Cristão pacífico é aquele que ama e almeja a paz, enquanto o passivo é o sem iniciativa; indiferente, apático. (segundo o dicionário). Sempre gosto de iniciar com definições para auxiliar no entendimento do que vou me referir ao longo do texto, pois é muito importante conhecermos as verdadeiras definições das palavras para saber usá-las corretamente.
Como seguidores de Jesus Cristo, somos discípulos quando seguimos o Mestre. Se nos dizemos discípulos e seguimos só o que nos convém, então somos auto discípulos, ou melhor, auto mestres.
Importante definir quem somos de verdade e o que buscamos em nossa vida. Se somos cristãos, devemos seguir Cristo em tudo. Ao escolhermos o que queremos seguir, já estamos sendo mestres de nós mesmos, e não cremos que Jesus é Deus e sabe mais do que nós mesmos aquilo que é ou não é bom para nossa vida.
Ao comermos do fruto da árvore do bem e do mal, acabamos querendo ser deus sem Deus e esse foi o fruto do pecado original, cujo sabor não se desprende fácil da nossa língua.
Pode existir cristão passivo?
Acredito que dado a definição da passividade, você já saiba a resposta.
Deixemos o Mestre falar:
“Não julgueis que vim trazer a paz à terra. Vim trazer não a paz, mas a espada.” Mt10,34
Nessa passagem podemos entender que Jesus fala da passividade, da ausência de conflitos e lutas, do comodismo e egoísmo. Ele vem trazer a espada: a luta, a força para o combate, a destreza na guerra que travamos contra o pecado.
Uma pessoa passiva não tem coragem de entrar num combate, sendo assim, não vence suas guerras, é vencido pelo inimigo com facilidade! Iludida pela distorção dos significados das palavras, acredita que ficar quieto no seu canto é contribuir para a paz. Paz para o lado inimigo, é o que ele deseja! Como diz padre Paulo Ricardo: “Para você ir para o inferno é fácil, é só não fazer nada!”
Quem não luta pelo céu vai de braços abertos passar pela porta larga do inferno.
Qual é a Paz do cristão?
“Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: ‘A paz esteja convosco!’ Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor. Disse-lhes outra vez: ‘A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós.’ Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: ‘Recebei o Espírito Santo.’” Jo20,19-22
Acredito que essa passagem esclarece a Paz que Jesus veio trazer. Os apóstolos estavam com medo e se escondiam para rezar, Jesus chega e a primeira coisa que diz é; “A paz esteja convosco!” Aqui fica claro que essa paz não é a mesma do versículo colocado anteriormente. Essa Paz traz a coragem e ousadia de anunciar, alegra, prepara para o recebimento do Espírito Santo! Eis a paz do cristão, a que devemos amar e almejar!
A Paz que vence o medo, que vem da fé no Cristo ressuscitado e não nas portas trancadas, a paz que alegra o coração que crê, que prepara a alma para receber o Espírito do Amor! É preciso paz para amar, é preciso paz para vencer a guerra! Essa paz interior que fortalece a alma e que só Deus pode dar. A paz da ordem, de buscar a vontade de Deus em tudo, na vida ou na morte. Essa é a paz dos mártires, dos santos, a paz proclamada pelos anjos no nascimento de Jesus:
“E subitamente ao anjo se juntou uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus e dizia: ‘Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens, objetos da benevolência (divina)’” Lc2,13-14
Jesus é o Príncipe dessa Paz! Ele veio ordenar todas as coisas para o Pai, veio realizar a justiça que só Ele poderia cumprir com perfeição, reconciliar o ser humano com Deus e estabelecer o Reino dos Céus na Terra. O cristão é aquele que tem a Palavra de Deus como espada que estabelece a Paz verdadeira e a espada do bom combate traz a certeza da vitória.
“Combati o bom combate, terminei a carreira, guardei a fé. Resta-me agora receber a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia.” IITim4,7-8
Rosana Vitachi
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator