatura, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2,52). A não sermos como crianças ao sabor das ondas “agitados por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus artifícios enganadores. Mas pela prática sincera da caridade, cresçamos em todos os sentidos, naquele que é a Cabeça, Cristo” (Ef 4, 14-15).
O que é amadurecer?
No dicionário, amadurecer significa tornar-se maduro, experiente com o tempo. Quem já não viveu a situação de pegar uma banana amarelinha na fruteira e na primeira dentada perceber que ainda não estava madura. A aparência apetitosa escondia o processo de maturação, que passa pelo rompimento das fibras e quebra das ligações de amido, deixando ao longo dos dias, a fruta mais macia e doce.
Como não lembrar também da metamorfose da borboleta, que sofre várias mudanças no seu corpo até se tornar adulta. Longe de ser um processo fácil, amadurecer é deixar que Deus venha quebrar tudo que nos impede de avançar na maturidade de filhos de Deus. Deixar que Ele faça aflorar o nosso melhor, a exemplo do oleiro.
“Desci, então, à casa do oleiro, e o encontrei ocupado a trabalhar no torno. Quando o vaso que estava a modelar não lhe saía bem, como costuma acontecer nos trabalhos de cerâmica, punha-se a trabalhar em outro à sua maneira. Foi esta, então, a linguagem do Senhor: “casa de Israel, não poderei fazer de vós o que faz esse oleiro? – oráculo do Senhor. O que é a argila em suas mãos, assim sois vós nas minhas, casa de Israel.”(Jr 18, 3-6).
Desculpa o transtorno, estamos em construção
Ser essa argila é assumir que não estamos prontos. Ah! Que agonia! Existe um caminho pela frente, que requer de nós coragem, confiança e, principalmente, humildade. Santo Antônio de Pádua vai dizer: “Se o coração é humilde, o corpo é obediente. A humildade gera obediência“.
Imagine se a argila se revoltasse contra o oleiro, toda vez que ele recomeçasse o trabalho. Creio que a tarefa seria mais difícil e tortuosa. Muitas vezes, lutamos contra Deus, não queremos encarar a nossa verdade, não queremos mudar hábitos, romper com o pecado e acabamos por sabotar o nosso crescimento.
Isso sem contar, quando frente as nossas misérias, possuímos um “espírito de derrotismo”, não acreditamos na nossa mudança, nem no bem que Deus tem para nós. Uma grande cilada do demônio. Sigamos o exemplo de Santa Terezinha: “Ó meu Deus, longe de me desencorajar a vista de minhas misérias, venho a vós com confiança“.
O caminho mais curto é a humildade
Papa Emérito Bento XVI recorda que: “Humilitas, a palavra latina donde deriva humildade, tem a ver com humus, isto é, com a aderência à terra, à realidade. As pessoas humildes vivem com ambos os pés na terra; mas sobretudo escutam Cristo, a Palavra de Deus, que ininterruptamente renova a Igreja e cada um dos seus membros“.
Que maravilha, quando nos deixamos modelar, mesmo em meio à agonia. Não tenha medo! Peça a força do Espírito Santo de Deus. O Pai só espera de nós abandono e confiança. Ele te ama!
Andressa Aparecida da Silva
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator