Quero começar dizendo que se me perguntassem há 5 anos como eu estaria hoje, jamais diria que estaria vivendo o que vivo, muito menos com o coração tão tranquilo.
Demorou um pouco pra eu conhecer a Comunidade. Já morava em Campinas há alguns anos por conta dos meus estudos, mas sentia falta de participar de um Grupo de Oração de jovens e foi então que, ao fazer uma pesquisa no Google, encontrei a Pantokrator e resolvi vir conhecer. Quando estava no Grupo, notei que tinha muito mais sede de Deus do que pensava. Gostava muito da forma de viver da Comunidade; sentia-me atraída pela espiritualidade do Carisma e, então, me engajei na Obra. Um ano depois, comecei o processo vocacional. Mas, no início do processo, nunca imaginava ser da Forma de Vida Comum. Sempre pensava que era Aliança e, quando algumas pessoas me diziam que eu poderia ser Vida Comum, eu dizia que não, que era Aliança.
Mas com o tempo, fui ficando muito próxima da forma de Vida Comum. Notei que quase todos os meus amigos eram de lá; e fui percebendo que tudo o que eles diziam se parecia muito com as coisas que eu queria viver: os anseios do meu coração, as coisas que pra mim pareciam que não eram saciadas. Então eu tive certeza que algo faltava, que teria que prestar mais atenção e rezar. E foi aí que durante o Retiro de Formas de Vida, que acontece durante o primeiro ano do Vocacionado, Deus falou comigo mais claramente. Tivemos um momento de oração e, nesse momento, senti que Deus me pedia mais. Ainda que dentro de mim existisse um misto de desejo pela vida missionária e um orgulho e medo de largar tudo, eu me lancei na busca de Sua vontade.
E assim comecei o processo vocacional na Forma de Vida Comum e, após ser acompanhada pelos meus orientadores, comecei a experiência de um mês na Casa. Na experiência, tudo aconteceu de forma muito natural. Deus foi muito simples comigo. Era como se eu já morasse ali há muito tempo, como se eu já pertencesse àquela Forma de Vida. Então, após o tempo de experiência, minha resposta foi “sim” e ingressei no Postulantado com a Forma de Vida já discernida.
E desde então comecei um processo de descobrimento, de autoconhecimento, de resposta ao chamado de Deus. Na intensidade dessa descoberta, tenho visto que só em Deus posso ser extremamente feliz. Tenho percebido que aqui é onde encontro as respostas aos anseios do meu coração. Eu achava que tinha anseios pessoais e profissionais e fui vendo que não, que minha resposta não estava aí, não era aí que meu coração era preenchido. Meu coração é preenchido aqui, dando toda a minha vida a Deus, entregando tudo que eu tenho, o meu tudo, que na verdade não é nada, para o tudo que é Deus.
Tenho aprendido a amar aquilo que Ele ama e querer o que Ele quer e nada do que já vivi, nenhum dos países em que morei ou dos títulos acadêmicos que tenho me preenchem e respondem ao que meu coração deseja, como eu tenho essa resposta na Forma de Vida Comum. Aqui eu sinto que o meu coração está tranquilo. Aqui na Vida Comum tenho alegria de responder ao que Deus quer, de responder a esse chamado de santidade nessa Forma de Vida, que é um chamado que exige muita renúncia, exige muita morte, mas é um chamado muito feliz e que deixa o meu coração tranquilo por estar fazendo a vontade de Deus.
Durante a reflexão que fazemos ao final do dia, termino o dia na certeza que, mesmo não tendo tudo, nada me falta. Sou apaixonada pela Forma de Vida que Deus, com Seu amor ciumento, escolheu pra mim e eu, por amor, respondi com um “sim”.
Rivia Amaral
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator