“Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai”1. Chamados a ser outros “Cristos”, devemos refletir esse rosto de misericórdia de Cristo no mundo em favor do próximo pelo impulso da caridade.
“Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso”, trecho do sermão da montanha, cerne da doutrina de Jesus, que nos conclama a sermos esse reflexo do Pai, necessitados que somos da Sua misericórdia. Por isso a Igreja em sua sabedoria nos chama às obras de misericórdia tão pedidas pelo Papa no ano da Misericórdia.
Há catorze Obras de misericórdia: sete corporais e sete espirituais.
Obras de misericórdia corporais:
1) Dar de comer a que tem fome
2) Dar de beber a quem tem sede
3) Dar pousada aos peregrinos
4) Vestir os nus
5) Visitar os enfermos
6) Visitar os presos
7) Enterrar os mortos
Obras de misericórdia espirituais:
1)Ensinar os ignorantes
2) Dar bom conselho
3) Corrigir os que erram
4) Perdoar as injúrias
5) Consolar os tristes
6) Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo
7) Rezar a Deus por vivos e defuntos
Uma reflexão
Quando vemos a relação das obras de misericórdia e a necessidade do próximo, logo ficamos impulsionados a praticá-las, mas é muito importante nós, primeiro, fazermos essa experiência em nossas vidas.
Nós não podemos simplesmente tentar colocar em prática aquilo que não experienciamos. A obra da redenção consiste na revelação da misericórdia do Pai, em Cristo, que desce às nossas misérias mais profundas e nos soergue pelo poder da Cruz. Todo cristão que deseja o céu precisa fazer essa experiência, e, somente após estarmos capacitados, a colocá-la em prática.
O texto do Filho Pródigo em Lc 15,11ss é um grande “mestrado” para nós, tanto do filho mais jovem, que faz essa extraordinária experiência, como do filho mais velho, que não entende o gesto do pai. Isso pode ser nosso grande erro. Assim como ele, podemos fazer tudo corretamente, como ele disse: “há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem sua” (Lc 15,29) e, encolerizado, não queria entrar para a festa do mais moço. Veja que fazer tudo certinho não nos garante o céu, mas só experimentar a misericórdia.
Colocando em prática
Só quem toca na sua própria vida essa graça entende a miséria do outro e não age mais como juiz, mas com caridade, pois um dia se viu necessitado do abraço do pai como o filho mais jovem que volta para casa depois de uma experiência de uma vida dissoluta. Toda situação de pecado é dissolvida no abraço de misericórdia, toda sujeira é lavada, somos revestidos de vestes novas, é motivo de festa, pois Cristo é o banquete da alegria atualizado em cada Santa Missa.
Expandindo o coração
No fluxo da misericórdia, expandimos nosso coração em favor do outro, alongamos os braços salvadores de Jesus na cruz que toca os que precisam entrar na rota da salvação. Não em um simples gesto só para o mundo temporal, mas que eleva ao mistério do mundo espiritual que nos faz tocar o céu mesmo aqui na terra.
Aí, como nos pede o Papa Francisco, as obras de misericórdia tornam-se “um estilo de vida”, não somente gestos isolados. Elas passam a ser o fruto da nossa própria experiência.
- Bula Miseridordiea vultus
- Fontes – site opus Dei, pregações espirituais, santa Elisabete da Trindade
Elias Antonio Breda Gobbi
Consagrado da Comunidade Católica Pantokrator