Quando falamos da Palavra de Deus, logo pensamos na Bíblia, pois ela é por excelência a Palavra de Deus; nela está a história da salvação e na plenitude dos tempos ela se torna o Verbo encarnado, o próprio Filho de Deus que veio nos salvar.
A Palavra é a bússola que guiou o povo da Antiga Aliança e continua a nos guiar, pois ela é imutável para sempre. Nela está contida a verdade que nos liberta.
Hoje, quando queremos meditar a Palavra, temos acesso à Bíblia, lemos o texto que escolhemos, e, a partir dele, podemos tocar um mistério n’Ela presente. Mas nem sempre foi assim. O acesso à Bíblia é algo considerado recente, depois do Concílio Vaticano II. Antes dele, devido a restrições e até mesmo à questão da leitura, não era fácil ter acesso à Bíblia, e quando se tinha, muitos não sabiam ler.
O ápice da Palavra de Deus
O ápice da Palavra de Deus é o mistério da encarnação, paixão, morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, encontrado nos Evangelhos. Neles estão presentes todo o mistério da vida de Jesus e de toda a Sua ação em favor da humanidade. Todo o Antigo Testamento tende para Cristo, e todo o novo testamento tem Cristo como centro.
Rosário como caminho meditativo do Evangelho
Como mencionamos acima, muitos não tinham acesso à Bíblia ou não sabiam ler, mas Deus, em Sua infinita bondade, inspirou para os mais humildes, simples e de coração dócil, o Santo Rosário. Nele podemos meditar os pontos cruciais da vida de Jesus; é um caminho meditativo que nos leva a tocar o céu, é um caminho do pobre de espírito para chegar à pátria eterna.
O Rosário é um meio eficaz de meditação da Palavra de Deus; mesmo que hoje tenhamos acesso à Bíblia e à leitura, nele nós encontramos uma mestra capaz de nos ensinar “a fazer tudo o que Ele (Jesus) vos disser”. Maria tocou diretamente em todos os mistérios da vida de Cristo, por isso se torna para nós mãe e mestra nestes mistérios, nos educa na verdade que é a Palavra encarnada, seu próprio filho Jesus.
Fidelidade da mãe
O simples de coração encontrou durante séculos um meio de tocar o mistério da redenção, mas não sem a cooperação daquela que é corredentora. No caminho com Maria nos permitimos ser transformados pela potência da graça; em cada mistério do Rosário meditado, lá está Maria, fiel e dócil. Seu “sim” ressoa em cada Ave Maria, a sua intercessão em cada clamor, o seu auxílio em cada grito e seu carinho em cada dor.
A dor do Senhor, a dor de Maria e a nossa dor
Só é capaz de permanecer diante da cruz do Senhor aquele que caminha com Maria; sem ela é impossível contemplar e amar a paixão dolorosa de Nosso Senhor. Por isso muitos rejeitam a cruz. Sem Maria é impossível amar a cruz, só ela é capaz de acalentar os corações diante de tão grande mistério. Mas, com seus méritos de mãe, somos capazes de tocar esse poderoso mistério, como João e as piedosas mulheres. Os que não estavam com Maria não resistiram.
O mistério das nossas dores é dissolvido nas dores da paixão do Senhor pela poderosa intercessão de Maria, medianeira de todas as graças.
Mistérios do Rosário como degraus de salvação
Cada mistério meditado é como um degrau subido rumo ao céu, passo a passo; repetidas vezes vamos nos exercitando neste caminho e nos tornando hábeis nele, como quem não perde o rumo certo, que sabe o caminho de ir e vir.
O Redil de Pedro
A igreja é o Redil de Pedro, a casa das ovelhas, e o Rosário, com suas pontas conectadas, tem a representação de redil, de estar dentro da igreja, cercados e protegidos.
O mistério do Santo Rosário é algo extraordinário; não são simples repetições de palavras, mas repetição de bênção sobre bênção, um bálsamo de odor agradável que sobe aos céus como incenso de oferta de vida, como foi a de Maria. É um caminho de unidade com a Mãe, que é inseparável do Filho.
Elias Antonio Breda Gobbi
Consagrado da Comunidade Católica Pantokrator