Você pode não conhecer o termo “relativismo” e muito menos entender o seu significado em uma primeira impressão, mas sem dúvidas você já teve contato com essa nova forma de pensar. Afinal, as ideias relativistas já estão difundidas e impregnadas na sociedade, disfarçadas como mais algumas daquelas belas frases de impacto que parecem inofensivas, mas que, de inofensivas, não têm nada. “A minha verdade não é a mesma que a sua”, “o que é errado pra você não é pra mim”. Em prol de uma suposta harmonia social, os lemas do relativismo podem ser facilmente confundidos como algo bom, quando, na verdade, ao olhar-se com profundidade, são perigosos.
Ao partir do princípio que não existe Verdade absoluta e que tudo é relativo, essa ideologia já se choca imediatamente com o cristianismo. “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”, Jesus disse (Jo 14, 6). Indiscutivelmente, Jesus Cristo é a Verdade Absoluta, e é ela que norteia todas as outras verdades existentes. O mundo relativista, por sua vez, quer afirmar que não existe mais certo e errado e que a moral varia para cada pessoa. Por isso, ele é uma armadilha. O pecado se torna relativo. As desordens também. Até o amor pode se tornar relativo. O homem se torna o deus, senhor do bem e do mal, o que ameaça de dentro pra fora qualquer sociedade. Afinal, fomos criados sob uma ordem natural. A Lei Natural que o Senhor estabeleceu no mundo é o nosso guia até o Céu. A moral, portanto, jamais pode ser relativa.
Olhando além, o relativismo propõe um conformismo no contexto da sociedade, seja diante de atitudes moralmente incorretas ou, até mesmo, de diferenças culturais. Sendo assim, não há confronto e muito menos crescimento e evolução. Não é mais permitido questionar, julgar ou intervir em uma visão de terceiros, ainda que esta cometa alguma injustiça contra os Direitos Humanos. Os aspectos antropológicos e filosóficos do relativismo são muito amplos, mas basta um olhar superficial para que se perceba que ela já é falha apenas por se contradizer. Se tudo é relativo, até mesmo essa afirmação também o seria.
O oposto do relativismo, conhecido como moralismo ou fundamentalismo, também não é aquilo que o Senhor deseja de nós. Muitas pessoas custam a entender isso, e, devido a esse comportamento, o mundo acaba tendendo para a ideologia relativista. De um modo inicial, ela nos remete à tolerância, misericórdia e o não-julgamento; no entanto, precisamos ser espertos e não nos deixar enganar. Tudo isso é apenas ilusão. Quando Jesus no Evangelho nos diz “Não julgueis” (Mt 7, 1), Ele está se referindo à alma da pessoa, pois nunca sabemos as condições em que ela se encontra. Mas quanto ao que é certo e errado, Ele sempre nos incentivou a usar nosso juízo e inteligência. Julgar um ato moral é totalmente diferente de julgar a alma de alguém.
Se não julgarmos os atos morais, muitas vezes, não poderemos amar, pois amar é dar ao outro aquilo que ele necessita para chegar ao Céu. Corrigir o irmão com misericórdia é sim uma forma de amar. Por isso, entendamos: a Doutrina da Igreja repudia o fundamentalismo, pois seguir uma norma pela norma não possui nenhum sentido. Todavia, com amor e misericórdia, ela nos impele a olhar para aquilo que nos afasta de Deus e a mudar de vida. O relativismo odeia a mudança de vida, pois para ele não há nada errado e nada o que mudar. O relativismo pára no “Não julgueis”, mas a doutrina católica vai além. Ela acolhe, mas depois faz como Jesus Cristo fez com Maria Madalena: aponta o caminho certo – “Vai e não tornes a pecar” (Jo 8, 11).
Não nos deixemos enganar pelos pensamentos relativistas cada vez mais disseminados pelo mundo. São pensamentos sutis e cotidianos, que muitas vezes não percebemos, mas precisamos começar a prestar atenção. É o relativismo que abre portas para todas as outras ideologias culturais que vêm adentrando nossa sociedade a cada dia, destruindo pouco a pouco a moral cristã e a santidade.
Giovana Cardoso
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator