Você é alegre?

Alegria! Desejo de todos… Algo que parece abstrato e até utópico, sob o ponto de vista de muitos. Você se considera alegre? Acredita que esse sentimento de satisfação, contentamento e paz, como definem alguns dicionários, pode ser alcançado e experimentado de forma concreta por nós?

Alegria 

Em seu livro “A Alegria de Viver”, Rafael Llano Cifuentes nos diz que “a alegria é como um radar que se põe em movimento quando percebemos – por uma íntima convicção – que nos estamos dirigindo para o centro gravitacional da nossa existência, que é a felicidade. Não é necessário que estejamos na posse real dessa felicidade. Basta que tenhamos a expectativa real de estar no caminho que a ela nos conduz” (1).

Podemos compreender, portanto, que a alegria nasce e cresce em nós à medida que nos aproximamos de nós mesmos, da nossa essência e verdadeira identidade, da nossa vocação.  É através do encontro com Deus que encontramos a nós mesmos, que encontramos o nosso lugar e a nossa felicidade. “São homens felizes aqueles que são fiéis à sua estrela. Porque todos nós nascemos com uma boa estrela: a estrela do nosso destino, da nossa vocação de cristãos. E essa vocação dada por Deus, não o duvidemos, é uma vocação para a felicidade” (2), é o que nos explica Cifuentes.

“E eis que a estrela, que tinham visto no Oriente, os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o menino e ali parou. A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria” (3). O Evangelho de São Mateus nos narra como foi imensa e profunda a alegria sentida pelos magos que responderam ao chamado divino e foram ao encontro do Menino Jesus que acabara de nascer na manjedoura. Coloquemo-nos a caminho do trajeto ao qual Deus nos chama e, já aqui na terra, em mistério, experimentaremos essa alegria profunda, cuja plenitude alcançaremos no Céu.

Alegria passageira x Alegria permanente

Nessa época do ano, muitos se fartam na euforia do carnaval, uma alegria efêmera que dura quatro dias e acaba, muito provavelmente, com uma ressaca na quarta-feira de cinzas.

Há muitas alegrias passageiras que são lícitas e boas, como uma festa, uma comemoração, um encontro com os amigos, uma viagem, uma promoção no trabalho, um aumento de salário… São coisas que nos alegram, trazem uma grande satisfação e, normalmente, deixam boas lembranças em nós. Porém, não podemos pautar nossas vidas nessas alegrias, elas nos fazem bem e geram em nós um sentimento de contentamento, mas, muitas vezes, não são duradouras.

A alegria permanente e verdadeira tem origem no Amor de Deus por nós. O Amor divino é eterno, incondicional e imutável. Por isso, se estivermos alicerçados nesse Amor, seremos capazes de permanecermos alegres, serenos e em paz, independentemente das circunstâncias em que nos encontrarmos.

A alegria cotidiana

A alegria é fruto do Espírito Santo! (4). Portanto, se cultivarmos a presença do Espírito em nós, o que pode ser alcançado através da vida de oração diária e constante, seremos mais sensíveis para perceber as pequenas alegrias que fazem parte do nosso cotidiano.

Como não se alegrar com o sorriso de uma criança ou a beleza singela de um pássaro ou uma flor? Não é verdade? Deus Se manifesta a nós das mais variadas formas!

A alegria nas adversidades

É a alegria que nasce do Amor de Deus que nos sustentará nas adversidades. Unindo as nossas cruzes à Cruz de Cristo, experimentaremos força, paz e a alegria que brota da Ressurreição!

Também é essa alegria que nos encherá de Esperança, virtude que ancora nossos corações no Céu e nos mantém firmes mesmo diante de situações difíceis, confusas e incertas.

“Existem momentos difíceis, tempos de cruz, mas nada pode destruir a alegria sobrenatural, que ‘se adapta e transforma, mas sempre permanece pelo menos como um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de, não obstante o contrário, sermos infinitamente amados’. É uma segurança interior, uma serenidade cheia de esperança que proporciona uma satisfação espiritual incompreensível à luz dos critérios mundanos” (5) é o que nos diz Papa Francisco.  

A alegria dos santos

A alegria dos santos é perfeita, é a alegria da visão beatífica, de estar na presença plena de Deus. E, de modo imperfeito, já podemos tomar posse dessa alegria aqui na terra, pois “a fé nos faz degustar como por antecipação a alegria e a luz da visão beatífica, meta de nossa caminhada na terra” (6).

A palavra santo – beato – significa feliz. É a busca por essa alegria celestial, plena e completa que conduz os santos a uma entrega radical à vontade de Deus, capacitando-os a viver virtudes heroicas até o extremo do martírio, se necessário. Essa é a alegria “misteriosa” e desconcertante que tantos mártires sentiram diante de sua morte, pois estavam certos de que o encontro definitivo com Deus os aguardava.

Que nós desejemos essa alegria da santidade que nos conduzirá ao Céu!

“Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!” (7).

 Que o Bom Deus nos abençoe!

Adriane Megale Luz.
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator. 

  1. “A Alegria de Viver”, Rafael Llano Cifuentes, Ed. Quadrante, Cap. 1.
  2. “A Alegria de Viver”, Rafael Llano Cifuentes, Ed. Quadrante, Cap. 1.
  3. Mt 2,9b-10.
  4. Cf. Gal 5,22.
  5. Gaudete et exsultate, exortação apostólica, Papa Francisco, parágrafo 125.
  6. Catecismo da Igreja Católica (CIC), parágrafo 163.
  7. Fl 4,4.

 

 

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