Já não estamos mais tão habituados à figura de um rei. Nos últimos séculos, a maior parte dos países – como o nosso – passou a adotar a república como sistema de governo, ou seja, somos governados por pessoas eleitas através de votações populares. Mesmo os países que conservam seus reis, como o Reino Unido ou a Espanha, já não os têm como eram nos tempos mais antigos.
Tradicionalmente, o rei era a figura mais importante da sociedade. Não era alguém que governaria por quatro ou oito anos e que disputaria o poder com partidos rivais, mas sim uma pessoa criada desde pequena para exercer o governo do seu povo e o faria geralmente até o fim de sua vida.
Diferentemente do que se costuma pensar hoje em dia, as populações costumavam amar os seus reis, pois eles eram o retrato de toda a nação. Diante da notícia do nascimento ou do casamento de um príncipe, festas imensas eram realizadas – pois assim estavam garantindo a continuidade e independência do reino.
Mais do que tudo, o rei era alguém respeitado. Era ele quem tomava as decisões mais importantes de justiça, quem criava as leis para o bem do povo e quem convocava os nobres para exercerem a defesa do reino através das armas.
CRISTO É O VERDADEIRO REI DO UNIVERSO
Quando a Igreja, através do Papa Pio XI, declarou que Jesus é Rei de todo o universo, não quis apenas fazer um elogio vazio a Nosso Senhor. Também não quis dizer que Ele é rei como essas figuras modernas – por exemplo, o rei da Inglaterra que somente ostenta o título e que já não possui de fato quase nenhum poder.
Ao dizer que Cristo é verdadeiramente o Rei, a Igreja está gritando diante do mundo que Ele possui o direito de governar todas as coisas, pois é Filho do Criador de tudo – tal como os príncipes antigos herdavam a coroa dos seus pais por direito hereditário. A Igreja está nos dizendo que devemos amar o nosso Rei, e que devemos respeitá-lo ao máximo, já que Ele é o nosso maior Juiz.
Se os reis de antigamente eram aqueles que criavam as leis e precisavam ser obedecidos pela sua autoridade, Jesus é muito mais que todos eles: é Ele quem nos dá os mandamentos e as leis morais e que possui “toda a autoridade no céu e sobre a terra” (conforme Mt 28,18). Se os reis medievais podiam convocar os nobres para montar um exército, Nosso Senhor pode, com uma única palavra, reunir todas as legiões de Anjos para combater em nosso favor!
UM REI QUE ESTÁ VIVO!
Muitas pessoas até aceitam dar o título de “rei” a Nosso Senhor, mas apenas com um sentido meramente simbólico. Ou seja, reconhecem que Ele foi alguém importante e que merece alguma homenagem, tanto quanto se diz que Michael Jackson é o “rei do pop” ou que Pelé é o “rei do futebol”.
No entanto, não nos enganemos: não é nesse sentido fraco que a Igreja entende a palavra “Rei” empregada ao Filho de Deus. Não dizemos que Jesus é Rei apenas como uma forma de homenagem póstuma, como se faz com pessoas importantes que morreram e começam a ter seus nomes colocados em ruas e praças.
Quando dizemos que Cristo é Rei do Universo, estamos declarando que Ele possui poder (aqui e agora) para mudar tudo o que quiser, do jeito que Ele quiser. E, caso não tenha ficado claro o suficiente, vou escrever com todas as letras: se Ele é Rei do Universo, significa que Ele é o Senhor da minha e da tua vida – e de tudo o que existe dentro delas.
E o verbo empregado aqui não está errado. Eu não quis dizer que Cristo “foi” o Rei ou que “seria” o Rei; eu estou dizendo realmente que Ele “é”, no presente. Porque, independente do que o mundo pregue, a verdade é que Cristo está vivo e que atua no mundo de hoje. Da mesma maneira que Ele fazia milagres há dois mil anos, Ele continua fazendo nos dias de hoje!
Isso é verdadeiramente reconfortante, ou seja, tomar consciência de que as nossas vidas estão sendo governadas pelo Filho de Deus. Ele conhece os nossos nomes, sabe dos nossos gostos e até dos nossos pecados. E Ele continua nos convidando para o Seu banquete, pois quer nos chamar de amigos, tal como chamou seus apóstolos na Última Ceia (Jo 15,15).
UM DEUS QUE SEGUE OPERANDO SINAIS
Se nós reconhecermos Jesus como o nosso único e verdadeiro Rei, podemos estar certos de que Ele agirá em nosso favor. São Paulo nos ensina isso através de um versículo belíssimo: “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8,28).
Imagine a seguinte cena: um mendigo está à beira da estrada, em plena Idade Média, implorando por comida. Em dado momento, e sem que o mendigo perceba, o próprio rei está passando pela estrada. Aquele rei se compadece imediatamente e convida o mendigo para subir em sua carruagem. Dá de presente a ele algumas roupas suntuosas e serve a melhor comida. Se isso já não bastasse, transfere a ele algumas das melhores terras do reino, tudo de graça.
Parece uma história absurda e exagerada, mas não é muito diferente do que acontece com aqueles que proclamam o senhorio de Jesus Cristo e se lançam como verdadeiros súditos aos pés Dele. Ele é o melhor dos Reis e conhece cada uma das nossas necessidades. Não é um Rei que se distrai ou que está longe, ao contrário, Ele se ocupa de nós, pois nos conhece como a palma da própria mão.
Perceba que maravilha: o Rei do Universo está pensando em você! Mais do que isso, Ele te ama e opera todos os dias para que você se aproxime cada vez mais da verdadeira felicidade. Louve a Deus por isso!
Cristo vive. Cristo reina. Cristo impera.
Rafael Libório
Consagrado da Comunidade Católica Pantokrator