Estamos no mês das eleições de 2022, que elegerão o presidente da República, governadores, senadores e deputados estaduais e federais.
Todos sabemos da responsabilidade civil que temos na escolha daqueles que nos representarão nos próximos quatro anos. Talvez, diante de tantos fatos que nos fazem desacreditar na situação política de nosso país, tenhamos uma forte tendência de querer nos omitir da responsabilidade ou de votarmos sem nos envolvermos o quanto é necessário para que nossos votos sejam conscientes e em coerência com o que nos ensina a Santa Igreja.
Temos, como cidadãos, o dever e o direito de exercemos nossa cidadania na construção de uma sociedade mais justa e solidária. E é através do voto, principalmente, que participamos dos destinos de nossa nação.
Como lemos na Constituição Brasileira de 1988, “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição” (Art. 1º, Parágrafo Único).
Além do poder que nos é conferido pelo voto, como cristãos, devemos também recorrer, com fé, ao poder da oração, apoiados na confiança da promessa feita por Jesus a nós: “E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Qualquer coisa que me pedirdes, em meu nome, vo-lo farei” (João 14,13-14).
Nossa oração deve objetivar o alcance do discernimento dado pelo Espírito Santo
Primeiramente, nossa oração deve objetivar o alcance do discernimento dado pelo Espírito Santo, para tomarmos as melhores decisões em relação àqueles que queremos eleger nestas eleições. Se formos guiados por Deus, com certeza, nossas escolhas serão assertivas, no sentido de escolhermos candidatos que atuem em favor do bem comum e possuam valores cristãos como, por exemplo, respeito à dignidade da pessoa humana, respeito à família e vida.
Sendo cristãos, precisamos votar como cristãos e não como ateus. Isso implica analisarmos com cautela as propostas dos candidatos para compreendermos se suas ações estão de acordo com as orientações da Doutrina Social da Igreja, que nos traz uma visão global do ser humano e da sociedade.
Se, por motivos diversos, alguns de nós não conseguirmos enxergar ao menos um candidato que nos represente na totalidade do que compreendemos como necessário, se faz ainda mais necessário recorrermos à graça, pois a omissão não é a melhor resposta.
Neste sentido, Santo Tomás de Aquino, nos ensina que o mal menor é a escolha preferível dentre os males inevitáveis, sendo então lícita sua escolha, na inexistência de outra alternativa possível, e os males em questão são inevitáveis (Suma Teológica, parte 3, q. 64, art. 5).
Basicamente, ao falarmos de eleições, entre escolher um candidato que tem em sua pauta valores que ferem diretamente o que é de mais sagrado em uma sociedade e outro que nos desagrada em aspectos toleráveis, é lícito escolhermos este último.
Tal tarefa tem se tornado cada vez mais exigente, o que evidencia que cada vez mais precisamos recorrer ao auxílio da graça.
Eleições sob a graça do Espírito Santo
Na própria história da Igreja primitiva, vemos que os apóstolos, que recebem de Cristo a missão de governar a Igreja, recorreram ao Espírito Santo para eleger aquele que ocuparia o lugar de Judas. Apesar de a eleição de Matias ter se dado de forma diferente da que usamos para eleger nossos governantes civis, o que está em destaque aqui é a necessidade de escolhermos sempre impulsionados pelo Espírito de Deus que nos revela a verdade.
“Vós me invocareis e vireis suplicar-me, e eu vos atenderei” (Jeremias 29,12).
Nossas orações, também, devem ser feitas por aqueles que nos governam e, diante das eleições, por aqueles que nos governarão a partir de 01 de janeiro de 2023. Em I Timóteo 2,1-2, o Apóstolo nos exorta: “Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade”.
As súplicas, orações, intercessões e ações de graças são, sim, pelos governantes e por todos os que exercem de alguma forma o poder, mas com a finalidade de que nós, povo, “tenhamos uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade”, pois o exercício da autoridade deve se dar sempre em favor do povo.
Unamo-nos, pois, à Santíssima Virgem Maria, a Senhora Aparecida, Imperatriz do Brasil, rogando para que o Senhor tenha misericórdia de nossa nação e dê ao povo brasileiro a sabedoria necessária nas eleições e nos ajude para que essas aconteçam de forma justa e transparente, a fim de que elejamos representantes que, dentre tantas necessidades de nosso povo, permitam que manifestemos nossa fé, para que Seu Filho Jesus, o Pantokrator, reine em nossa nação, a Terra de Santa Cruz.
Edvandro Pinto
Consagrado da Comunidade Católica Pantokrator