Seja na área da Educação, ou por meio de aplicativos e publicidade, a Inteligência Artificial (IA) está cada vez mais presente no nosso dia. A IA é um campo da ciência que possui um conjunto de novas tecnologias que podem reproduzir o comportamento humano. Na Igreja, o uso da IA tem avançado com ferramentas que ajudam os fiéis a aprofundarem na fé, como por exemplo, plataformas de formação catequéticas e chatbot (mensagem automática via texto). Mas, quais são os benefícios e os riscos para a vida do cristão?
O Catecismo da Igreja Católica revela que as investigações e descobertas científicas só reforçam o poder de Deus, que dotou o homem de inteligência e vontade. “Tais descobertas convidam-nos, cada vez mais, a admirar a grandeza do Criador e a dar-Lhe graças por todas as suas obras, e pela inteligência e saber que dá aos sábios e investigadores. Estes podem dizer com Salomão: «Foi Ele quem me deu a verdadeira ciência de todas as coisas, a fim de conhecer a constituição do Universo e a força dos elementos […], porque a Sabedoria, que tudo criou, mo ensinou”. (¹)
Inteligência Artificial e o equilíbrio
São João Paulo II já fazia uma reflexão em sua Carta Apostólica, ‘O Rápido Desenvolvimento’: “Para os crentes e para as pessoas de boa vontade o grande desafio deste nosso tempo é manter uma comunicação verídica e livre, que contribua para consolidar o progresso integral do mundo. É pedido a todos que saibam cultivar um atento discernimento e uma constante vigilância, maturando uma capacidade sadia perante a força persuasiva dos meios de comunicação. Também neste campo os crentes em Cristo sabem que podem contar com a ajuda do Espírito Santo”. (²)
E prossegue que é só com o auxílio do Espírito Santo que vamos encontrar o equilíbrio, bem como, o discernimento para o uso correto das tecnologias: “Considerarmos como podem ser grandes as dificuldades intrínsecas da comunicação devido às ideologias, à sede de lucro e de poder, às rivalidades e aos conflitos entre indivíduos e grupos, assim como devido às fragilidades humanas e aos males sociais. As modernas tecnologias aumentam de maneira impressionante a velocidade, a quantidade e o alcance da comunicação, mas não favorecem de igual modo aquele intercâmbio frágil entre uma mente e outra, entre um coração e outro, que deve caracterizar qualquer forma de comunicação ao serviço da solidariedade e do amor”.(³)
Sabemos que São João Paulo II não chegou a ver os avanços da inteligência artificial, mas conduzia os fiéis a um discernimento frente aos avanços tecnológicos, que podem tanto ser usados para bem, como o avanço da evangelização e progresso social, quanto para o mal, com a disseminação de fake news.
Inteligência Artificial e o bem comum
A inteligência Artificial também foi tema do Dia Mundial das Comunicações deste ano: “Inteligência artificial e sabedoria do coração: para uma comunicação plenamente humana”. O Papa Francisco destacou a importância da ética para que essas ferramentas sejam usadas de forma coerente. E ressaltou ainda que a tecnologia deve servir para o bem comum, respeitando a dignidade e liberdade humana. E jamais ao contrário, privando o homem de suas decisões.
Tecnologia não pode substituir a nossa decisão
É fato que a tecnologia de um modo geral mudou o nosso modo de fazer as coisas e facilitou muitos processos. Porém, precisamos ficar atentos para que essa facilidade não reduza, ou atrofie, o nosso esforço e a nossa busca pela santidade. A tecnologia não pode substituir a nossa decisão e esforço, nem a nossa convivência com irmãos, por meio da vivência na Igreja.
Referências
Catecismo da Igreja Católica, 283
Carta Apostólica, ‘O Rápido Desenvolvimento’, do Sumo Pontifice São João Paulo II, 13
Idem Ibidem
Andressa Aparecida da Silva
Consagrada da Comunidade
Católica Pantokrator