Com a chegada do tempo de festas de fim de ano, os americanos estão prestes a ser atingidos com uma série de anúncios que promovem a “alegria e a sabedoria” do ateísmo.
Quatro organizações nacionais concorrentes que representam correntes de ateus, humanistas e livre pensadores em breve espalharão seu evangelho por meio de propagandas em outdoors, ônibus e trens, e em jornais e revistas.
A mais recente, anunciada na terça-feira em Washington, é a primeira a incluir comerciais na televisão a cabo. Esta campanha justapõe passagens da Bíblia e do Alcorão que são particularmente primitivas, com citações de ateus e humanistas como Albert Einstein e Katharine Hepburn.
Os grupos dizem adotar a estratégia por acreditar que têm um grande e inexplorado exército no país. O percentual de adultos americanos que dizem não ter religião duplicou nas últimas duas décadas, chegando a 15%, de acordo com a Pesquisa de Identificação Religiosa Americana realizada por pesquisadores da Faculdade Trinity em Hartford e lançada em 2008.
Ainda assim, o número de ateus nessas organizações soma apenas alguns milhares. E essa é uma das razões para as campanhas: os grupos estão competindo uns com os outros para ganhar mercado, diz Mark Silk, diretor fundador do Centro para o Estudo da Religião na Vida Pública de Greenberg, que também fica na Faculdade Trinity. “Há um ambiente competitivo para os ’sem religião’ e as organizações estão pegando tudo o que podem”, disse Silk.
Com base na generosidade de alguns ateus ricos, esses grupos são capazes de financiar os esforços para recrutar e organizar uma população que geralmente vive em silêncio.
Annie Laurie Gaylor, co-presidente da Fundação Liberdade de Religião, em Madison, Wisconsin, um dos grupos responsáveis pelas propagandas, disse acreditar que “a única maneira de combater o estigma existente em relação a ateus e agnósticos é as pessoas sentirem que os conhecem, que são seus vizinhos e seus amigos”. “É a mesma estratégia usada para que homossexuais saiam do armário”, comparou.
Marcha
Os líderes dos grupos dizem que estão tentando reunir os secularistas em um momento em que a direita religiosa e os políticos, que classificam os Estados Unidos como uma “nação cristã”, estão em marcha, graças aos resultados das recentes eleições legislativas, quando muitos conservadores religiosos conquistaram cadeiras no Congresso.
Várias campanhas são vendidas não apenas para os não crentes, mas também aos crentes liberais que podem ficar alarmados com as brechas no muro que separa Igreja e Estado. Os grupos ateus acreditam que as pessoas religiosas e politicamente liberais têm mais em comum com os ateus e seculares do que com conservadores religiosos.
“Precisamos denunciar os políticos que alegam que a lei dos Estados Unidos devem ser baseadas na Bíblia e nos Dez Mandamentos”, disse Todd Stiefel, executivo de companhia farmacêutica aposentado, responsável pela maioria da campanha publicitária que cita passagens alarmantes das escrituras. “Não foi com base nelas que criaram o país. Nossos pais fundadores criaram uma democracia secular”.
*Por Laurie Goodstein
Blog Shalom – Carmadélio