A palavra “Missa” vem do latim missio, que significa despedida ou envio. A Missa é dividida em quatro partes principais: Ritos Iniciais, Liturgia da Palavra, Liturgia Eucarística e Ritos Finais.
Para que a Santa Eucaristia não se torne um mero rito mecânico, no qual as pessoas apenas imitam o que os outros fazem sem compreender plenamente o que está acontecendo, é importante que cada fiel católico entenda melhor a Santa Missa. Só amamos verdadeiramente aquilo que conhecemos.
I RITOS INICIAIS
- CANTO DE ENTRADA
A finalidade desse cântico é dar início à celebração e favorecer a união dos fiéis reunidos. Estamos não apenas reunidos, mas unidos como irmãos. A procissão da equipe litúrgica, com o padre, ministros e coroinhas, lembra o povo de Deus a caminho do Reino do Céu. Por isso, é importante que todos mantenham a atenção e cantem juntos com a equipe de canto, prestando atenção na letra do cântico.
-
SAUDAÇÃO DO ALTAR E DA ASSEMBLEIA
Quando chega ao presbitério, à frente do altar, o sacerdote, o diácono, os ministros e coroinhas saúdam o altar com uma inclinação profunda. Em seguida, o sacerdote beija o altar em sinal de veneração. Esse gesto é muito bonito, pois o beijo é a forma mais carinhosa de expressar nosso afeto e amor.
Ao terminar o cântico de entrada, o sacerdote faz o sinal da cruz sobre si, juntamente com a assembleia. Todos estão reunidos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Esse sinal é utilizado antes de todas as celebrações cristãs e é a marca do cristão. É importante fazer esse sinal em vários momentos do nosso dia para que toda a nossa vida esteja nas mãos de Deus.
Depois do sinal da cruz, o padre saúda a comunidade com uma saudação que evoca a presença de Jesus. Existem várias formas de saudação. Uma delas diz: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco”. São Paulo saudava suas comunidades dessa maneira também. É muito bonito cumprimentar as pessoas, desejar um ‘bom dia’ ou um ‘seja bem-vindo’. Essa é a saudação do padre, ministro de Cristo, ao povo.
-
ATO PENITENCIAL
Pedimos humildemente perdão ao Senhor por todas as nossas faltas.
É o momento de reconhecer que somos, de fato, pobres pecadores. Recordamo-nos das nossas faltas concretas, dos tantos descuidos no trato com Deus e com os outros, das nossas quedas, sejam graves ou menos graves, que nos afastam de Deus, das faltas cometidas por preguiça, egoísmo ou sensualidade…
Pedimos ao Senhor que jamais, em hipótese alguma, voltemos a ofendê-lo e que nos perdoe.
Que alegria começar a Santa Missa com o coração e a alma limpos! Aproveitamos também a oportunidade para refletir sobre a última confissão e recorremos a esse Sacramento para receber o Senhor com dignidade na comunhão.
- HINO DE LOUVOR (GLÓRIA)
O cântico solene é uma das formas mais perfeitas de louvor à Santíssima Trindade, pois se dirige ao Pai e a Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Ele vem logo após o Ato Penitencial, porque o perdão de Deus nos faz felizes e agradecidos. Inspirado no canto dos anjos que louvaram a Deus no nascimento de Jesus: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens de boa vontade” (Lc 2,14), o Glória não é cantado (nem recitado) durante a Quaresma e o Advento, períodos que não são próprios para expressar alegria.
- COLETA
Do latim “collígere”, que significa reunir, recolher, coletar, a coleta tem o sentido de reunir, em uma única oração, todas as intenções da Assembleia.
Por isso, inicia-se com um convite aos presentes para que se ponham em oração, seguido de uma pausa para que cada um faça sua oração pessoal mentalmente. Em seguida, o padre eleva as mãos, assumindo as intenções dos fiéis e elevando-as a Deus, e profere a oração em nome de toda a Igreja. Por fim, todos dizem “Amém” para afirmar que a oração do padre também é sua.
É uma oração presidencial, feita exclusivamente pelo padre como representante de Cristo. Todas as orações presidenciais são compostas por invocação, pedido e conclusão. As orações são dirigidas ao Pai, em nome de Jesus, nosso Mediador, na unidade do Espírito Santo. Após o “Amém” da Coleta, a comunidade se senta, aguardando que o Presidente se dirija à sua cadeira.
-
II LITURGIA DA PALAVRA
A Liturgia da Palavra é a segunda parte da Missa, centrada na proclamação e meditação das Escrituras. Este momento é essencial para que os fiéis se nutram espiritualmente, ouvindo a Palavra de Deus e refletindo sobre seu significado e aplicação em suas vidas.
Composta por várias leituras bíblicas, cantos e orações, a Liturgia da Palavra convida a assembleia a uma participação ativa e reflexiva. A Palavra de Deus é eficaz: ela não apenas explica, mas realiza. Quando proclamada, a Palavra de Deus tem o poder de promover mudanças reais e profundas naqueles que a ouvem, tornando-se uma força vivificante em nossas vidas. A Palavra de Deus deve ser não apenas “lida”, mas “proclamada” solenemente, pois “a fé entra pelo ouvido”.
As leituras das Missas dominicais variam a cada ano, seguindo um ciclo de três anos, denominados Anos A, B e C. Cada ano é dedicado a um dos Evangelhos sinóticos: Mateus, Marcos e Lucas, respectivamente. O Evangelho segundo João é lido em momentos específicos ao longo do ano, oferecendo uma perspectiva distinta. Os três primeiros Evangelhos são chamados de “sinóticos” por oferecerem uma visão sinótica, ou seja, uma sinopse dos eventos da vida de Jesus. Já o Evangelho segundo João destaca aspectos da divindade de Jesus e aprofunda o Mistério do Filho de Deus.
-
PRIMEIRA LEITURA
A Primeira Leitura é, em geral, tirada do Antigo Testamento, que contém o passado remoto da História da Salvação. Em alguns períodos litúrgicos, também pode ser retirada de outros livros do Novo Testamento que não sejam os Evangelhos, com exceção do tempo pascal, quando a leitura é extraída dos Atos dos Apóstolos. Esta leitura destaca a história da salvação e prepara os fiéis para a mensagem do Evangelho. Além disso, recorda as promessas e obras de Deus na história do povo escolhido. A leitura termina com a aclamação “Palavra do Senhor”, à qual a assembleia responde: “Graças a Deus”.
- SALMO RESPONSORIAL
É uma resposta cantada ou recitada à mensagem proclamada, funcionando como uma “oração” da Leitura. Essa resposta ajuda o povo a rezar e a meditar na Palavra de Deus que acabou de ser proclamada. Não pode ser substituída por outros cânticos que não sejam inspirados no salmo previsto.
-
SEGUNDA LEITURA
A Segunda Leitura vem das epístolas do Novo Testamento e é proclamada apenas aos domingos e em solenidades. Esta leitura oferece ensinamentos e reflexões dos apóstolos, abordando questões práticas e teológicas da vida cristã, com o objetivo de orientar os fiéis na prática da fé e aprofundar a compreensão do mistério de Cristo.
- CANTO DE ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
A Aclamação do Evangelho é um canto de louvor que precede a leitura do Evangelho, expressando a alegria e a reverência da assembleia pela Boa Nova de Jesus Cristo. Trata-se de um cântico alegre, geralmente o “Aleluia” (exceto na Quaresma, quando se usa outra aclamação), que prepara a assembleia para a leitura do Evangelho. Este cântico reconhece a presença de Cristo e convida os fiéis a acolher sua mensagem com reverência. Por isso, durante este canto, todos se levantam.
-
PROCLAMAÇÃO DO EVANGELHO
Antes da proclamação do Evangelho, pode-se fazer uma procissão com a Bíblia ou o Lecionário e as velas. Para dar mais destaque ao anúncio da Palavra de Jesus, dois ministros ou acólitos podem segurar uma vela de cada lado do ambão.O diácono, e na falta deste, o padre, proclama o Evangelho de um lugar mais elevado, para ser visto e ouvido por toda a Assembleia, que deve estar em pé, em uma atitude de expectativa para ouvir a Mensagem. É como se o próprio Jesus se colocasse diante de nós para nos falar sobre o que mais nos interessa.
- O diácono ou padre saúda a Assembleia:
- Diácono/Padre: “O Senhor esteja convosco!”
- Todos: “Ele está no meio de nós!”
- Diácono/Padre: “Evangelho de Jesus Cristo, escrito por …”
- Todos: “Glória a vós, Senhor!”
- Ao final do Evangelho:
- Diácono/Padre: “Palavra da Salvação!” (E beija a Bíblia)
- Todos: “Glória a vós, Senhor!”
“Bem-aventurados os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática.” (Lc 11,28)
- HOMILIA (PREGAÇÃO)
É a interpretação de profecias ou a explicação dos textos bíblicos das leituras proclamadas. Os próprios Apóstolos, após ouvirem as parábolas, pediam a Jesus que lhes esclarecesse o significado delas. Da mesma forma, o Povo de Deus necessita de alguém que lhes explique as Escrituras.
-
CREIO (PROFISSÃO DE FÉ)
Recita-se a Profissão de Fé, ou Credo, nos domingos e solenidades. Ela pode ser cantada ou rezada. Esta oração resume os principais artigos da fé cristã, afirmando a crença da assembleia na Trindade, na Igreja e nos mistérios da fé. Assim, rezar o Credo na Santa Missa é uma forma de os cristãos declararem publicamente as razões de sua fé. Além disso, está oração expressa a unidade da Igreja em relação às verdades fundamentais da fé que todos os fiéis católicos devem aderir.
-
ORAÇÃO DOS FIÉIS (ORAÇÃO UNIVERSAL)
No início da missa, existe a Oração Coleta, uma oração presidencial breve, que tem o objetivo de colocar a assembleia em um clima de fé para ouvir a Palavra de Deus. A Oração dos Fiéis é um espaço mais amplo, onde os fiéis podem colocar publicamente suas intenções. Após ouvirmos a Palavra de Deus e professarmos nossa fé nela, colocamos em Suas mãos nossas preces de maneira oficial e coletiva. Nessa oração, o povo exerce sua função sacerdotal, suplicando por todos os homens, incluindo as seguintes intenções:
– Pelas necessidades da Igreja e do papa;
– Pelos governantes, legisladores e magistrados (pois eles têm um poder temporal e devem servir ao povo);
– Pelos que sofrem qualquer necessidade, especialmente pelos doentes; – pelas necessidades da comunidade local.
A Equipe de Liturgia deve tomar a iniciativa de incluir as intenções da comunidade na oração, permitindo que a fé se expresse de maneira mais concreta e vivencial. Durante a missa, não são permitidas orações particulares, como leitura de livros piedosos, novenas ou o terço.
Na Oração dos Fiéis, a introdução e a conclusão são feitas pelo Presidente. As demais preces são feitas pelos fiéis em voz alta, expressando a fé viva e a alegria de toda a comunidade, unida num só coração e numa só alma. Durante a Oração dos Fiéis, todos permanecem de pé, a posição própria do orante, como rezavam os primeiros cristãos.
-
III – LITURGIA EUCARÍSTICA
A Liturgia Eucarística é o coração da Missa. Nela, os fiéis oferecem pão e vinho, que serão consagrados e se tornarão o Corpo e o Sangue de Cristo. Esta parte da Missa é a atualização do sacrifício de Jesus e culmina com a Comunhão. A Liturgia Eucarística inclui a Apresentação das Oferendas, a Oração Eucarística e o Rito da Comunhão.
Apresentação das oferendas
A Apresentação das Oferendas inicia com a preparação do altar e a procissão das oferendas, seguida pela apresentação das oferendas a Deus, a coleta do ofertório, o lavar das mãos do sacerdote, a oração “Orai, irmãos”, e a oração sobre as oferendas. Este rito simboliza a oferta de nossas vidas a Deus, unindo-as ao sacrifício de Cristo.
Preparação do altar: Na preparação do altar, coloca-se o corporal, o purificador, o cálice e o missal sobre o altar, preparando o espaço sagrado para a celebração eucarística.
Procissão das oferendas: Durante a procissão das oferendas, os fiéis trazem pão e vinho ao altar, que serão consagrados. Este gesto simboliza a entrega de nossas vidas e trabalhos a Deus.
Oração Eucarística
A Oração Eucarística é o núcleo da Liturgia Eucarística. Ela inclui:
- Prefácio: uma oração de ação de graças e louvor, reconhecendo a grandeza de Deus e preparando a assembleia para o coração da Oração Eucarística.
- Santo: o “Santo” é um hino de louvor que a assembleia canta, unindo-se aos anjos e santos no céu, para glorificar a Deus.
-
Invocação do Espírito Santo (Epiclese): o sacerdote invoca o Espírito Santo para que santifique as oferendas, transformando-as no Corpo e Sangue de Cristo.
- Consagração: durante a Consagração, o pão e o vinho se tornam o Corpo e o Sangue de Cristo pelas palavras e ações do sacerdote, atualizando o sacrifício de Cristo na cruz.
- Preces e Intercessões: o sacerdote reza pelas necessidades da Igreja e do mundo, lembrando-se dos vivos e dos falecidos, unindo toda a criação ao sacrifício de Cristo.
- Doxologia Final: um louvor à Santíssima Trindade, seguido pelo “Amém” da assembleia, confirmando sua participação e assentimento ao grande mistério celebrado: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo, a Vós, Deus Pai todo – poderoso na unidade do Espírito Santo, toda a honra e toda a glória, agora e para sempre.”
RITO DA COMUNHÃO
O Rito da Comunhão prepara os fiéis para receberem o Corpo e Sangue de Cristo, e inclui:
- Pai Nosso: a assembleia reza esta oração ensinada pelo próprio Cristo.
- Oração pela Paz: o sacerdote ora pela paz e unidade da Igreja e do mundo, invocando a paz de Cristo sobre a assembleia: “Senhor Jesus Cristo, dissestes aos vossos apóstolos: eu vos deixo a paz, eu vos dou a minha paz. Não olheis os nossos pecados, mas a fé que anima vossa Igreja; dai-lhe, segundo o vosso desejo, a paz e a unidade. Vós, que sois Deus, com o Pai e o Espírito Santo.”
-
Cumprimento da Paz: os fiéis se saúdam com um sinal de paz, expressando a reconciliação e a comunhão fraterna.
- Cordeiro de Deus: enquanto o sacerdote parte a hóstia consagrada, a assembleia reza a invocação que reconhece Jesus como o Cordeiro que tira os pecados do mundo, pedindo a misericórdia e a paz de Cristo: “Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo…”
- Comunhão: os fiéis recebem o Corpo e o Sangue de Cristo, unindo-se a Ele em um ato profundo de fé e amor. Este momento é o ápice da participação na Missa.
- Oração após a Comunhão: após a comunhão, o sacerdote reza a Oração após a Comunhão, agradecendo a Deus pelo dom recebido e pedindo que Ele fortaleça os fiéis para viverem conforme o Evangelho.
IV RITOS FINAIS
Os Ritos Finais marcam o encerramento da celebração e enviam os fiéis “de volta ao mundo” com a bênção de Deus e a missão de evangelizar. Esta parte da Missa é uma oportunidade para agradecer a Deus pela comunhão, além disso conta com o envio dos fiéis, a fim de viverem a fé no dia a dia.
Saudação
Após a comunhão, o sacerdote saúda novamente a assembleia com uma fórmula litúrgica, como “O Senhor esteja convosco”. Esta saudação recorda a presença constante de Deus na vida dos fiéis e os convida a viverem em comunhão com Ele.
Avisos
Os avisos são breves comunicados feitos pelo sacerdote após a saudação final, a fim de informar a comunidade sobre eventos, necessidades pastorais ou outras questões relevantes para a vida paroquial.
Benção final
A Bênção Final é uma oração do sacerdote, pedindo a Deus que conceda à assembleia a graça e a proteção divinas. Portanto, é um momento de bênção e consolação, onde os fiéis são fortalecidos para enfrentar os desafios da vida cotidiana.
Despedida
A Missa termina com uma despedida, por meio da qual o sacerdote envia os fiéis em missão para o mundo, lembrando-lhes de viverem como discípulos de Cristo e de serem testemunhas do amor de Deus em suas vidas. Geralmente, o sacerdote ou diácono termina com uma fórmula como “Ide em paz e o Senhor vos acompanhe”, convidando os fiéis a levarem a paz de Cristo aos que encontrarem.
Wilson Yukio Ushirohira
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator