“Não me considero uma grande santa! Considero-me uma santa pequenina. Penso que Deus quis pôr em mim coisas que fazem bem a mim e aos outros” (Santa Teresinha do Menino Jesus).
Durante minha caminhada cristã, sempre gostei de conhecer as histórias dos santos. São absurdamente inspiradoras! Já me emocionei com muitas delas: desde as histórias de jovens mártires (como um São Jose Sanchez Del Río); de pessoas comuns santificadas no matrimônio (caso de Santa Gianna); ou aqueles que preferiram a morte a perder a pureza (como nós vemos na linda história de Santa Maria Goretti).
Todas essas lindas histórias costumavam provocar em mim um misto de sentimentos – muitas vezes contraditórios entre si. A primeira coisa era, justamente, uma empolgação, um desejo ardente de santidade. Era como se aqueles relatos fossem um convite ao meu coração: “Vamos, você também, seja santa!”.
Eu desejava poder (assim como aqueles santos espetaculares) amar a Deus com um amor extraordinário e, através desse amor, ser melhor, conquistar a “Coroa da Justiça” – aquela que São Paulo nos relata em 2Tm 4,8: “Resta-me agora receber a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas a todos aqueles que aguardam com amor a sua aparição”.
Teoria diferente da prática
Mas… Na teoria, as coisas são sempre mais fáceis do que na prática, não é mesmo? Eu dizia, ainda há pouco, sobre o “misto de sentimentos”. Logo após aquele vislumbre e aquela empolgação inicial, eu me deparava com a minha verdade. A minha triste verdade.
Conforme os dias iam se passando, eu começava a tocar minhas inconstâncias, minhas dificuldades de conseguir amar a Deus. E quando me lembrava das lindas histórias que lia, elas já não me davam aquela confiança de que eu poderia também fazer igual. Ao contrário, surgia aquele inevitável momento de comparações: “Os santos são tão bons; eu sou tão ruim…”.
Como eu poderia ser igual a São Jose Sanchez Del Río, que, mesmo sendo torturado para negar a sua fé em Jesus, gritava a plenos pulmões: “Viva Cristo Rei!”? Eu, que não conseguia suportar uma simples dor de cabeça sem cair em murmurações…
“Os mais belos pensamentos nada são sem as obras” (Santa Teresinha do Menino Jesus)
Minha desmotivação se desenrolou por um tempo, até que, um dia, o Bom Deus (como aprendi a chamá-l’O com minha nova grande amiga), quis me apresentar a uma das florezinhas do Seu belo Jardim: Santa Teresinha do Menino Jesus. “(…) O jardim de Jesus. Quis Ele criar os grandes Santos, os quais podem comparar-se aos lírios e às rosas; mas criou também os menores, e estes devem contentar-se em ser malmequeres ou violetas, destinados a deleitar os olhos do Bom Deus (…)”.
Qual não foi minha surpresa ao tocar a extraordinária vida dessa santa! Esta que, mesmo vivendo no escondimento e na simplicidade (sem grandes milagres em vida) foi considerada pelo papa São Pio X como a “maior santa dos tempos modernos”! Santa Teresinha vem nos ensinar a viver o amor. Não é à toa que ela foi declarada “Doutora do Amor” pelo papa São João Paulo II.
Ela mesma nos diz que não é possível amar somente por pensamentos. Faz-se necessário provar em obras nosso amor a Deus. No entanto, através da vida dela, conseguimos ver o quanto essa grande santa possuía a incrível capacidade de transformar o ordinário do dia a dia em algo extraordinário.
Para transmitir a você, meu querido leitor, o que Santa Teresinha pode nos ensinar com sua docilidade, humildade e enorme amor ao bom Deus, poderíamos escrever um livro. Essa minha amiga, que muitos poderiam considerar uma pequena santa, toda frágil, é, na verdade, uma barra de aço, uma gigante diante do Senhor.
Santa Teresinha, com toda a sua humildade, é uma das Doutoras da nossa Igreja, nos trazendo um caminho seguro e certeiro para conquistar a nossa tão sonhada Coroa da Justiça (cf. 2Tm 4,8).
Vamos meditar um pouquinho sobre 3 ensinamentos que podemos aprender com essa florzinha de Jesus?
- “Posso, apesar de minha pequenez, aspirar à santidade.”
Santa Teresinha vem nos ensinar que a comparação com os grandes santos não deve nos desmotivar e nem nos fazer desistir de alcançar a “perfeição da caridade”. Ao olharmos para esses grandes faróis, temos que nos ater ao amor e à confiança que tiveram na ajuda do céu.
A vida dos santos não deve ser motivo de humilhação a nós, mas de profunda motivação. Há algo em comum entre todos eles: santificaram a realidade em que viviam. Assim como Teresinha nos ensina, eles souberam transformar o simples em extraordinário.
Devemos aprender a florescer no jardim em que Deus nos plantou. Posso buscar minha santidade aqui na minha casa, em meio às panelas e aos gritos de meus pequenos. E você, meu querido leitor, pode fazer o mesmo em meio ao seu contexto específico! Nada – nem ninguém – é pequeno demais que não atraia o olhar amoroso e zeloso do nosso bom Deus.
- “Nada é pequeno se feito com amor”
Começaremos a florescer verdadeiramente quando, finalmente, conseguirmos entender que para Deus não importa o tamanho do seu ato, mas sim o tamanho do amor que você colocou ali.
Esta é uma das grandes pérolas de Santa Teresinha: “Apanhar um alfinete por amor pode converter uma alma. Que grande mistério!” Nossa grande amiga vem nos ensinar com sua vida que, mesmo a coisa mais ínfima aos nossos olhos, se feita com amor, possui a capacidade de nos santificar e de santificar os outros ao nosso redor.
- “Só temos o curto instante da vida para dá-lo ao Bom Deus…”
Santa Teresinha entrou para Vida aos 24 anos. Estava “na flor da idade”, quando geralmente se pensa: “eu ainda tenho toda uma vida pela frente”. Porém – e santa Teresinha sabia bem disso –, nós não temos o controle do tempo ou do futuro. Não sabemos como será nosso dia de amanhã! A qualquer momento nossa vida neste mundo pode ser interrompida, de modo que deixaremos aqui os nossos planos e nossas obras inacabadas…
Por isso que, a exemplo de nossa querida amiga Santa Teresinha, possamos usar bem aquilo que temos (o dia de hoje!) para amar a Deus sobre todas as coisas. Nós temos o “agora” para transformar o nosso ordinário em algo extraordinário por amor a Deus.
“A vida é um instante entre duas eternidades. É preciso abandonar o futuro nas mãos do bom Deus… Nada acontece que Deus não tenha previsto desde toda a eternidade. Eu não morro, entro na Vida. Guardar a palavra de Jesus, eis a única condição de nossa felicidade” (Santa Teresinha do Menino Jesus).
Que Deus nos abençoe!
Angélica Baruchi Libório
Discípula da Comunidade Católica Pantokrator