Como lidar com o fim de um relacionamento?

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Faz mais ou menos 10 anos que venho trabalhando com evangelização de jovens, através do Projeto Juventude Fiel, aqui na Comunidade Pantokrator. Entre tantas atividades que temos neste trabalho, uma delas, em particular, busca levar cura para a sexualidade e afetividade dos jovens, que é o Retiro Raio-X. Neste retiro chegam diversas pessoas, com os mais variados traumas em suas vidas, causados pelos mais diversos motivos. Entre eles, um dos que causa grande impacto em suas vidas, é o fim de um relacionamento.

Muitas vezes, as pessoas já começam um relacionamento com um trauma profundo e o fim dele, dependendo de como é vivido, apenas agrava a dor já existente. Nestes anos servindo no Raio-X, fui percebendo e aprendendo algumas coisas, que podem ajudar a viver o fim de um relacionamento. Vale ressaltar também, que posso dizer que essas coisas ajudam, não só porque ajudei pessoas a viverem isso, mas porque apliquei isso também em minha vida.

O namoro pode ter dado certo, mesmo que vocês não se casem

É muito comum, quando terminamos um relacionamento, ficar com aquela sensação de fracasso, de que o namoro não deu certo. É um sentimento até muito natural, afinal, é bem provável que você queria se casar e o fim do namoro frustra esse desejo. É importante sim, sempre que você estiver em um namoro, que ele seja vivido com a intenção de chegar ao casamento. No entanto, é preciso entender que ter a intenção, não significa ter a obrigação de se casar.

A Grosso modo, o tempo de namoro é um tempo de discernimento, para que os namorados descubram se desejam ou não se casar. E caso descubram que não querem se casar, isso não significa, obrigatoriamente, que este namoro não deu certo. Claro que isso vai depender muito da forma como o namoro foi vivido, se foi um namoro santo e vocês não se casaram, tenho certeza de que muitas coisas deste tempo ajudarão na sua vida, inclusive em relacionamentos futuros.

Viva a tristeza do momento

Isso não quer dizer que estamos proibidos de nos sentirmos tristes com o fim de um relacionamento. Afinal de contas, somos seres humanos e além do sentimento que tínhamos pelo outro, que, na maioria das vezes, leva tempo para passar, também tem os sonhos e planos adiados. Por isso não se iluda, você vai sim passar por certa tristeza com o fim de um relacionamento.

É comum vermos pessoas que assumem uma postura, como se tudo estivesse resolvido, enquanto que, na verdade, estão destruídas por dentro. Esta atitude de reprimir a tristeza, apenas impede uma ótima oportunidade de crescimento pessoal, pois, se bem vivida, a tristeza nos ajuda refletir sobre como vivemos o relacionamento e reconhecer o que poderíamos ter feito de modo diferente.

Com o tempo, tudo passa

É importante, também, ficarmos atentos ao quão rápido buscamos outro relacionamento. Tem um ditado popular que diz: “um novo amor para apagar um antigo”. No entanto, isto está longe de ser verdade. Em especial, se não fomos nós que tivemos a iniciativa do término, fica aquela sensação de vazio, e a tendência é que busquemos preenchê-la. Assim acabamos por nos “apaixonar” por qualquer pessoa que supra essa carência e isso é um prato cheio para uma relação conturbada.

Por isso é importante, após um fim de um relacionamento, dar tempo ao tempo. Deixe o sentimento se acalmar, a tristeza passar e a vida voltar ao normal. É exatamente neste tempo que temos a oportunidade de conseguir viver melhor o tempo de tristeza que falamos no tópico anterior.

Mas tenha atenção. Dar esse tempo a si mesmo, não é se fechar para um relacionamento futuro. Este tempo é importante para que se consiga superar o que for necessário que ficou do relacionamento anterior e um dos sinais de recuperação é seguir em frente.

O que passou, passou

Acho impressionante o número de pessoas, que ao terminarem um namoro, imediatamente se tornam amigos das pessoas que namoravam. Não que isso seja impossível, inclusive se o namoro foi bem vivido, é natural que isso aconteça. Mas se repararmos bem nessas relações de amizades “bem resolvidas” pós- término, vamos ver que existe um grave desequilíbrio.

O que essas pessoas passam a viver é um namoro afetivo, ou seja, elas não são mais de fato namorados, não têm mais o compromisso do namoro, mas têm para com o outro as cobranças próprias de quem namora, e assim vão alimentando suas carências em um grande namoro de mentirinha. Isso é extremamente prejudicial, pois se vive em uma ilusão, alimentando um sentimento que não vai dar em nada.

Por isso é importante que exista um tempo de afastamento entre os dois. Isso não quer dizer que nunca mais poderão conversar, ou, que por estarem afastados, existe um rancor. Mas, como já dito, quando terminamos um relacionamento, ficamos sensíveis em nossa afetividade e ter sempre ao lado a pessoa que provavelmente ainda gostamos, não vai ajudar.

Gostaria que houvesse uma fórmula mágica para ajudar a todos a superar o fim de um relacionamento, mas como disse no começo, cada um carrega algo dentro de si, que leva para suas relações. Assim, cada um precisa buscar autoconhecimento para entender quais são suas particularidades e a forma de lidar com sua afetividade. Mas de modo geral, os pontos abordados aqui são comuns para todas as pessoas e evitam as principais tendências que temos como seres humanos de buscar saciar nossas carências de forma desequilibrada.

Tiago Ferreira Marques
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator 

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