Somos chamados a fazer e ser tantas coisas em nossas vidas: trabalhar, estudar, ser mãe e pai de família. Mas já paramos para pensar como anda nossa missionariedade? Como temos aproveitado todos os momentos para cumprir o pedido que o próprio Jesus nos fez? “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.”
Jesus ordena aos discípulos que anunciem a boa-nova, mas cabe a cada um de nós assumir essa missão de acordo com nossa realidade. O Evangelho necessita ser pregado, e aqui não me refiro apenas àqueles que dão sua vida inteiramente a Deus para uma vida missionária ou aos que vão para um retiro todo final de semana. Falo de cristãos autênticos que compreendem que anunciar a Verdade é uma necessidade e aproveitam todas as situações para dar um testemunho fiel.
Onde está a beleza?
A beleza está onde muitas vezes não olhamos ou não damos importância: ela está na simplicidade, no ordinário do nosso dia. Sabe aquele “bom dia” acompanhado de um sorriso sincero? Isso pode ser um sinal de esperança para alguém que esteja entristecido. Assim como “perder” alguns minutos do nosso dia para ouvir a partilha de um colega de trabalho. Pode não parecer, mas esses gestos são evangelizadores. O seu e o meu modo de agir portam essa beleza.
“A beleza salvará o mundo” e, nesse quesito, a beleza da nossa missão evangelizadora no simples, no ordinário, é que salvará um mundo mergulhado em desesperos.
Como evangelizar de maneira simples?
Não existe uma fórmula, um método ou qualquer outro meio. Existe um desejo: Eu quero anunciar a verdade? Quero ajudar a salvar almas? Estou disposto a sair de mim para ir ao encontro do outro? São perguntas que necessitamos fazer a nós mesmos e ter certeza dentro de nós do que queremos.
Bom, se a resposta para essas perguntas for “sim”, agora partimos para o caminho que devemos traçar. Primeiro, precisamos dar testemunho do que vivemos e não sermos falsos. Ter uma vida de oração é o pontapé inicial para evangelizar. Segundo, é necessário ter uma visão panorâmica dos ambientes que frequentamos. Que tipo de pessoas estão ao nosso redor? O que elas precisam? Terceiro, e mais importante, como se dará minha evangelização?
Veja o que diz o Catecismo da Igreja Católica: “a fidelidade dos batizados é condição primordial para o anúncio do Evangelho e para a missão da Igreja no mundo. Para manifestar diante dos homens a sua força de verdade e irradiação, a mensagem de salvação deve ser autenticada pelo testemunho de vida dos cristãos. O testemunho de vida cristã e as obras realizadas com espírito sobrenatural são meios poderosos para atrair os homens à fé e a Deus” (CIC 2044). A fidelidade é a resposta.
Tudo que fazemos precisa ser com fidelidade: respeitar o outro, chegar pontualmente ao trabalho, pagar suas dívidas, não furar filas, não falar da vida alheia. São coisas simples, mas que exigem de nós. É estarmos atentos e ver o que se pode fazer. Se um colega de trabalho faz o seu serviço malfeito, seremos aqueles que realizam a tarefa com amor. Se em nossas famílias é semeada a discórdia, plantemos a semente da união. Se em tudo respondemos com fidelidade, seremos tão evangelizadores quanto aqueles que atraem multidões.
A vida fraterna e a missão de evangelizar
A forma como agimos com nossos amigos e familiares diz muito sobre o que vivemos, mas também traz o que o cristianismo tem de mais belo: o Amor. A Palavra do Senhor nos diz: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35). Ora, aqueles que estão ao nosso redor poderão provar do que vivemos!
Tertuliano, um pagão ao olhar para os cristãos, escrevia: “Vede como eles se amam!” (Apolog. 39). Isso não é lindo? Não é nítido como tudo em nossa vida, sobretudo em nossos relacionamentos, é uma forma eficaz de evangelizar? Para uma pessoa que não acreditava no Deus Vivo, os discípulos de Cristo deixaram para ele o resumo do Evangelho, não é? Podemos ser evangelizadores eficazes a partir de nossas relações! Por isso, há uma necessidade de conversão se queremos ser católicos autênticos que testemunham com a vida. Somos impelidos a isso.
Semear o amor
“Não foi para sermos heróis que Deus nos congregou, mas para que, na simplicidade do amor por nós sentido e vivido, na fidelidade das pequenas coisas, possamos ser surpreendentes no amar.”
Esse é um trecho da nossa Regra de Vida, que para mim é uma das partes que particularmente mais me chama a atenção. Diante de tudo que aqui foi falado, o amor que é simples é a chave para sermos de fato missionários e cristãos autênticos no mundo sem fazer ou dizer coisas mirabolantes: é simples. A vivência da nossa fé nos fará alcançar almas que jamais imaginaríamos. É semeando o amor que seremos grandes missionários.
O Amor é a resposta. O Amor é que traz a beleza!
Joana D’Arck
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator