Se Deus é por nós, quem será contra nós?

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É uma luta a vida do homem sobre a terra”, bem nos lembra o livro de Jó. E precisamos reconhecer: não é uma luta fácil. Há situações em que o mundo inteiro parece se virar contra nós em uma guerra totalmente desigual e injusta. Porém, aqui está uma verdade imutável: não nascemos para a derrota!

A primeira coisa que precisamos compreender é que estamos em meio a uma batalha espiritual. E quando eu digo “batalha” não estou exagerando nem um pouco. Em diversas passagens das Escrituras somos alertados sobre essa realidade. Todos já devem ter ouvido aquele trecho em que o Apóstolo nos exorta a “vestir a armadura de Deus” e empunhar a “espada do Espírito” (cf. Efésios 6, 10-20). É coisa seríssima!

Se pudéssemos enxergar as realidades invisíveis, avistaríamos uma terrível batalha travada no campo espiritual. Sim, neste exato momento, Anjos e demônios disputam pela sua alma. O exército de Deus insiste em te conduzir pelo caminho da Graça e da salvação; os inimigos de Deus, por outro lado, não cessam de te oferecer propostas sujas e tentações contra a fé. Você não imagina o quanto é valioso e o quanto é disputado!

MAS POR QUE SOMOS ATACADOS?

No princípio de tudo, antes de Deus criar o mundo e os homens, Ele criou seres extraordinários e belos constituídos de espírito puro e dotados (como nós) de vontade livre. São os Anjos!

Os teólogos divergem sobre a quantidade de Anjos. Alguns dizem ser milhares, outros dizem ser bilhões. De todo modo, é uma quantidade enorme e uma variedade surpreendente. A Sagrada Tradição nos ensina que eles possuem uma espécie de hierarquia, sendo nove os tipos (ou “coros”) de Anjos. Um dos coros celestes é o dos Arcanjos, dos quais sabemos o nome de três: Miguel, Gabriel e Rafael.

O fato é que todos os Anjos foram submetidos a uma “prova”. Não se sabe exatamente qual foi o teste, mas alguns teólogos sugerem que Deus lhes mostrou a visão do próprio Filho – o Verbo Eterno encarnando-se como homem e morrendo em uma cruz – o que teria se mostrado totalmente absurdo para alguns dos Anjos. Outros teólogos dizem que Deus revelou o Seu propósito em criar o homem e que os Anjos deveriam servi-lo.

Acontece que uma boa parte dos Anjos se rebelou de modo que se fez ouvir um grito nos céus: “Não servirei!”. Chefiados por um dos Anjos mais belos, Lúcifer, os revoltosos cometeram o primeiro de todos os pecados: a desobediência. Eles foram expulsos do Céu e os seus tronos ficaram vazios. Deus, então, dispôs que os tronos abandonados seriam ocupados pelos homens santos.

É aqui que surge o ódio dos demônios contra a humanidade. É um misto de desejo em atacar a Deus, que nos ama, e de inveja, por saber que nós poderemos ocupar o maravilhoso céu – para onde eles jamais conseguirão voltar. Desde então, o diabo e os seus seguidores se voltaram contra nós e iniciaram aquela batalha espiritual da qual falei no início.

E AGORA? SÓ NOS RESTA DESISTIR?

É importante lembrar que, além do diabo, temos outros dois inimigos ferozes: o mundo e a carne, ou seja, nós mesmos. Muitas vezes, os três inimigos se aliam para tentar nos fazer cair e o combate costuma ser muito maior quando nós decidimos a agir segundo a vontade de Deus.

Todos aqueles que procuram crescer espiritualmente enfrentam dificuldades de todos os tipos: pode ser uma distração profunda no momento da oração; uma dor física que aparece; uma dívida que nos tira a tranquilidade; um problema chato no trabalho… de repente, parece que entramos em um campo de batalha contra metralhadoras e tanques de guerra, enquanto estamos armados com um mero pedaço de pau.

Infelizmente, é aqui que muitos costumam desistir. Alguns simplesmente se consideram fracos demais e jogam a toalha, renunciando a uma busca de santidade. Outros, consideram mais cômodo permanecer da forma como está para evitar batalhas e cansaços: “Afinal”, eles pensam, “não tem como ganhar essa guerra”.

Porém, é aqui que entra a beleza do cristianismo: todo aquele que opta por lutar ao lado de Deus encontra uma certeza de vitória. Como bem lembra São Paulo: “em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou” (Rm 8,37).

A VITÓRIA É CERTA!

Existe uma corrente ideológica vinda principalmente do mundo oriental que enxerga o bem e o mal no mesmo nível. É como se Deus e o diabo estivessem brigando de “igual para igual”, com o mesmo tipo de força. Isto é absolutamente falso! Todos os demônios só existem por permissão divina. Se Deus quisesse, todos eles poderiam ser aniquilados com um simples pensamento ou piscar de olhos. É por isso que em hebraico o nome do Arcanjo Miguel significa: “Ninguém como Deus”.

Guarde bem isso em seu coração: nenhum inimigo pode ir além do ponto em que Deus permitiu (conforme vemos em Jó 1,12). Ou seja, por maior que seja a maldade dos inimigos eles não são livres para fazer o mal que quiserem.

Deus vê tudo e cuida daqueles que são Seus. Jesus nos lembra que o Pai conhece cada fio de cabelo da nossa cabeça (cf. Lc 12,7). São Paulo expressa essa verdade em palavras belíssimas: Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela” (I Cor 10,13).

Isso significa que as lutas que nós enfrentamos jamais nos derrubarão enquanto estivermos no “time de Deus”. E mais: se Deus é sempre Bom e mesmo assim permite as batalhas, quer dizer que essas lutas serão importantes para a nossa santificação, afinal, “sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8,28).

Que este seja o nosso grito de guerra e o motivo da nossa esperança: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8,31). Permaneçamos firmes e obedientes à Palavra do Senhor, pois estamos no lado vitorioso desta guerra. Deste modo, ao fim da nossa vida, poderemos comemorar como São Paulo – o qual “combateu o bom combate” e pode finalmente esperar a “Coroa da Justiça”.

Que a Virgem Santíssima, mãe de todos os combatentes de Deus, sustente-nos em nossas lutas.

Rafael Aguiar Libório
Consagrado da Comunidade Católica Pantokrator

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