Aprenda a realizar uma boa confissão

O Sacramento da confissão é uma das maiores riquezas que nós possuímos na santa e amada Igreja Católica. É um verdadeiro presente de amor dado por Cristo, um auxílio fundamental na nossa busca de salvação e santificação. Apesar disso, é inegável que muitos de nós – seja por desleixo ou por uma fraca catequese – desconhecemos os principais pontos a respeito deste divino remédio.

Este texto não pretende ser uma formação abrangente e completa a respeito do tema, o que nem seria possível em razão do espaço. No entanto, trará as principais informações a respeito do que é a confissão e de como (na prática) se confessar bem. Se te ajudar, encaminhe para seus amigos.

PARA QUE EXISTE A CONFISSÃO?

Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que o sacramento da penitência não é uma estratégia da Igreja para “espionar” as pessoas e ter acesso a informações sigilosas. Também não é um procedimento para suprir a curiosidade de padres ou bispos a respeito dos pecados alheios. Acredite: são muitos os absurdos neste sentido que circulam por aí.

A primeira coisa que precisamos compreender é o básico a respeito da teologia da graça. Funciona mais ou menos assim: nós, seres humanos, fomos criados para viver uma realidade muito superior à nossa natureza, um Céu maravilhoso e inigualável. Mas aí surgem dois problemas: o primeiro é o fato de que nós não somos deuses (e apenas Deus tem direito a esse Céu). Segundo problema: além de não termos direito, nós pecamos contra o próprio Deus.

O restante da história é bastante conhecido: “Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). Ou seja, Deus “quebrou o nosso galho” e aceitou morrer na cruz para pagar pelos nossos pecados e, mais do que isso, para nos dar acesso ao tão sonhado Céu.

Pense na seguinte comparação: uma cidade está bastante doente e vai morrer em poucas horas. De repente, chega um caminhão com o remédio e estaciona no centro da cidade. O alto-falante chama a todos para virem tomar o remédio salvador, mas alguns preferem não sair de casa. Ou seja, a salvação chegou, mas exige que cada um tome posse dela.

Do mesmo modo, a cruz do Nosso Senhor nos garantiu o “remédio” da salvação que a teologia chama de “Graça Santificante”. Todos podem ter acesso se quiserem, mas precisam se aproximar e receber o santo batismo. A partir do momento em que a pessoa é batizada, ela recebe como que um “ingresso divino” para entrar no céu, pois se torna portadora da Graça, mas, uma tragédia pode acontecer, pois, se a pessoa receber o batismo e cair no pecado mortal, ela perde o “ingresso”. 

A Igreja ensina que o batismo só se recebe uma única vez. O que fazer então? Como recuperar essa tão preciosa Graça (que custou tão caro a Jesus)? É aqui que entra a riqueza da confissão.

Em termos bem resumidos, a confissão é o remédio espiritual que nos devolve a Graça Santificante quando ela é perdida. Aliás, quando nos confessamos mesmo sem ter perdido o estado de Graça, essa Graça é fortalecida e nos tornamos mais resistentes às tentações. Que tesouro espetacular!

O QUE EU PRECISO TER PARA ME CONFESSAR?

Em primeiro lugar, evidentemente, eu preciso ser batizado. Afinal, como irei recuperar uma Graça que eu nunca tive? Além disso, eu preciso ter um sacerdote católico devidamente ordenado e com permissão para ministrar os sacramentos. Não importa se a pessoa é bastante santa ou devota: mesmo que fosse Santa Teresinha ou o próprio São Miguel Arcanjo, eles não teriam poder para absolver pecados, mas apenas os padres – por mais miseráveis que sejam.

Para que a minha confissão seja válida, eu preciso indicar ao menos um pecado (seja venial ou mortal). Mas isso não basta: é preciso que eu tenha arrependimento (mesmo que imperfeito) e uma reta intenção de não voltar a cair naquele mesmo pecado. Ora, se eu for confessar um furto pretendendo voltar a praticá-lo já no dia seguinte, essa confissão é obviamente inválida – e até sacrílega. 

Outra coisa que pode invalidar minha confissão é a ocultação voluntária de um pecado grave. Se eu cometi dez pecados graves e confessar apenas nove ao padre (escondendo o décimo de propósito), o sacramento não valeu. É lógico que pode acontecer de a pessoa se esquecer de um pecado. Neste caso, a confissão foi válida e a pessoa precisa mencionar este pecado na próxima vez, buscando novamente o sacramento da confissão o quanto antes, lembrando que nesse caso por ainda estar em pecado grave e tendo consciência do pecado que não foi confessado por esquecimento, não se pode ainda comungar. 

E O QUE EU PRECISO DIZER EXATAMENTE?

Para saber se o pecado é grave, são necessários três requisitos: 1) Precisa ferir um dos dez mandamentos; 2) Precisa ter sido praticado com total liberdade; 3) A pessoa o praticou sabendo que era um pecado. Para facilitar as coisas, existem bons “exames de consciência” pela internet, que são basicamente algumas listas prontas de pecados para nos ajudar a formarmos a nossa própria lista.

Eu aconselho fortemente às pessoas a escreverem (no papel ou no celular) a lista dos pecados, para não se esquecer de nada. 

Diante do padre, o pecado precisa ser dito claramente, ainda que não em todos os detalhes. É necessário também dizer o número de vezes em que se caiu (ao menos de maneira aproximada) e eventuais agravantes, ou seja, informações que possam deixar o pecado mais grave do que já é. Exemplo: uma coisa é ofender uma pessoa na rua; outra coisa é ofender a própria mãe.

Após dizer os pecados, a pessoa ouvirá do padre a fórmula de absolvição (que é necessária, senão o sacramento não valeu!). A partir deste momento – e se a pessoa não escondeu nada e teve uma real contrição pelos pecados –, a Graça Santificante é recuperada e a porta do Céu se abre novamente!

A Igreja obriga que os católicos se confessem no mínimo uma vez ao ano. Mas todos os que encontraram verdadeiramente este tesouro, não se afastam dele por tanto tempo assim.

Que a Virgem Santíssima te ajude a fazer confissões cada vez mais santas!

 

Rafael Aguilar Libório
Consagrado da Comunidade Católica Pantokrator

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