Na vida, é natural que tenhamos pessoas que tomemos como referência (nossos “modelos”), nas diversas atividades que exercemos e, mais do que isto: no nosso SER. Mas… O que nos acontece quando estes “modelos” nos decepcionam?
Se observarmos a nossa volta, infelizmente está cheio de pessoas que “perderam a estrutura”, por se apoiarem demais no exemplo destes que adotaram por modelo de vida, e que acabaram se desviando da essência que os movia. Há quem até mesmo tenha abandonado sua própria Vocação por causa disto!
Talvez, caro leitor, isto tenha acontecido até mesmo contigo: “perder o chão” por tamanha decepção com aqueles que considerava “exemplos de vida”. Convido-te a esta reflexão: até que ponto o seu “alicerce” está nas pessoas (tão sujeitas ao erro, tão instáveis), e até que ponto a sua “estrutura” está sobre a “Rocha firme” e imutável, que é Cristo?
Estamos na era dos “influencers”. Alguns são movidos por uma real “boa vontade” de disseminar ao mundo boas práticas. Outros são movidos pela fama e pelo dinheiro. De qualquer forma, podemos sim aproveitar seus bons ensinamentos.
Independente de nossas referências serem “digitais” ou de nosso convívio, cultivemos sempre o famoso “filtro” do que realmente é bom, e “dosando” a medida de tal “influência”.
QUANDO O “MODELO” SOMOS NÓS…
É inevitável que, independente do nosso desejo e conhecimento, possamos ser adotados como referência por outras pessoas. Por isto, é importante refletirmos sobre a nossa responsabilidade frente a elas. Como disse: podemos nem ter consciência de que alguém nos tome por modelo! Sejamos coerentes com aquilo que professamos. Ainda mais quando o assunto se trata da nossa relação com Deus.
Nossa coerência e fidelidade aos valores do Reino podem levar alguém a crer verdadeiramente. Já o contratestemunho pode levar a desconfiança de tudo, a um “preconceito” quando se falam das coisas de Deus, a um fechamento de coração. É o que mais se tem por aí: nosso mundo está “chagado” e descrente, por causa das inúmeras infidelidades!
Parafraseando Antoine de Saint-Exupéry: “Tu te tornas eternamente responsável POR AQUELES QUE CONQUISTAS PARA DEUS”!
EM SITUAÇÕES DE EVIDÊNCIA:
O nosso desejo de “ser luz” (como é pedido no próprio Evangelho, em Mc 4,21), nos leva, muitas vezes, a buscarmos uma postura de evidência. Temos anseio de “iluminar” o mundo com boas inspirações: muitas vezes, ideias inovadoras; Outras vezes, resgatando antigos valores, ou evidenciando o que é belo mas se encontra “escondido”. Ás vezes o próprio Deus nos leva a este “destaque”, por “apostar” na nossa busca de viver o melhor, junto a Ele, e assim refletirmos a Sua Luz.
Quando é assim, honremos o que nos permitiu o nosso Bom Deus, que faz questão de contar conosco. Ele sabe “o pó de onde viemos”, mas nos capacita com a Sua Divindade! Só estejamos atentos com as INTENÇÕES DO CORAÇÃO!!! Por que de fato quero revelar as boas práticas? É para ME exaltar? É para realmente glorificar a Deus e edificar os demais?
Tomemos cuidado também com toda cilada do maligno, que “mira” especialmente aqueles que se encontram mais “elevados”, pois se estes forem “atingidos”, maior o “barulho” da queda, os “estilhaços” são lançados para mais longe, “atingindo” mais gente…
Cultivemos a humildade de, embora portadores da Luz da Verdade, assumir uma posição de “igualdade” com o outro, cientes de que somos “vasos de barro” portadores deste tesouro (Cf. IICor4, 7).
Conselho de São Paulo a Timóteo e a todos nós: “(…) serve de EXEMPLO para os fiéis, na PALAVRA, na CONDUTA, na CARIDADE, na FÉ, na PUREZA. Com PERSEVERANÇA, põe estas coisas em PRÁTICA, para que todos VEJAM o teu progresso. CUIDA de TI mesmo e DAQUILO que ENSINAS. Mostra-te perseverante. Assim te SALVARÁS a ti mesmo e também àqueles que te escutam.” (1Tm4, 12b.15-16)
EM SITUAÇÕES DE “ESCONDIMENTO”:
Vem de Deus o desejo de levar a Sua Luz ao mundo. Mas também vem d`Ele a beleza do “escondimento”. Devemos almejar levar a Luz, neste mundo tão envolto em trevas.
Mas, o próprio Deus se encarrega de nos “delegar” a melhor posição para vivermos de maneira exemplar. Veja: quantos “modelos” admiráveis foram “descobertos” posteriormente à sua morte! Não imaginavam que a beleza do que viviam nas circunstâncias mais ocultas, algum dia seria revelada! E que preciosidade! Quantos escritos dos santos, quantos testemunhos revelados pelas pessoas que conviviam com estes! Digo santos, mas não necessariamente esta santidade foi “oficializada” pela Igreja.
Quando você pensar que a beleza do que busca viver na sua relação com Deus não alcança outras pessoas, e assim você não se sente “um candeeiro de Deus”, lembre-se da música “Tu és Pedro”, feita em homenagem a São João Paulo II: “Silêncio de profeta fala mais que mil canções”!
ENFIM, O “MODELO” INFALÍVEL!
Como dissemos acima, Cristo é a “Rocha inabalável”, digna de receber a “estrutura” da nossa razão de viver. A Alegria de Cristo (assim como a do Pai e a do Espírito Santo) é dar-se em Amor. Podemos observar em nossas vidas o quanto somos mais felizes se vivemos isto também!
Sigamos a Bondade, Fidelidade, Justiça, Mansidão, Misericórdia e tantas características de nosso Bom Mestre, e assim, seremos inundados por sua paz!
Aproveitemos sim o que outros tem a nos ensinar. Mas sempre cientes da “medida” com a qual devemos nos “apoiar”.
Luiza Torres
Discípula Comunidade Católica Pantokrator