Quando o homem e a mulher se unem em matrimônio eles prometem, publicamente, diante de Deus e da Igreja, receber os filhos que Deus os confiar, educando-os na fé do Cristo e da Igreja. Isso significa que, ao se unirem pelo sacramento do matrimônio, o casal se abre à vida, cooperando de maneira única na obra da criação[1]. De repente, depois de alguns meses, a esposa diz radiante: “estamos grávidos”! Na prática, como se preparar para a chegada de um filho?
Antes de refletirmos sobre essa preparação, precisamos ter em mente que os filhos são uma grande graça que Deus nos dá. Como pais, aprendemos a nos sacrificar, a amar de verdade, nos libertamos das nossas vontades, aprendemos o real sentido da palavra doação; enfim, ter um filho é se matricular na escola da maturidade e da santidade; é um tempo novo, cheio de descobertas, de dificuldades, mas também de muitas alegrias. Por isso, o primeiro conselho é: não tenha medo, vai dar tudo certo!
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A importância do diálogo no namoro e noivado
A preparação para a paternidade e a maternidade deve começar muito antes da descoberta da gravidez. Quando falamos em paternidade responsável, esse “preparar-se” tem início já no namoro e no noivado, tempo de muito diálogo, onde ambos precisam partilhar suas expectativas com relação aos filhos, seus medos, inseguranças, quantos filhos gostariam de ter… é momento de verdade e autenticidade, pois, ao unirem-se em matrimônio, o casal deve estar consciente também no que diz respeito aos filhos.
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Aprofundar-se no conhecimento sobre a paternidade e a maternidade
Como leigos, precisamos nos formar para bem viver a nossa fé. Por isso, a preparação para a chegada de um filho também passa por essa etapa. Somos chamados a viver a Verdade, por isso precisamos conhecê-la, e não há outro meio que não a formação.
Se queremos nos unir em matrimônio, se desejamos formar uma família, precisamos aprender sobre a paternidade responsável à luz da fé, descobrir qual nossa missão como pais, qual o projeto de Deus para a família. É fundamental a leitura de bons livros sobre educação de filhos, vida conjugal, vivência matrimonial, etc. Busque boas referências e aproveite o tempo do namoro, do noivado e até mesmo do início do casamento para, juntos, crescerem no conhecimento sobre o assunto.
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A importância da oração
Só o diálogo e a formação não são suficientes. Na preparação para a chegada dos filhos é fundamental a oração, a busca de uma espiritualidade sólida. É de extrema importância que o casal busque a oração, o diálogo com Deus. Quando vivemos com qualidade a partilha e o diálogo, passamos a enxergar em nós quais são os nossos medos, as nossas inseguranças e dificuldades, e podemos levar todas essas questões para a nossa vida de oração, a fim de que o Senhor nos capacite com Sua graça e realize em nós as curas necessárias para que possamos assumir e cumprir nossa missão como família: pais e mães.
A oração é essencial; a participação na Santa Missa, momento em que unimos todos os nossos sofrimentos ao sofrimento de Cristo no calvário, fazendo com que tudo aquilo que vivemos se torne um sacrifício agradável a Deus; a oração do santo terço; a adoração ao Santíssimo Sacramento; a súplica ao Espírito Santo; enfim, precisamos ser íntimos de Deus. Os filhos não chegam com um “manual de instruções”, mas como pais, somos capacitados pela graça de Deus, que age em nós iluminando-nos e conduzindo-nos.
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A gestação e seus desafios
O período de gestação é único, e ainda que a mulher engravide várias vezes, uma gestação não será igual à outra. Algumas mulheres sofrem com os enjôos, com as oscilações hormonais e tantos outros fatores, enquanto outras simplesmente passam por esse período sem nenhuma dificuldade. O mais importante nesse momento de preparação é passar por essa experiência na alegria.
O Papa Francisco, em sua Exortação Apostólica “Amoris Laetitia”, diz às mulheres grávidas:
“Cuida da tua alegria, que nada te tire a alegria interior da maternidade. Aquela criança merece a tua alegria. Não permitas que os medos, as preocupações, os comentários alheios ou os problemas apaguem esta felicidade de ser instrumento de Deus para trazer uma nova vida ao mundo. Ocupa-te daquilo que é preciso fazer ou preparar, mas sem obsessões e louva como Maria: ‘A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador. Porque pôs os olhos na humildade da sua serva’ (Lc 1, 46-48). Vive, com sereno entusiasmo, no meio dos teus incômodos e pede ao Senhor que guarde a tua alegria para poderes transmiti-la ao teu filho”[2]
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Grávidos, pai e mãe
Por fim, e não menos importante, é importante lembrar que este tempo de preparação deve também ser vivido pelo pai, pois este possui um papel fundamental neste tempo de gestação, transmitindo segurança à mãe e à criança, ainda em seu ventre.
O pai precisa participar ativamente deste tempo: conversar com o bebê na barriga da mãe, transmitindo-lhe carinho e amor; auxiliar a esposa nos afazeres domésticos; assumir o papel de provedor do lar com seu trabalho; preparar a casa para a chegada do filho, com muita responsabilidade e planejamento financeiro, dentre tantas outras responsabilidades.
Peçamos a Virgem Santíssima e a São José que nos conduzam em nossa missão de pais; recorramos a eles para que nos iluminem nos desafios desta preparação e também para que possamos educar nossos filhos para o céu.
[1] Catecismo da Igreja Católica, §372.
[2] Amoris Laetitia, 171
Allan Oliveira
Consagrado da Comunidade Católica Pantokrator