“1 Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e conduziu-os à parte a uma alta montanha. 2 Lá se transfigurou na presença deles: seu rosto brilhou como o sol, suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. 3 E eis que apareceram Moisés e Elias conversando com ele. 4 Pedro tomou, então, a palavra e disse-lhe: ‘Senhor, é bom estarmos aqui. Se queres, farei aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias’. 5 Falava ele ainda, quando veio uma nuvem luminosa e os envolveu. E daquela nuvem fez-se ouvir uma voz que dizia: ‘Eis o meu filho muito amado, em quem pus toda a minha afeição; ouvi-o’. 6 Ouvindo esta voz, os discípulos caíram com a face por terra e tiveram medo. 7 Mas Jesus aproximou-se deles e tocou-os dizendo: ‘Levantai-vos e não temais’. 8 Eles levantaram os olhos e não viram mais ninguém, senão unicamente Jesus. 9 E, quando desciam, Jesus lhes fez esta proibição: ‘Não conteis a ninguém o que vistes, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos’” (Mt 17, 1-9)
A mensagem mais importante do Evangelho apresentado acima é que Jesus é o filho amado de Deus, em quem se manifesta perfeitamente toda a glória do Pai. Ele é o Messias libertador e salvador esperado pelo povo de Israel, que foi anunciado pela Lei (representada por Moisés) e também pelos Profetas (representados por Elias). Portanto, Jesus é o pleno cumprimento da Lei e o pleno realizador da Profecia.
Jesus transfigurado
O trecho do Evangelho começa com “Seis dias depois(…)”, mas, seis dias depois do quê? O capítulo anterior nos mostra que, seis dias antes da transfiguração, Jesus fez aos discípulos o primeiro anúncio da Paixão, e as Sagradas Escrituras relatam que foi um momento um tanto quanto confuso para todos; Pedro, inclusive, contestou, pois não acreditava ser possível Deus permitir tamanho sofrimento ao seu Filho amado. E então, após este momento, podemos dizer, de uma frustração dos discípulos com a cruz, vem a transfiguração.
Transfigurado, Jesus revela aos discípulos toda a Sua glória e divindade. A transfiguração foi, portanto, uma antecipação da glória futura para que os discípulos não desanimassem diante do aparente fracasso e escândalo da cruz. Jesus transfigurado anuncia do alto do monte não só aos discípulos para que não desanimem, mas também a todos nós, pois a lógica de Deus nunca será capaz de nos conduzir ao fracasso, mas sim à ressurreição, à felicidade sem fim.
A imagem de Cristo transfigurado, mostrando toda a Sua glória, deve nos acompanhar sempre, especialmente diante daqueles momentos que mais nos desafiam em nossa rotina diária; ela deve ser para nós, assim como foi para os discípulos, uma dose de ânimo e esperança.
Mas afinal, o que é subir ao monte?
O monte, nas Sagradas Escrituras, significa lugar de encontro com Deus, lugar de oração, onde é preciso silenciar todas as agitações para escutar aquilo que Deus tem a falar. Ainda nas Sagradas Escrituras, antes de qualquer acontecimento importante sempre havia uma subida até o monte. Portanto, subir ao monte é encontrar-se em um lugar privilegiado com a presença de Deus para sua escuta.
Nos dias atuais, o nosso lugar privilegiado de escuta é a Igreja, onde podemos nos encontrar com a presença real de Jesus em cada sacrário. E então, diante das tribulações e cansaços diários, temos o privilégio de poder ir a uma Igreja e descansar de toda a nossa agitação e nos refazermos, nos colocarmos diante deste lindo mistério de encontro que a Eucaristia nos permite tocar. Isso sim é um verdadeiro privilégio, não é mesmo?
Nós subimos ao monte quando celebramos a Eucaristia
O momento mais especial de subida ao monte para nós, nos dias atuais, é quando celebramos a Eucaristia, que deve ser o ápice e o cume das nossas vidas, o momento mais importante, pois é quando, pela ação da graça, podemos receber Jesus em Sua real presença em nosso organismo físico. A Igreja nos ensina que, por quinze minutos após a comunhão, permanecemos com a presença real de Jesus em nosso organismo – que grande graça!
A participação na Santa Missa de maneira consciente e piedosa nos traz uma experiência que é capaz de transformar as nossas vidas. Quando bem participamos da Santa Missa ela não termina no momento em que vamos embora; ela continua durante a semana que se inicia, onde nós devemos colocar em prática tudo aquilo que o Senhor nos ensinou durante a leitura da palavra e na homilia. A participação na Santa Missa é de extrema importância para o nosso desenvolvimento espiritual, e devemos participar não só aos domingos para cumprir o preceito, mas com a maior frequência e fervor possível, e assim vamos colhendo os resultados dessa devoção em nossas vidas. A cada celebração da Eucaristia vamos caminhando rumo à casa do Pai.
Portanto, através da leitura deste Santo Evangelho que nos apresenta a Glória de Jesus transfigurado, que seja transfigurada também em nós a nossa devoção ao privilégio que nos foi concedido que é a Eucaristia.
Laís da Silva Pinto
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator