Fraqueza: Oportunidade da Graça de Deus

fraqueza

Negar minha fraqueza pode deixar escapar a Graça de Deus.

Depois do ser humano ser marcado pelo pecado original, além de se tornar suscetível as suas fraquezas, passou também a alimentar um orgulho cego, que o impede até hoje de recorrer a Deus com um coração aberto. É muito mais comum negarmos do que assumirmos a existência das fraquezas. Atitude esta que nos impossibilita de tratarmos nossas limitações de um modo maduro, causando em nós mesmos sofrimento. Mas para começarmos a entender como lidar com nossas fraquezas, primeiro precisamos entender o que elas são.

No dicionário encontramos diversas definições da palavra: Característica da pessoa fraca, sem vigor físico; Fragilidade; que não é forte; que é fraco. Que está abatido; que apresenta desânimo. Vulnerabilidade; que não é capaz de se defender; que é vulnerável .Defeito ou vício: o álcool é sua fraqueza. Sem rigidez de caráter: sua fraqueza é a mentira” (https://www.dicio.com.br/fraqueza/). A partir destas definições gramaticais, é possível perceber que em qualquer âmbito de definição da palavra, seja para indicar um estado físico, espiritual ou moral, a fraqueza está sempre relacionada a algo que nos falta, ou seja, uma incapacidade do ser humano.

Essa limitação nos incomoda, pois constantemente estamos buscando provar do que somos capazes, seja para nós mesmos ou para outros. Para alguns isto é mais intenso e causa grande constrangimento, sentem-se agredidos quando, por algum motivo, uma fragilidade sua é exposta, enquanto para outros não demonstra tanta intensidade. De fato, para alguns isso é menos intenso – mas não nos enganemos, na maioria das vezes isso mostra muito mais que temos medo de expor e enfrentar nossas fraquezas, do que um progresso em conseguir lidar com elas. De todas as formas, nossa fraqueza mexe diretamente com nosso orgulho, gerando em nós uma tendência a negação.

Ser humano frágil

Quando negamos a existência da fraqueza, estamos negando uma realidade que é inerente a condição humana, o primeiro passo então, para lidarmos de forma madura é aceitar que elas existem. Isso nada tem a ver com encontrar meios de justificar os erros que cometemos, ou ainda a ficarmos em uma postura de vitimismo, chorando porque somos limitados. Mas sim, é aceitar esta condição de nossa própria humanidade e nos responsabilizarmos por uma busca de crescimento e maturidade.

Precisamos lembrar o que nos conta São Paulo: “(…) Foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás para me esbofetear e me livrar do perigo da vaidade. Três vezes roguei ao Senhor que o apartasse de mim.” (2Co 12:7-8). Para uma melhor compreensão do que estamos falando, podemos trocar a palavra espinho pela palavra fraqueza. Esta “fraqueza-espinho” é aquela que de algum modo não será superada definitivamente, está relacionada ao pecado original, que sempre vai nos incomodar.

No entanto, isso não significa que somos um caso perdido, pois é exatamente aqui que encontramos a misericórdia de Deus. Vemos que quando São Paulo sente o espinho ele recorre a Deus por três vezes e obtém sua resposta: “Mas ele me disse: ‘Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força.’ Portanto, prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo.” (2Co 12:9)

Para entendermos o que este segundo trecho da passagem quer dizer, tomemos como exemplo o amor. De forma geral, as pessoas têm a tendência de pensar em si mesmas, temos a “fraqueza-espinho” do egoísmo. Como podemos explicar então, pais que por seus filhos passam noites em claro, sem esperar nada em troca? Encontramos aqui o “basta-te minha graça” do amor. Isso é manifestação da força de Deus superando a fraqueza humana.

Contar com a graça na nossa fraqueza

É importante dizer que esta graça está longe de ser recebida em uma espera passiva, veja que São Paulo rogou três vezes a Deus para obter uma resposta, portanto é necessário o nosso movimento. Se um dia quisermos vencer uma maratona, precisamos começar a treinar e a cada dia aumentarmos a distância que somos capazes de correr. Assim também é esta graça de Deus em nossa vida, quanto mais treinarmos, mais nos colocamos sob a graça e mais longe conseguimos ir, cada vez mais conseguimos dar um passo de superação da fraqueza.

Entendendo estas coisas, é importante então mudarmos nossa postura em relação a nossas fraquezas, deixarmos de lado orgulho que nos cega e nos leva a assumir uma postura de força e independência, que nos impede de nos colocarmos sob a graça de Deus. Ainda que pareça contraditório, São Paulo nos ensina: “(…) Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte.”(2Co 12:10)

Tiago Ferreira Marques
Discípulo da Comunidade Católica Pantokrator

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