“O demônio tem medo de gente alegre”. Essa frase é de São João Bosco. O que você acha que ele quis dizer? São Francisco de Assis também tem uma frase interessante: “A alegria exorciza demônios”. O que podemos aprender com essas frases? A verdadeira alegria é o antídoto para todas as investidas do demônio sobre nossa vida; e não devemos temer, e sim buscar essa alegria que vem do Alto.
E o que é a verdadeira alegria? Qual o seu fundamento?
O fundamento da verdadeira alegria é a nossa filiação divina.
É quando nos descobrimos filhos de um Pai que nos ama mais do que todos os pais e mães do mundo juntos podem amar um filho único. Essa certeza de fé ocupa todos os espaços de nossas vidas, de tal maneira que podemos confiar que Ele deseja a nossa felicidade mais que nós mesmos… Um Pai infinitamente bom. Dessa confiança filial nasce uma esperança verdadeira de que cada acontecimento é um desígnio de Deus e enche nossas almas de contentamento e certeza de que Ele não nos abandona nunca.
Tempos atuais
Contudo, no mundo atual em que vivemos, tão agitado e dinâmico, acabamos nos deixando levar pela avalanche de compromissos e necessidades materiais, e gradualmente vamos firmando e pautando nossa alegria cada vez mais no ter do que no ser; e nos afastamos da verdadeira intimidade com Aquele que sabe tudo de nós; e qualquer coisa se torna mais importante do que a nossa vida de oração… E nem damos conta deste distanciamento.
Ficamos tão mergulhados neste mar de preocupações e anseios, em que todos correm driblando problemas financeiros, familiares, emocionais e até espirituais, que nos esquecemos da nossa verdadeira identidade, nossa filiação divina. Assim, qualquer decepção ou problema, por menor que seja, torna-se capaz de nos tirar a paz e a alegria. E é nessa hora que o demônio se aproveita, pois ele sabe que “a alegria do Senhor será a vossa força” (Ne 8,10b), e tenta nos distanciar de Deus para que fiquemos fracos, longe da intimidade com Deus e não resistamos aos seus ataques.
Exorcizando a tristeza
E é a vida de oração que traz para nós esse equilíbrio interior e o discernimento para fugir das investidas do maligno e “exorcizar” a tristeza do nosso coração. A alegria para Deus é essencial e independe do que estamos vivendo, se estou com as finanças equilibradas, ou todos os meus sonhos realizados, se estou no melhor emprego ou não.
“A alegria cristã é o respiro do cristão, um cristão que não é alegre no coração não é um bom cristão. É o respiro, o modo de se expressar do cristão, a alegria. Não é algo que se compra ou que faço com esforço, não: é um fruto do Espírito Santo. Quem faz a alegria no coração é o Espírito Santo.” (Papa Francisco)
Ela é um fruto do amor, que vence toda tristeza, pois quem ama se alegra por estar unido ao Amado, deseja intimidade, deseja santidade. A santidade e a alegria são diretamente proporcionais: quanto mais santidade, mais alegria; se olharmos a vida dos santos, podemos enxergar a beleza dessa alegria verdadeira, de quem encontrou sua pérola preciosa.
Coração alegre por encontrar a Deus
O Papa Francisco escreveu o prefácio de um livro chamado “Evangelli gaudium com Dom Bosco” e descreveu o santo assim: “Ele não era um santo com cara de Sexta-Feira Santa, triste, mas sim do Domingo de Páscoa. Ele era um “portador saudável” da alegria do Evangelho, sempre alegre, acolhedor, apesar das mil fadigas que tinha todos os dias. Para ele, a santidade consistia em ser muito feliz”.
Aqueles que fazem uma experiência com Deus têm o seu coração transbordado de alegria; e até nas perseguições glorificam a Deus. Vejamos os apóstolos que, depois de açoitados, “saíram da sala do Grande Conselho, cheios de alegria, por terem sido achados dignos de sofrer afrontas pelo nome de Jesus. E todos os dias não cessavam de ensinar e de pregar o Evangelho de Jesus Cristo no templo e pelas casas” (At 5,41-42).
Não é uma alegria somente externa, mas a perfeita alegria, espiritual. Em outro momento, São Paulo, em sua carta aos Filipenses, ordena-nos: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Outra vez digo: alegrai-vos” (Fl 4,4). Não é uma escolha que o fervoroso apóstolo de Cristo nos dá, mas sim uma ordem direta. A alegria deve ser a marca do cristão; então, tomemos consciência de que a verdadeira alegria vem do Amor do Pai por nós e que precisamos clamar todos os dias o Espírito Santo.
Na esperança sou alegre
Lembre-se: Para estar firmes na fé e para que o demônio fuja de nós, precisamos transbordar a alegria verdadeira e enxergar a beleza onde muitas vezes enxergamos dor: onde há espinhos brota a rosa; o grão morre para germinar um broto fecundo; do Calvário emerge a Ressurreição e das contrariedades nasce o sorriso. Um sorriso de quem encontrou sua pérola preciosa e que pode converter uma pessoa, curar os enfermos, levantar os paralíticos, curar os abatidos, vencer os orgulhosos, destronar os soberbos e expulsar os demônios.
“A alegria não é viver de risada em risada. Não, não é isso. A alegria não é ser engraçado. Não, não é isso. É outra coisa. A alegria cristã é a paz. A paz que está nas raízes, a paz do coração, a paz que somente Deus pode nos dar. Essa é a alegria cristã. Não é fácil preservar essa alegria”(Papa Francisco).
Peçamos a graça de ter a Alegria Verdadeira, contagiar o mundo com esse amor que sempre sabe o que é melhor para nós e transmiti-la através das nossas atitudes, no nosso rosto, no nosso sorriso, o sinal da ressurreição de Cristo, sendo verdadeiras testemunhas do Cristo Ressuscitado!
Mônica Laura dos Anjos Tavares de Andrade
Discípula da Comunidade Católica Pantokrator