A paternidade é um dos conceitos mais atacados – e subvertidos – dos dias atuais. O papel do homem como “chefe da família” é ridicularizado e combatido em várias novelas, séries ou obras literárias consideradas “modernas”. Existem, inclusive, diversas mulheres que optam por ter filhos sozinhas (muitas vezes por inseminação artificial) e dizem com orgulho que seu filho não precisa de um pai; chamam a isso de “produção independente”.
É bem verdade que sempre existiu a realidade dos meninos órfãos ou abandonados, mesmo nos tempos mais antigos. Porém, o fenômeno da ausência do pai nos dias atuais se tornou algo absurdamente comum e banalizado – e até comemorado por muitas pessoas. E isso se deve a dezenas de motivos: a aprovação e o incentivo ao divórcio; a promiscuidade sexual entre os jovens; a adesão generalizada às agendas revolucionárias, como o feminismo radical; e até mesmo os “conceitos modernos” de família.
Mas será mesmo que o pai é uma figura tão dispensável e sem importância? Será que a paternidade é uma ideia realmente inventada pelos antigos e está fadada à extinção? Na condição de filho e de pai, eu escrevo este pequeno texto para responder: Não! O mundo necessita desesperadamente de pais fortes e dispostos ao sacrifício!
O QUE DEUS PENSA SOBRE A PATERNIDADE?
Quando Deus elaborou seu plano para salvar a humanidade, Ele resolveu nos mandar aquilo que possuía de mais precioso: seu próprio Filho (cf. Jo 3, 16). E notem bem: Cristo foi concebido de maneira virginal no seio da Virgem Maria, ou seja, sem nenhuma cooperação masculina. Significa que Jesus não possui um pai biológico neste mundo. Porém, ainda assim, Deus fez questão de lhe providenciar um pai – e não foi um pai qualquer: São José.
E em diversos pontos das Escrituras, é possível perceber o quanto Deus é apaixonado pela paternidade. Lá no Antigo Testamento, as figuras que iniciaram o povo de Deus são chamadas de “Patriarcas”. Quando o Senhor quis honrar Abraão pela sua grande fé, prometeu que ele seria “pai de uma grande nação”. O próprio Criador do céu e da terra é chamado na Bíblia pelo nome de Pai.
Lá no livro de Gênesis, um dos filhos de Noé foi amaldiçoado por ter escarnecido do próprio pai quando este se embriagou (Gn 9, 21-27). Já no Eclesiástico, Deus promete que jamais se esquecerá dos filhos que tiverem caridade com pai durante a velhice (Eclo 3, 14-15).
Portanto, é evidente que o Senhor deseja a paternidade e a sustenta. O fato é que todos aqueles que possuem fé em Deus e seguem com fidelidade os seus mandamentos (,) terão tudo aquilo que é necessário para criar seus filhos e educá-los para o céu (sejam eles filhos biológicos ou adotivos), pois Deus dá a sua graça aos amigos.
MAS QUE DIFERENÇA FAZ UM PAI?
Diversos livros e estudos sobre psicologia e antropologia já relataram a importância de que uma criança cresça em um lar saudável e na presença de uma figura paterna. O pai possui algumas funções específicas no seio da família que não podem ser preenchidas completamente pela mãe.
Quando se trata de filhas, a presença do pai é aquela que vem trazer a segurança afetiva tão fundamental. Toda menina possui em seu coração o anseio de ser bela e importante. Não é à toa que as meninas se identificam tanto com as princesas dos contos de fadas. Elas querem se sentir especiais e, geralmente, cabe ao pai ser aquele que vai confirmar sua beleza.
A menina que cresce ouvindo elogios e afirmações do próprio pai (,) tende a ser mais segura no campo afetivo. Quando chegar a fase de ser paquerada pelos rapazes, não terá a necessidade de se entregar a qualquer um em troca de carinho e afirmação – uma vez que seu pai já a fez se sentir uma princesa!
Quando se trata de filhos (meninos), a voz e o exemplo do pai são fundamentais para ensiná-los os valores próprios da masculinidade, como a força, a honra, o sacrifício e as lutas. É preciso lembrar que os meninos, quando bebês, estão em contato constante com a mãe, cercados de afetos e cuidados (o que é importante). Porém, em dado momento, eles sentem a necessidade natural de explorar, de se aventurar, de batalhar… É aqui que todo menino precisa de uma figura masculina que o ajude!
O menino que cresce sem a presença constante do pai, costuma ser mais inseguro diante das situações. Ele é forte por dentro, mas ninguém o ensinou isso ainda. Isto se torna ainda mais evidente nos contextos em que a mãe é superprotetora e o cerca de limites. A verdade é que o menino precisa, sim, brincar de espadas e de salvar a princesa – isso está na sua essência! O pai é aquele que irá mostrar o caminho e ensinar as virtudes que um verdadeiro guerreiro deve ter.
NÃO PODEMOS TER MEDO DE SER PAIS
Diante da loucura do mundo atual, já ouvi muitos homens dizer que não pretendem ter filhos, pois “não querem colocar crianças nesse mundo horrível”. Este pensamento está completamente invertido: é justamente em razão de o mundo estar louco que nós precisamos, urgentemente, trazer filhos bem-educados para mudá-lo.
Se você, que está lendo, é um destes homens temerosos, tranquilize o seu coração. Não existe o “curso de paternidade perfeita”, e você não precisa decorar dezenas de esquemas didáticos de educação. Só o que você precisa fazer é se abrir à vida e se dispor a ser um pai virtuoso e cristão.
O seu filho não precisará da melhor escola particular e nem dos brinquedos mais modernos. Ele precisará de um homem firme e disponível ao seu lado, que saiba lhe dizer “não” quando for necessário. Não existe nenhuma pregação ou curso no mundo inteiro que consiga ensinar aquilo que o pai demonstra pelo seu exemplo cotidiano!
Que o glorioso São José, modelo de paternidade, nos ajude a cumprir bem a nossa missão de educar os filhos para o céu!
Rafael Aguilar Libório
Discípulo da Comunidade Católica Pantokrator