Qual é a medida do amor diante do cotidiano do matrimônio

O matrimônio é sagrado

Cristo Senhor elevou a aliança matrimonial, pela qual o homem e a mulher constituem entre si a comunhão da vida toda, à dignidade de sacramento entre os batizados. Por sua índole natural, essa aliança se ordena ao bem dos cônjuges, à geração e à educação da prole.(1)

É importante que os casados e aqueles que ainda não são, mas possuem este chamado, meditem e recordem sempre a definição acima tirada do Catecismo: o matrimônio foi elevado à dignidade de sacramento pelo próprio Senhor, ou seja, trata-se de algo sagrado, uma missão que homem e mulher recebem de se doarem mutuamente com o mesmo amor que Cristo amou a sua Igreja. No casamento é necessário sair de si mesmo e dar-se de forma livre, exclusiva, fiel e fecunda ao outro. O matrimônio é um passo seríssimo que os noivos dão na construção de uma família guiada pela vontade de Deus.

As promessas

Você se lembra das promessas que fez no dia do seu casamento? Há um diálogo que o ministro ordenado (padre ou diácono) conduz antes do consentimento, são basicamente três perguntas.

 “Viestes aqui para celebrar o vosso Matrimônio. É de vossa livre vontade e de todo o coração que pretendeis fazê-lo? Estais decididos a amar-vos e a respeitar-vos, ao longo de toda a vossa vida? Estais dispostos a receber amorosamente os filhos como dom de Deus e a educá-los segundo a lei de Cristo e da sua Igreja?” (2)

Veja como é sério este diálogo! O amor, a doação e a construção de uma vida comum sobre o mesmo espaço, com os mesmos objetivos só podem ser verdadeiros, segundo a Igreja, se forem livres, para sempre e abertos à vida. 

Mais do que um sentimento, é uma decisão firme

Segundo os parâmetros das relações modernas, a abdicação de uma afetividade e sexualidade liberal, onde é possível ter experiências com vários parceiros (inclusive na mesma noite), por uma relação exclusiva é considerada uma loucura. Optar por usar a liberdade para se ‘prender’ a apenas uma pessoa e se dar inteiramente a ela é visto como um comportamento incompreensível. Da mesma forma que a liberdade permite essa escolha, o amor entre os cônjuges deve ser perene. Mais do que um sentimento, é uma decisão firme. O ‘sim’ diante do padre não pode ser uma mera formalidade; deve expressar um firme propósito de doar-se ao seu marido ou à sua esposa.

A terceira pergunta refere-se à fecundidade do casal. Nesse sentido, Deus escolheu o matrimônio como o lugar para gerar a vida humana. Além disso, receber e educar os filhos é uma missão sublime que devemos levar com grande seriedade. Portanto, ao gerar homens para este mundo, também estaremos gerando almas para o céu. Ademais, as passagens bíblicas mostram que os pais sempre consideram os filhos como bênçãos.

O casamento segundo a visão deste mundo

Na contramão de tudo aquilo que Deus planejou e quis para o matrimônio, vemos na atualidade uniões totalmente desfiguradas, os números corroboram para esta afirmação. “Brasileiros se casam menos e se divorciam cada vez mais, aponta IBGE” (3). As promessas feitas no altar, isso quando se casam na igreja, são meras palavras jogadas ao vento e que não fazem nenhum sentido neste mundo secularizado, a doação livre e total dá lugar a casos e mais casos de infidelidade ou uniões “abertas”. O casamento, segundo as tendências, possui prazo de validade, o eterno é um termo que não existe, quantas vezes já escutamos: “Se não der certo, cada um vai para o seu lado e que seja feliz assim!” ou “Nos separamos pois o amor acabou”. 

E os filhos? É crescente o número de casais que tomam a decisão de não terem filhos (4) pelos mais diferentes motivos e o principal deles consiste em “perder a liberdade”, pois, para esta concepção, filhos são sinônimos de gastos, aborrecimentos, cansaço… ideia contrária àquilo que as Sagradas Escrituras nos apresentam.

O egoísmo é o fator dominante nessas relações degeneradas. Esse pecado, que consiste em colocar todos os seus desejos, sentimentos, interesses e necessidades acima da outra pessoa no relacionamento, faz com que o ‘amor’ se torne descartável. Consequentemente, à medida que o relacionamento não traz mais satisfação pessoal e não há mais atração física pelo outro, o amor se desfaz.

“A felicidade não é alcançada por meio de gratificação pessoal, mas através da fidelidade a um objetivo que valha a pena” (5). No matrimônio, alcançamos a felicidade quando fazemos o outro feliz. Quando o marido prioriza o bem-estar da esposa e vice-versa, o amor também se manifesta em ajudar o cônjuge a viver a santidade e a chegar ao céu.”

Qual a medida para amar meu marido ou minha esposa?

Qual é a medida do amor no matrimônio? São Paulo responde na carta aos Efésios: “E vós, maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (Ef 5,25). Cristo nos amou com amor de cruz, foi até às últimas consequências e se manteve fiel à vontade de Deus Pai; é com esse amor que hoje Ele quer que o casal se ame. Esse amor é humanamente impossível de se praticar; portanto, Cristo sacramentalizou o matrimônio para possibilitar a vivência desse amor. Dessa forma, com a graça d’Ele, torna-se viável dar a vida pelo outro.” Qual é a maior conquista que alguém pode ter? Jesus nos ensina que é possuir o céu, viver a intimidade com Ele. Que possamos transformar nossas relações entre marido, mulher e filhos numa antecipação do céu e chegarmos juntos a gozar desta inigualável conquista.

São José, rogai por todos nós, pelos casais e por todas as famílias!

Raul Cézar Aparecido dos Santos Cid
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator