Você que se sente impelido a lutar por “causa” que gritam ao seu coração; ao ver alguém passando fome sem ter condições de se alimentar; ou que se comove ao ver crianças abandonadas. Você que faz questão de não arruinar o planeta para as próximas gerações, que resgata animais maltratados, que luta por uma política e educação melhores, você que se põe a levar alegria e esperança aos que mais sofrem… Te convido a esta reflexão!
Em primeiro lugar, mesmo sem saber a SUA “causa”, faço questão de cumprimentar pela Caridade que abriga em seu coração e que te move, não se fechando no egoísmo. Sabemos que Caridade é Amor, e “Deus é Amor”! (1Jo 4,8b)
Gestos de Caridade são a voz de Deus, que se reverbera em nossos atos. Eles traduzem a relação do Deus Vivo com o Seu povo.
SOBRE A MISSÃO DE CRISTO
Nós cristãos somos chamados a imitar o Cristo, mesmo que numa escala muito menor, coerente com nossa capacidade humana.
Jesus multiplicou os pães, e de certa forma podemos imitá-Lo, ao repartir o que temos. Ele curou os cegos e surdos, e nós podemos “abrir os olhos e ouvidos” uns dos outros, revelando as verdades que Deus nos inspira.
Cristo curou os paralíticos, e nós podemos incentivar os que se encontram paralisados em seu desânimo. Ele intercedeu ao Pai, para que não se perdessem nenhum daqueles que Lhe foram confiados. Nós podemos e devemos fazer o mesmo. Ele também serviu aos Seus (como vemos no episódio do “Lava-pés”). Servir ao próximo é algo mais concreto, mais palpável para nossa realidade humana.
Jesus, pelo Seu Poder, expulsou o mal. Isso também é possível para nós, através da vida de oração e luta contra o pecado.
Não podemos ressuscitar mortos, mas podemos apontar às pessoas o sentido da vida. E mais do que isso: podemos instruí-las para o Caminho da Salvação (e, portanto, ressurreição, a seu tempo).
JÁ PENSOU NA IMPORTÂNCIA DE LUTAR PELA “CAUSA” DA VERDADE?
Estamos num contexto onde aqueles que conhecem a Verdade precisam ter “paciência” (e sabedoria) ao lidar com os que adotaram verdadeiros absurdos e aberrações como “suas verdades”, como se fosse possível coexistirem coisas tão contraditórias. Deus é a própria Verdade! (Cf. Jo 14,6)
São Paulo já havia nos alertado que surgiriam falsas doutrinas, e que precisaríamos estar atentos, pois elas fazem parte da estratégia do inimigo de Deus, que pretende nos enganar, desviando-nos da Salvação. (Cf. Ef 4,14)
Você parou para pensar que um simples engano pode “roubar” uma alma da Vida Eterna?
Então eu te exorto: em meio aos nossos desequilíbrios de “dar conta de tudo” o que a vida nos exige, veja bem quais são as suas prioridades. Para que as “causas eternas” não sejam deixadas de lado, mas que sejam o foco de nossos empenhos! Porque às vezes minimizamos sofrimentos passageiros uns dos outros, mas faltam-nos incentivos para minimizar os sofrimentos eternos! (Talvez a coragem de mostrar a Verdade!) A Verdade deve ser buscada em fontes reconhecidas pela Santa Igreja, e disseminada a quem pudermos!
Ainda falando em “causas eternas”, venho lembrar da importância de intercedermos por aqueles que se foram desta vida (muitos já estão no Céu – mas nossas Orações nunca são demasiadas, e pode ser que Deus as acolha em benefício de outras almas, muitas vezes esquecidas, que ainda padecem no purgatório).
A PRINCIPAL “CAUSA” DE CRISTO
Retornando ao assunto da Missão de Cristo, embora cheio de Misericórdia e “desgastando” Sua humanidade para auxiliar o máximo de pessoas, podemos observar que Ele não “perdia o foco”: o foco da Salvação!
Cada pessoa curada e libertada por Ele era convidada a uma CONVERSÃO DE VIDA! Fazia uma experiência maior de fé.
No Evangelho do paralítico que “desceu pelo telhado” (Cf. Mc2,1-12), Jesus deixa claro que a maior libertação deste homem não foi sua cura física (embora muito importante!) – Mas a maior graça recebida foi o perdão de seus pecados!
Jesus ajudou muitas pessoas com suas necessidades temporais. Mas sua vida pública foi marcada pelo ensino da Verdade! Que aponta para o Céu!
Apoiados nas profecias de que o Cristo esperado reinaria, os religiosos contemporâneos a Jesus não o reconheceram, pois esperavam que o Seu Poder fosse visivelmente manifestado, segundo as suas concepções. Não compreendiam os mistérios d`Aquele que, sendo Deus, quis vir ao mundo nas condições de maior vulnerabilidade humana! Esperavam que a sua “causa” fosse restaurar a sociedade da época (o que seria, sim, algo muito importante). Mas Ele veio redimir o universo, com todas as gerações da humanidade! Rendeu-se à morte num aparente fracasso. E assim transformou a morte em “porta para a vida”!
“O meu Reino não é deste mundo” – disse Ele em Jo 18,36a. E porque o nosso Reino não é deste mundo é que são invisíveis para nós as realidades eternas. E este é o perigo: elas muitas vezes não nos comovem, não nos “gritam ao coração”, como as realidades palpáveis, a não ser que estejamos imbuídos de consciência sobre toda a Verdade.
Luiza Torres
Discípula da Comunidade Católica Pantokrator