Imagine a cena antes da ressurreição. Tudo parecia perdido. O Mestre, aquele que havia curado enfermos, acalmado tempestades e ensinado sobre um Reino de amor, agora estava morto. Os discípulos, que tinham deixado tudo para seguí-Lo, estavam mergulhados na angústia. O silêncio daquele sábado foi ensurdecedor. E talvez você já tenha sentido esse silêncio na sua vida. Quando as promessas parecem distantes, quando as orações parecem sem resposta, quando a fé vacila diante das dores do mundo.
Mas então, algo aconteceu! No amanhecer do terceiro dia, a pedra foi removida. O túmulo, que deveria guardar a morte, tornou-se o marco de um novo começo. Cristo ressuscitou. E com Ele, a esperança renasceu.
O Poder da Ressurreição de Cristo
São Paulo Apóstolo, ao escrever aos Romanos, nos lembra que essa ressurreição não é apenas um evento histórico, mas uma realidade que transforma vidas:
“Que o Deus da esperança os encha de toda alegria e paz por sua confiança nEle, para que vocês transbordem de esperança pelo poder do Espírito Santo.” (Romanos 15:13)
Note que São Paulo Apóstolo não fala de uma esperança passageira, baseada em circunstâncias. Ele fala de algo que transborda, que é derramado dentro de nós pelo próprio Deus. Essa esperança não se apoia em garantias humanas, mas na fidelidade daquele que venceu a morte. Se Jesus ressuscitou, então a dor não tem a palavra final. O sofrimento não define nossa história. A morte não é o ponto final. E isso muda tudo.
Páscoa e Natal: O que é mais importante?
Dentro do cristianismo, há diferentes ênfases sobre os momentos mais sagrados da fé. Para muitas vertentes protestantes, o Natal é a data mais celebrada, pois representa a chegada do Salvador ao mundo, o cumprimento da promessa messiânica. A encarnação de Cristo é vista como o maior presente divino à humanidade.
Por outro lado, na tradição católica apostólica romana, a Páscoa ocupa o lugar central. Isso porque, sem a ressurreição, a promessa não teria se cumprido. A morte teria sido o fim, e a cruz, apenas um símbolo de derrota. Mas Cristo ressuscitou, e essa vitória sobre a morte é a essência do cristianismo. Como diz São Paulo Apóstolo em outra carta: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (1 Coríntios 15:14).
A verdade é que ambos os momentos são inseparáveis. O nascimento foi necessário para que houvesse a cruz, e a cruz só tem significado porque foi vencida pela ressurreição. O cristianismo não é apenas uma fé sobre um grande mestre que nasceu, mas sobre um Salvador que venceu a morte e vive eternamente.
Vivendo a Esperança
Ainda assim, viver essa esperança pode ser um desafio. Os discípulos só entenderam plenamente a ressurreição quando encontraram o Cristo vivo. Da mesma forma, só podemos viver essa esperança quando experimentamos a presença real de Deus em nossas vidas. São Paulo Apóstolo fala sobre o seu próprio chamado, sobre como Cristo operou sinais e maravilhas entre os gentios, trazendo a eles essa nova vida no Espírito (Romanos 15:18-19). Essa transformação não foi apenas teórica, mas real e visível.
E hoje, essa mesma transformação continua acontecendo. Cada vez que alguém encontra sentido onde antes havia vazio, há ressurreição. Cada vez que o perdão vence o ódio, há ressurreição. Cada vez que um coração quebrado é restaurado, há ressurreição. Cristo ressuscitou para que pudéssemos viver. Não apenas sobreviver, mas viver de verdade – com alegria, paz e a certeza de que não caminhamos sozinhos.
Então, se hoje você se sente como os discípulos no sábado do silêncio, lembre-se: o domingo da ressurreição sempre chega. Deus ainda age, ainda transforma e ainda faz novas todas as coisas.
A pergunta é: você está pronto para viver essa esperança?
Denis Dias
Postulante na Comunidade Católica Pantokrator