A família é, sem sombra de dúvidas, um caminho de santificação. Vivendo a vocação familiar com determinação é possível alcançar o céu. E não estamos sozinhos nesse caminho. Na história da Igreja podemos encontrar vários modelos de santidade, que, inclusive alcançaram a honra dos altares, santificando a vida familiar.
O exemplo da família Martin
Temos inúmeros modelos de pessoas que alcançaram o céu vivendo a santidade na vida familiar, de forma especial, a família de Santa Teresinha do Menino Jesus. Os frutos da família Martin são a prova concreta de uma família que soube “amar a Deus sobre todas as coisas”. O casal teve nove filhos, quatro deles faleceram prematuramente. As cinco filhas sobreviventes escolheram a vida religiosa, são elas Maria, Paulina, Celina e Teresa, todas irmãs carmelitas e Leônia, irmã visitandina.
Poucos meses depois do noivado, Zélia e Luís se casam, vivem uma vida piedosa, formam uma família santa, educam seus filhos para serem bons cristãos e cidadãos. Souberam viver as alegrias, mas também os sofrimentos da vida com fortaleza, serenidade e resignação, não deixando de lado o espírito do louvor e da gratidão. O casal soube viver de forma exemplar sua vocação, conciliando a vida familiar e profissional. Testemunhavam uma vida cristã autêntica, com participação intensa dos sacramentos e uma profunda devoção à Santíssima Virgem. A fé e amor vivenciado no seio da família renderam frutos de santidade, como a vocação à vida religiosa de todas as cinco irmãs, dentre elas, Santa Teresinha.
Escola de Santidade
A família é uma verdadeira escola de santidade, lugar de vivência intensa de virtudes, da obediência, da doação, do sacrifício, do perdão e da caridade. O Catecismo da Igreja Católica diz que a família “é a sociedade natural onde o homem e a mulher são chamados ao dom de si no amor e no dom da vida. A família é a comunidade na qual, desde a infância, se podem assimilar os valores morais, em que se pode começar a honrar a Deus e a usar corretamente a liberdade. A vida em família é iniciação para a vida em sociedade” (§ 2207). Os pais são aqueles que inserem os filhos na vida cristã, levando-os ao conhecimento de Deus, semeando em seus corações a busca das coisas do alto, a fim de que possam, depois de desenvolver a maturidade necessária, trilhar esse caminho pelo resto de suas vidas. Novamente o Catecismo da Igreja Católica vem em nosso auxílio quando diz que “é na família que se exerce de modo privilegiado o sacerdócio batismal do pai de família, da mãe, dos filhos, de todos os membros da família, na
recepção dos sacramentos, na oração e na ação de graças, no testemunho de uma vida santa, na abnegação e na caridade ativa. O lar é, assim, a primeira escola de vida cristã e uma escola de enriquecimento humano. É aí que se aprende a fadiga e a alegria do trabalho, o amor fraterno, o perdão generoso e mesmo reiterado e, sobretudo, o culto divino pela oração e oferenda de sua vida” (§ 1657).
É no lar que desenvolvemos as virtudes humanas, que nos santificamos e auxiliamos na santificação dos nossos. É na vida conjugal que vivemos a renúncia, a luta contra nosso egoísmo, orgulho, desejo de superioridade, a fim de que possamos caminhar para alcançar o cume do projeto original de Deus: “sereis uma só carne”. Essa unicidade implica lutar contra toda divisão, mentira, lamúrias, reclamações etc.
Abraçar as “cruzes” do lar
Se soubermos encontrar o sentido da vivência de todas as realidades da vida familiar, cresceremos certamente em santidade. Aqui, é importante ressaltar que a vida familiar não se resume a dores, lutas, dificuldades; pelo contrário, muito maiores são as alegrias, as realizações, os sorrisos, enfim, a vida familiar, ainda que existam dificuldades, nos plenifica, pois encontramos nela a nossa vocação.
Assim, encontramos sentido na busca diária de ser exemplo para nossos filhos, de viver a fidelidade ao cônjuge, de comprometer-se em fazer o outro crescer como pessoa, como filho de Deus, de buscar conhecer o outro, aceitando-o em sua verdade, ajudando-o a superar suas próprias limitações, com paciência e perdão. Haverá sentido na vivência do diálogo, do cuidado do lar, da roupa, da comida, do estudo dos filhos, enfim, nas “cruzes do lar”, que se materializam de tantas formas, seja pelo desemprego, pelas doenças, pelas dúvidas, dificuldades, preocupações com os filhos, enfim, em tudo isso encontraremos oportunidades para a vivência da santidade no ordinário de nossas vidas.
Certa vez, ouvi uma frase que dizia “a casa é para o casal e os filhos o que o mosteiro é para o monge”. Ou seja, o lugar onde Deus propicia a santificação dos cônjuges e dos filhos é o lar, o ambiente familiar.
Como famílias, supliquemos constantemente a Deus para que nos dê a graça de viver santamente a vocação a qual Ele nos confiou. Peçamos a intercessão de São Luís e Santa Zélia a fim de que, como eles, possamos encontrar, no ordinário da vida e no seio familiar, a plenitude da santidade e da doação.
Allan Oliveira
Voluntário da Comunidade Católica Pantokrator