Paris 2024, uma Olimpíada crente num País laico

Os Jogos Olímpicos trazem um tempo festivo da Humanidade, de grandeza humana, beleza e, sobretudo, comunhão entre os povos. Em suas origens na Grécia antiga, as Olimpiadas eram também um momento de culto aos deuses da mitologia, de maneira especial, a Zeus. Nos tempos modernos, em que o laicismo decretou que a crença não deve ter espaço público, Paris, “capital mundial do laicismo”, parecia prometer uma Olímpiada Laica.

Para surpresa de todos, logo no início, uma “santa ceia” celebrativa – mas nada santa – está no centro da abertura dos Jogos Olímpicos. Na Paris ícone do laicismo, a religião volta ao centro do palco das Olimpíadas. Essa volta não se dá somente porque a “santa ceia woke” denigre o cristianismo, mas porque, na verdade, ela traz de volta uma religião, sim, uma religião na sua forma laica, típica das ideologias.

O episódio em questão denuncia o caráter religioso e fanático do identitarismo woke: a minha crença deve se impor a todos e as outras precisam ser banidas, destruídas. Daí se entende o interesse em se colocar em plena abertura dos jogos Olímpicos uma “santa ceia” que ataca sem pudor o sentimento de mais de 2 bilhões de pessoas no planeta, os cristãos. Não nos enganemos, atrás do discurso utópico e revolucionário do identitariíssimo woke está uma ideologia com toda a carga religiosa. As ideologias são tentativas de transcendência sem Deus e sem fé, em que o homem tenta resolver seus problemas pessoais e sociais em um ‘além da razão’ cheio de mitos e crenças. Basta olhar com atenção e você vai encontrar ali dogmas e crenças, cultos e celebrações, santos e mártires, proselitismo e sacrilégios. Quanto aos dogmas e sacrilégio, basta pensar que palavras erradas em um texto como esse poderiam me condenar ao inferno woke.

O contraditório religioso de uma Olimpíada laicista seguiu-se durantes os jogos. Sinais cristãos são banidos e punidos; os únicos permitidos são os que demarcam o totalitarismo identitário da cultura woke que se impõe: o culto de gênero entra no ringue e ninguém é capaz de barrar um homem biológico massacrando uma mulher. Nada estranho para uma religião pagã que costuma fazer sacrifícios humanos aos olhos de todos. Porém, atletas cristãos corajosos resolvem enfrentar a guerra santa declarada e manifestam, nas formas mais variadas, a sua fé, como a profissão de fé em libras da skatista Rayssa Leal.

Em plena modernidade que se orgulha de seu laicismo, estamos diante das Olimpíadas mais religiosas dos tempos modernos. Sem se perceber, deuses como do Olimpo pagão e seus mitos são trazidos de volta, deixando clara a verdade de que o ser humano não vive sem transcendência, sem Deus. Ao negar os deuses vigentes e suas inconveniências, logo se criam outros deuses mais convenientes.

Aos cristãos que se sentem arrasados diante do totalitarismo dos novos deuses do Olimpo, como Paulo em plena Atenas (cf. Atos 17, 16-34; 21Cor 2, 1-5), aprendamos que, diante dos gregos e judeus do nosso tempo, temos uma única sabedoria, a de Cristo Crucificado que vence o mundo.

André Luiz Botelho de Andrade
Fundador da Comunidade Católica Pantokrator

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