O que é preciso para ser fiel a Deus?

Fiel

Você é fiel a Deus? Acredito que você, assim como eu, diante dessa pergunta, já tenha respondido de imediato: “Sim eu sou!”. Mas te convido, junto comigo, a refletir sobre a fidelidade e, olhando mais profundamente para a nossa verdade, questionar: De que preciso para ser fiel a Deus?”

A palavra fidelidade vem do latim “fidelis”, que significa a atitude de lealdade e compromisso com algo ou alguém; atributo de quem é verdadeiro, confiável e honesto. Fidelidade é uma das características de Deus, pois ser fiel é Sua essência e as Sagradas Escrituras, por vezes, nos inspiram e revelam essa verdade: Deus é leal, não desiste e nunca abandona os seus filhos, ao contrário, ama incondicionalmente, espera e suporta com paciência nossas infidelidades.

“Se formos infiéis, Ele continua fiel, e não pode desdizer-se” (2Tm 2,13).

Por outro lado, Deus também espera que os Seus filhos Lhe sejam fiéis; Ele nos instrui a viver corretamente, de modo a agradar o Seu coração, não apenas porque deseja que sejamos recíprocos, mas porque conhece a sede do nosso coração e sabe que aquele que Lhe é fiel O ama e, porque O ama, é feliz! “Por isso, o Pai em seu amor incomparável lança sobre nós o seu olhar devorador que nos deseja até o ciúme” (Regra de Vida El Shaddai-Pantokrator).

“A quem ama não é necessário ensinar a fidelidade” (São João Paulo II).

São João Paulo II bem nos ensinou que, se eu amo, ser fiel é natural, não me custa, não é peso, e, independentemente do que eu vivo ou do que possa acontecer, eu permaneço fiel até o fim, não coloco condições. Se eu experimento constantemente esse amor, esse olhar que Deus lança sobre mim, eu permaneço e me abandono Nele, e esse é o primeiro passo que eu preciso para ser fiel.

O segundo é a vida de oração

Nenhum relacionamento permanece se não for cultivado, se não houver presença e reciprocidade e, da mesma forma, com Deus é necessário ter relação, encontro, intimidade. Ele é a própria fonte do amor e é n’Ele que precisamos constantemente buscá-lo. Nessa intimidade, nós nos relacionamos com Cristo homem, modelo de fidelidade incondicional para nós, Ele que se encarnou, veio ao mundo e nos amou, humilhando-se a si mesmo, entregando-se à obediência até a morte, e morte de cruz (cf. Fl 2,8).

Cristo nos ensina que fidelidade e obediência são como sinônimos e, quando somos fiéis, participamos da redenção do mundo, de modo que “completamos em nossa carne o que faltou a cruz de Cristo” (Cl 1,24). Por isso, somos chamados a uma vida coerente, a uma busca sincera da santidade, que exige de nós esforço e muita determinação, e esse é o terceiro passo para ser fiel.

O quarto passo é a renúncia. Fidelidade é compromisso, lealdade constante diante de uma promessa e, quando nos referimos a Deus, isso exige de nós renúncia dos valores do mundo que ferem nossa relação com Ele, renúncia às nossas vontades, egoísmos e orgulho, que nos tornam desobedientes e, consequentemente, infiéis. Mas também haverá momentos em nossa vida que ser fiel será abrir mão de nós mesmos, rejeitando até mesmo coisas boas, lícitas, mas que, naquele momento, nos é exigido por motivos que talvez nem entendamos, mas, por amor a Deus, aceitamos renunciar.

Nesses momentos em que parece que chegamos ao cume da cruz, olhemos para o céu, busquemos as coisas do alto e nos unamos a Cristo. Não caiamos na tentação de reclamar ou murmurar, antes louvemos Àquele que nos ama. Quem olha para a terra perde o gosto do céu, do paraíso de amor que Deus preparou para nosso encontro definitivo. Sei que não é fácil, mas precisamos ter fé, confiança e abandono n’Aquele que nos amou primeiro e que permanece fiel.

Por fim, mas não menos importante, precisamos também reconhecer nossa impotência e pequenez, pois somos falhos e miseráveis e nunca seremos fiéis por nós mesmos. A fidelidade é uma graça de Deus e reconhecer essa verdade é muito importante para não cairmos no pecado da soberba. Tudo é Dele, por Ele e para Ele (cf. Rm 11,36). Por isso, permaneçamos com nosso coração agradecido, mesmo diante das mais simples e pequenas fidelidades. Se, por um lado, a força do amor que experimentamos nos impulsiona a essa fidelidade, por outro, nossa própria condição, por vezes, nos fará cair. Nesses momentos de fraqueza, ser fiel é também confiar no amor misericordioso de Deus.

Que nossa vida, por mais simples que seja, faça-se canção que agrade ao coração de Deus, um canto que proclame a cada instante “Eu te amo”. Que nosso coração seja sempre apaixonado por Cristo e Sua Cruz e que possamos fazer de nossa vida um “Soneto de Fidelidade” ao amor incondicional de Deus por nós. Ousemos dizer e aplicar a Deus o que diz numa canção romântica o artista Vinícius de Morais: “De tudo ao meu Amor serei atento; antes e com tal zelo, e sempre, e tanto, que mesmo em face do maior encanto, d’Ele se encante mais meu pensamento”.

 Vanessa Ozelin de Oliveira
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator

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